Por que será que tantas brasileiras, filipinas, tailandesas, tanta mulher por este mundão aí afora deixa seu país de origem com muito mais facilidade que um homem para acompanhar uma paixão? E por que será que com grande frequência muitos homens vão ao exterior, ou à Internet, e “por acaso” ficam conhecendo uma mulher de uma outra cultura, de um outro país?
Eu mesma já trabalhei numa seção internacional do programa de milhagens da Lufthansa que dá uma idéia das proporções: éramos 50, dos quais 45 eram mulheres estrangeiras aqui na Alemanha, de todos os continentes, o restante eram homens estrangeiros.
Começando pela aparência, logicamente o que foge ao padrão é mais bonito, atrai mais. Tem um sabor de aventura, faz com que a pessoa use mais sua imaginação, sonhe mais. É mais difícil de interpretar, de decifrar, de entender: é misterioso, e por isso acaba prendendo mais.
Por outro lado, acho que o homem tem tido cada vez mais dificuldade de lidar com o sexo oposto. Conheço homens alemães que já afirmaram não querer ter relacionamento com mulheres alemãs, só com estrangeiras. Talvez eles achem as alemãs independentes demais (sobre este ponto escreverei um capítulo à parte !) e acham que a estrangeira vai ser mais fácil de “domar”. Muitas delas, principalmente as que não aprendem a língua do país, ficam literalmente dependentes do parceiro para tudo e acabam virando um misto de donas-de-casa e amantes do marido, verdadeiros artigos de cama e mesa.
A formação pessoal e intelectual de uma pessoa leva décadas. Uma pessoa que se dispõe a vir morar no exterior tem que ter claro em mente que presenciará diariamente choques culturais, mais fortes ou mais brandos, que não acabarão em alguns dias ou meses, mas continuarão a existir mesmo depois de décadas no novo país.
O mesmo ocorrerá com o parceiro, tendencialmente falando. No princípio, a pessoa, a química é o que interessa. Mas com o tempo, será fácil constatar que em muitos pontos as duas pessoas são essencialmente diferentes, ao mesmo tempo em que se constata que a cultura, o meio em que se está é essencialmente diferente do país original. Quanto mais se aprende do país e do parceiro, maior pode ficar a barreira entre os dois. Em geral pode-se afirmar que isto ocorre com todo e qualquer relacionamento, mas no caso de um relacionamento internacional, as barreiras são mais diversas, devido à diversidade cultural das pessoas envolvidas.
Base importantíssima de um relacionamento internacional de sucesso é que tanto o homem quanto a mulher sejam independentes um do outro, tanto financeira quanto psicologicamente; afinal, em todos os sentidos. A mulher deve buscar saber se movimentar o máximo possível, independentemente, dentro do meio onde se encontra, assim como o homem deve procurar não depender da esposa pra comer, se vestir, sair, se divertir… É lógico que um relacionamento é feito de ajuda mútua e cooperação, mas quanto mais o indivíduo for independente, menor a possibilidade dele se apoiar no outro e de perder sua capacidade de se movimentar com suas próprias pernas e decidir com seus próprios meios (erro que pode ser fatal, caso o relacionamento se desmorone mais tarde).
Mas afinal, por que existem muito mais estrangeiras do que estrangeiros aqui, junto do parceiro alemão? Pode ser porque a mulher é mais aventureira, ela aceita com maior facilidade deixar tudo pra trás para seguir um grande amor. Por outro lado, não se pode esquecer que o homem tem, na maioria das vezes, um ganha-pão em seu país, que quase sempre é melhor, monetariamente falando, do que o da mulher. Outro fator importante é que a qualidade de vida (a base para a educação de possíveis filhos, o sistema social, etc.) é maior.
Lógico que existem relacionamentos entre pessoas de origens diferentes, em um mesmo país ou em países diferentes, que dão certo. Um grande pressuposto é que os dois lados se interessem e tentem entender a outra cultura, base da maneira de agir e de pensar do seu parceiro. Outro pressuposto é que, como em todo relacionamento, estas duas pessoas se disponham a aceitar compromissos que façam com que a convivência diária seja algo agradável. Relacionamentos sem estabelecimento de compromissos, em qualquer lugar do mundo, estão fadados ao insucesso.