Vamos fazer uma coisa? Só pode comentar quem arrepiar com a Luciana Mello cantando “Simples Desejo”. Outra boa pedida: a música “Borboletas”.
Archive for março \30\+01:00 2009
::Teste de arrepio::
30/03/2009::Exemplos extremos de tratamento ao cliente na Alemanha::
30/03/2009Ontem foi „Verkaufsoffener Sonntag“ aqui na minha cidade. Isso significa que todo o comércio abriu no domingo e eu, que queria comprar umas roupas e não tinha nenhum outro programa cabível para o tempo frio, cinza e chuvoso de ontem, resolvi ir pra cidade com meus filhos. Visitamos primeiro uma loja nova de roupas, que tinha anunciado ter marcas italianas e portuguesas (deduzi que acharia uma calça que coubesse em mim, o que é algo bastante difícil). Bingo! Logo na entrada, me ofereceram uma champagne ou um café, mas como estava com o Daniel e com a Taísa, resolvi não aceitar. A loja tinha até um cantinho com brinquedos para crianças, onde o Daniel ficou quase o tempo todo brincando enquanto eu experimentava algumas roupas. Dei sorte e achei mesmo uma calça que coube perfeitamente em mim, mas teria que mandar ajustar o comprimento dela. Perguntei se faziam esse serviço, ao que a dona da loja afirmou que sim e veio prontamente medir o tamanho correto da calça, se colocando literalmente aos meus pés. Não precisei de pagar nada adiantado e na quarta-feira já posso buscar a calça. Nota pra nova loja de roupas: 10.
Algumas lojas mais pra frente, eu e a Taísa olhamos sapatos e de primeira não achei sapatos no meu número, o menor da parte feminina aqui (36, o que no Brasil é tamanho 35). Uma funcionária da loja veio me ajudar, me levou até o local onde os sapatos do meu tamanho estavam, perguntou se podia ajudar num tom altamente áspero e eu percebi que ela queria que eu escolhesse “voando” o tal do sapato pra ela poder fechar a loja. A movimentação de tira-coloca-fecha-trata-cliente-mal me incomodou e desisti de comprar ou até mesmo de querer olhar algum sapato ali. Deduzi que fossem 6 horas em ponto, e de certa forma até dei um desconto pra vendedora, pois passar o domingo inteiro de pé numa loja é um saco mesmo. Mas fiquei surpresa ao chegar em casa, depois de andar um bom pedaço e dirigir uns 10 minutos: ainda eram 16:45 horas! Nota pra sapataria: 0.
Hoje os meninos não acordaram bem, Taísa estava com dor de garganta e o Daniel estava tossindo um pouco. Como eu já conheço os remédios que eles precisam nesses casos, nem preciso levá-los no médico, mas só dei uma passada lá depois de sair do trabalho pra pedir as receitas, para remédios que são totalmente cobertos pelo meu seguro de saúde. Saindo do pediatra fui para uma farmácia nova que acabou de abrir na cidade. Todos os remédios estavam em estoque, menos o do Daniel, o xarope para tosse. Surpresa total: me perguntaram se eu queria que levassem o remédio hoje de tardinha EM CASA, pois eles têm um sistema de pedido que funciona em algumas horas. Lógico que eu disse que queria sim, expliquei onde ficava exatamente minha campainha e completei que precisava do remédio hoje à noite mesmo, pois era pro meu filho e deveriam por favor tocar na campainha quando fizessem a entrega. Mas confesso que, como boa mineira que sou, não acreditei que esse serviço, que eu até agora não conhecia aqui, iria mesmo dar certo. No finalzinho do dia o interfone toca, eu abro a porta principal, começo a descer a escada e dou de cara com o vendedor da loja, me entregando o remédio em mãos… Fiquei boba e a nova farmácia ganhou uma cliente de carteirinha além da infalível propaganda boca-a-boca. Nota pra farmácia: 10 +.
::Duas dicas de filmes: Der Vorleser & Good Will Hunting::
29/03/2009Eu e a Ceci fomos na sexta ao cinema assistir o fime “Der Vorleser” (O Leitor). Para começar com o nome do filme, acho uma pena que não exista tradução em uma só palavra para o português como no caso do alemão para “aquele que lê para outra pessoa”. Aliás, só em termos de verbos envolvendo a leitura, o alemão realmente mostra sua exatidão:
lesen: ler
vorlesen: ler para outra pessoa
nachlesen: ler de novo
durchlesen: ler por completo
überlesen: ler e não entender uma parte
Mas voltando ao filme, ele é bonito por vários motivos: mostra uma história de amor que sobreviveu às diferenças, ao tempo e ao espaço. Mostra que a linguagem do amor independe daquilo que a sociedade define por “certo”. Por outro lado mostra o poder do preconceito dentro de um contexto histórico, tendo sido rodado no pós Guerra da Alemanha. Uma boa pedida!
Hoje vi na tevê com a família o filme “Good Will Hunting” (Gênio Indomável, de 1997) e gostei muito dele também. Este já é bom pra quem gosta de psicologia e do poder da mente humana. E pra quem gosta de “judô oral” como diz o Matthias, meu marido, que descreve assim pessoas que têm pleno domínio sobre o poder da palavra. Trata-se da estória de um garoto super dotado que aprende a duras penas a descobrir uma razão de ser de sua existência e a entender o que a escritora Susanna Tamaro já dizia há muito: “vá aonde seu coração mandar”. O filme lembra, por último, uma coisa maravilhosa: que amigo verdadeiro é aquele que nos questiona, que nos põe em dúvida. Válida lembrança!
