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::Imperativo e relacionamentos::

30/10/2005

Li um texto neste final de semana dizendo que entre quatro paredes é que as pessoas muitas vezes se mostram como elas realmente são, deixando toda a educação de lado para tratar as pessoas mais chegadas da pior forma. Muitas vezes sem dizer um “por favor”, um “obrigado”, mandando e desmandando na pessoa amada, exigindo, fazendo chantagem… Acho que todo mundo já passou por situações assim, não é mesmo?

Aqui na Alemanha salta aos olhos quantas vezes se diz “por favor” e “obrigado” durante o dia-a-dia. O “por favor” é a “palavra mágica” que as crianças aprendem a dizer desde pequenininhas, para conseguirem o que querem. É tanto “por favor” e “obrigado” que fica até meio automático, como no caso de uma balconista, que passa o dia inteiro cumprimentando os clientes quando entram nas lojas, dizem muitos “por favor” e “obrigado” e ainda desejam um “bom dia”, um “bom final de semana” ou coisa similar para se despedir deles.

Mas algo que me acontece muitas vezes com brasileiros aqui na Alemanha, mesmo no meu caso depois de mais de 10 anos aqui, é tentar pedir algo como pedimos em português, usando o imperativo e só amaciando o tom de voz, “incluindo automaticamente” um “por favor” sem dizê-lo explicitamente. Pois é, sempre me dou mal com isso. Pois em alemão o “por favor” tem que ser dito e se quero pedir algo, tenho que usar outro tempo verbal. Não devo dizer: “faça isso pra mim” (Mach das für mich!) mas sim “você faria isso pra mim por favor?” (Würdest du bitte das für mich machen?).

Se o relacionamento entre pessoas já é complicado, o relacionamento entre sexos opostos é mais ainda e o relacionamento entre duas nacionalidades diferentes, nem se fala. Muitas vezes temos mesmo que aceitar que viemos de planetas diferentes e a maneira de pensar e reagir a coisas e acontecimentos aparentemente banais é muito diferente. Portanto, nós brasileiros temos que dar nossa parcela de contribuição e fazer um esforço da nossa parte, como por exemplo o de evitar usar o imperativo nas frases, para facilitar a comunicação ao máximo e com isso evitar também que toda conversa termine em um mal entendido.

::A Alemanha não é…::

07/10/2005

– Um país onde se pode viver para ganhar dinheiro, encher o pé de meia e voltar pro Brasil “rico e vitorioso”.

– Um país que adora estrangeiros, mas que tem, em geral, grande simpatia pelo jeito de ser dos brasileiros.

– Um país sem burocracia. Muito pelo contrário, a “burro-cracia” deve ter nascido aqui por estas bandas… Apesar de que o Brasil não deixa nada a desejar neste quesito, nao é mesmo?

– Simpática para com clientes. Acostume-se a ser mal tratado com frequência quando for às compras. Não é nada especial com você não, mas é o simples fato de que o alemão pensa que “não nasceu para servir”. Para quebrar o gelo e a onda negativa, tente ser extremamente simpático, pois isso pode ajudar muito e reverter a situação a seu favor.

– Gentil para com crianças. Há poucas opções de creches para crianças pequenas. É difícil encontrar um local para trocar fraldas, em alguns lugares públicos você poderá ter a ligeira impressão de que sua criança está incomodando. Fique e agüente a barra, pois os incomodados é que devem se retirar, correto?!?

– Perto do Brasil! Infelizmente! São muitos mil quilômetros de distância nos separando de nossas famílias e amigos, que mesmo estando conosco dentro de nossos corações e mentes, estão longe de nós fisicamente.

– “Um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”. Não, por mais que teimemos em querer fazer disso aqui o nosso Brasil, não estamos no Brasil e temos que aceitar este simples fato, envolvendo aí tudo e todos que deixamos para trás para estar aqui.

– Desprovida de defeitos ou de corrupção. É um país com seus prós e contras, como qualquer outro país do mundo.

– Fácil! Não é fácil mesmo não… mas vale a pena ser tentada como opção de ser feliz, se ela estiver dentro dos seus planos e dos seus sonhos.


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