Alguém aí já parou pra pensar que nós, brasileiros morando no exterior, somos todos representantes do nosso país? Tudo o que somos, como agimos, como tratamos outras pessoas, tudo isso contribui para que o “outro” forme sua imagem do que é ser brasileiro e a combine ou substitua aos seus “pré-conceitos” sobre o Brasil.
Da primeira vez que estive no exterior, participei de um congresso internacional de estudantes reunindo mais de 70 nações no mundo. Ali, as pessoas praticamente não tinham nomes próprios. Se alguém me via e queria falar comigo, gritava: “Brasil! Venha cá por favor!”.
Pois é, cada um de nós é o Brasil no exterior. Fico pensando se o Ronaldo sabe da responsabilidade que leva sobre seus ombros, pois na última Copa do Mundo, quando eu falava que vinha do Brasil, recebia simplesmente a seguinte resposta eufórica, uma associação imediata ao nosso país: “Ronaldo!”.
Ao mesmo tempo em que devemos ter consciência de que somos representantes do nosso país no exterior, não devemos nos esconder atrás de preconceitos ou deixar que nosso título de “estrangeiros” explique porque não chegamos onde queríamos estar, por que não fazemos aquilo que gostaríamos de fazer da nossa vida. Os preconceitos estão aí para serem discutidos e eliminados; as barreiras aparecem para ser quebradas! Ninguém pode determinar para mim onde eu deveria estar e que vida deveria estar vivendo, a não ser eu mesma, logicamente dentro de minhas possibilidades, levando em conta as verdadeiras limitações do meio em que estou inserida e não as que inventei como desculpa para “deixar como está para ver como é que fica”.
A sociedade em que vivemos, quer seja ela brasileira, alemã ou qualquer outra, teima em querer determinar para nós como devemos viver, qual é a maneira natural de uma pessoa existir, como um brasileiro deve ser, o que se espera de um alemão com tantos anos, etc. O que eu quero pra mim? O que me faz feliz? O que devo fazer da minha vida para que, aos 65 anos, olhe pra trás e pense que minha vida valeu muito a pena ser vivida? Estas são as questões básicas que devo colocar pra mim todo dia, lembrando de incluir uma pitadinha do nosso jeitinho brasileiro de ser, carinhoso, amigável, companheiro e solidário, se possível, pra dar mais cor às nossas atitudes diárias, o que faz uma grande diferença.
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