Archive for abril \03\+01:00 2007

:: Emigração x imigração::

03/04/2007

Enquanto as perspectivas de conseguir um bom emprego na própria terra estão ruins e tanto a burocracia quanto os impostos continuam altos em terras germânicas, há muitos alemães decidindo deixar o país e ir tentar uma nova vida em outros países, tais como Espanha, EUA, Austrália, etc., todos em busca de uma melhor qualidade de vida. Muitos dos que deixam o país são altamente qualificados e significam sem dúvida uma perda para o país. Outros mostram-se cansados com o estilo de vida daqui, e essa moda já virou até programa semanal de tevê que mostra várias famílias alemãs recomeçando a vida nos quatro cantos do mundo.

Nesse meio tempo, a indústria alemã continua lutando com muitas vagas para trabalho em aberto, principalmente na área tecnológica e de computação, onde muita mão-de-obra capacitada, estrangeira ou não, seria urgentemente necessária, mas as dificuldades burocráticas e as decisões políticas do país não correspondem com as expectativas de quem tem emprego pra oferecer.

Pode-se dizer que a Alemanha, como parte integrante da Comunidade Européia, continua a quebrar a cabeça de várias formas com relação à restrição da entrada de estrangeiros no país. Na semana passada foram decididas novas leis, muitas delas ligadas à entrada de familiares ou futuros familiares. A partir de agora, se uma pessoa de fora da Comunidade Européia quiser vir para a Alemanha para, por exemplo, casar-se aqui, deverá ter no mínimo 18 anos e comprovar que tem conhecimentos mínimos do idioma alemão. Segundo uma reportagem do jornal Stuttgarter Zeitung, seriam necessárias mais de 100 aulas de alemão (cada hora-aula com 45 minutos, custo aqui de aproximadamente 45 euros por aula) para passar no teste. Por um lado, creio que tentam dificultar o casamento de estrangeiro com estrangeiro, por exemplo de turcos que moram no país, que frequentemente casam-se com mulheres vindas da Turquia, sendo que muitas não alcançaram a maioridade à época do casamento e vivem aqui como se ainda estivessem na Turquia, sem o menor contato com a sociedade alemã. Por outro lado, pode ser que com esta regra acreditam que a integração da pessoa aqui poderá ser mais fácil, mais possível. As grandes cidades alemãs estão mesmo ficando multiculturais e o futuro de um país tão multifacetado como a Alemanha de hoje, onde 25% da população é de origem estrangeira, já entrou definitivamente na pauta de discussão dos políticos do país. Em Estugarda moram hoje pessoas de mais de 170 nacionalidades, na cidade de Constança, na fronteira com a Suíça, habitam mais de 140 nacionalidades. Há bairros nas grandes cidades alemãs onde praticamente só moram estrangeiros e escolas onde o alemão já virou o segundo idioma, depois da língua materna de cada aluno. Foi atestada uma ligação intrínseca entre origem, formação escolar e pobreza dentro do país, mas isso é tema para outro texto da coluna.

Fiquei pensando naquele caso clássico da jovem que conheceu um alemão na internet e planeja vir para a Alemanha dentro em breve. Fico pensando nos muitos pares binacionais que se comunicam em outro idioma comum, por exemplo, o inglês. Muitos deles estarão embasbacados com a notícia de que a prova do idioma agora se faz necessária para a obtenção do visto. E aprender alemão, mesmo na era da internet, não deixa de ser um fator “custo”, além do tempo necessário para o aprendizado do idioma. Mesmo para pessoas de fora da Comunidade Européia que queiram estudar aqui, as leis foram também agravadas. E se um estrangeiro aqui se negar a participar de um curso de integração oferecido pelo governo, ele poderá ser enviado de volta para seu país de origem. Pelo jeito a Comunidade Européia, na era do aquecimento global, se fecha cada vez mais em torno de si mesma.

°°°
01.08.12 – Veja também uma nota atual sobre o cartão azul UE e oportunidade de headhunting agenciado por mim neste post.


%d blogueiros gostam disto: