Agora falando de estereótipos: eles são enormes, tanto aqui, quanto no Brasil. Nos meus primeiros anos de Alemanha as perguntas inacreditáveis foram mais freqüentes, do tipo: – De um anestesista: “Você ficou mais clara desde que mora aqui na Alemanha?” – De uma alemã no 1° ano de universidade: “de onde você vem? (do Brasil), “onde fica o Brasil?” (na América Latina), “ah, e você vai pra lá todo final de semana?”- De outros estudantes, que foram comigo ao Brasil: “Lá tem filme para máquina fotográfica?”, “Eu tenho medo de descer do avião e de ser assassinado…” Bom, mas isso foi bem no começo: pois alemão acha que é ser intrometido demais ficar fazendo muitas perguntas sobre as outras pessoas, portanto, em geral, eles perguntam pouco.
Mas acho que os estereótipos mais conhecidos do Brasil (praia, carnaval, mulher bonita, pobreza, futebol, etc.) são os que perduram na cabeça das pessoas e aqui ainda há muita gente que acha que no Brasil se fala espanhol. Mas os brasileiros não ficam devendo nesse quesito não: muitos acham que os alemães são só frios, altos e sem-educação. Quando pensam no alemão no Brasil, vêem aquela imagem do cara da Bavária, tomando aquele copão de cerveja. Alemães que estiveram no Brasil comigo já tiveram que passar por situaçõoes terríveis como ouvir “heil Hitler” como um “oi” e de serem obrigados a ouvir as pessoas falando um português super errado, por acharem que eles entenderiam mais facilmente assim o nosso idioma….
Em termos econômicos, o Brasil continua relativamente insignificante: em termos de área geográfica somos sim, muito grandes. São Paulo, como caso isolado, é uma das maiores cidades no mundo. Mas o Brasil como país, devido à sua imensa desigualdade social, continua sendo um mercado consumidor grande em tamanho, mas relativo em poder econômico. Realmente uma pena!
Aqui na Alemanha, as desigualdades sociais são bem menores. Logicamente existem ricos e pobres, mas o país é formado de uma grande classe média que tem acesso, em média, aos mesmos bens de consumo. Tanto cidadezinhas bem perdidas no mapa quanto as maiores capitais oferecem praticamente a mesma infra-estrutura para seus moradores. A organização e a limpeza são gerais, nos quatro cantos do país. E pessoas que não têm capacidade de se manter pelas próprias pernas são auxiliadas pelo governo recebendo moradia e também o mínimo para viver.
Isso tudo que escrevi não é pra falar que a Alemanha é ótima e o Brasil, uma merda. Muito pelo contrário: afinal, tudo é relativo, nada é absoluto! Mas é pra colocar que eu acredito que no Brasil poderia ser possível que uma grande parte da população tivesse acesso a uma vida mais digna e com maior qualidade de vida. E as gafes existem, aqui e lá!