::A verdade sobre a crise::
28/03/2009Eu, da minha parte, já tinha pensado nisso, mas a quantia não estava tão clara assim para mim…
***
Texto atribuído ao Neto, Mentor Muniz Neto, diretor de criação e sócio da Bullet, uma das maiores agências de propaganda do Brasil, sobre a crise mundial.
“Vou fazer um slideshow para você.
Está preparado?
É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas.
Começa com aquelas crianças famintas da África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.
Os slides se sucedem.
Êxodos de populações inteiras.
Gente faminta.
Gente pobre.
Gente sem futuro.
Durante décadas, vimos essas imagens.
No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.
São imagens de miséria que comovem.
São imagens que criam plataformas de governo.
Criam ONGs.
Criam entidades.
Criam movimentos sociais.
A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dóares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo.
Resolver, capicce?
Extinguir.
Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número.
Mas digamos que esteja subestimado. Digamos que seja o dobro.
Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.
Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ONG, lobby ou pressão que resolvesse.
Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia. Bancos e investidores…
::Hoje em Dia dá apoio à Mineirinha::
27/03/2009O Jornal Hoje em Dia tinha gentilmente me apoiado na divulgação do lançamento do livro “Mineirinha n’Alemanha” e eu tinha esquecido de deixar registrado aqui:
Chucrute
Como é a vida na Alemanha, vista sob a perspectiva de uma brasileira? O relato de Sandra Santos (uma mineira, uai!), que inclui o que há de gostoso para saborear e de bonito para se ver por lá, pode ser conferido no livro “Mineirinha n’Alemanha”. O lançamento, seguido de acordes sonoros – samba-rock e jazz, com Karina Libânio é nesta terça no bar Inusitado. O encontro gastro-etílico-musical-literário promete ser tão inusitado quanto ir de trem de Minas pr’Alemanha.
::O que mudou para mim nos últimos 10 anos::
27/03/2009Eu tinha ficado devendo aqui uma lista do que mudou para mim nos últimos 10 anos…
– A minha ordem de prioridades: primeiro saúde/família e beeeeem depois trabalho/carreira.
– Com isso também minha maneira de descrever o que é fazer carreira: é seguir minha vocação, tendo tempo para minha família, amigos e hobbies, sem vender minha alma para o diabo.
– A minha maneira de analisar os homens : hoje em dia, eles só ganham pontos pelo caráter.
– A minha admiração por minha mãe : depois de ter virado eu mesma mãe, passei a admirá-la imensamente mais e a ter um sentimento ainda muito maior de gratidão por ela.
– Minha letra: antes da era da internet eu não conseguia datilografar talvez tão rápido e sem olhar para o teclado, mas em contrapartida eu tinha uma letra maravilhosa. Detalhe: tinha.
– A minha ligação com a natureza e com tudo o que está ao meu redor: antes me julgava “utilizadora” dos meios ao meu redor, hoje em dia me vejo como parte deste meio, nem melhor, nem pior. Só parte.
– Entre mim e Deus não há a necessidade de haver uma igreja ou instituição.
… e queria convidar você a descrever também o que mudou na sua maneira de interpretar a vida. Um exercício interno legal para mim foi pensar nos sentimentos e valores que NÃO mudaram, e isso também é muito bom. Com a palavra, você! 🙂
::Não há um só mingau para todos os gostos::
26/03/2009Hoje fico fascinada com o fato de que há tantos mundos quanto as pessoas diferentes que nele habitam. Eu não vim ao mundo para fazer com que todas as pessoas enxerguem as coisas da mesma maneira, para que todos queiram ou recebam as mesmas coisas, ou para que se tornem as mesmas pessoas. Eu estou aqui para ser EU mesma, para ser aquilo que eu quero ser e permitir que todos os outros sejam aquilo que queiram ser.
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Kein Einheitsbrei
Heute staune ich darüber, dass es so viele verschiedene Welten wie die Welt beobachtende Wesen gibt. Ich bin nicht auf dieser Welt, um die Anschauungen zu vereinheitlichen, damit alle dasselbe wollen, sind und bekommen. Ich bin hier, um ICH zu sein, das zu sein, was ich sein will und allen anderen ebenso zu erlauben, das zu sein, was sie sein wollen.
Mensagem de 24.03.09 recebida através da lista de e-mails da página Die Heilerin (A Curadora).
::Racismo na Alemanha::
26/03/2009As conclusões de um estudo (Jugendliche in Deutschland als Opfer und Täter von Gewalt – Jovens na Alemanha como Vítima e Origem da Violência) encomendado pelo Ministério do Interior e divulgado na última terça-feira, dia 17.03.09, são assustadores e preocupantes. Foi feita uma pesquisa com 20.000 jovens alemães entre 14 e 16 anos, e nela foi constatado que 40,4% tem tendência racista e 2/3 deles (64,5%) concordam total ou parcialmente com a afirmação de que existem estrangeiros demais na Alemanha. 45% deles acham que os estrangeiros que vivem na Alemanha não enriquecem a cultura local. Em geral, os meninos são bem mais racistas do que as meninas. Quanto menor o nível de estudo, maior o preconceito.
Se os jovens alemães têm tendências xenófobas, qual será o nível da xenofobia entre os adultos na Alemanha? É sabido que toda criança nasce sem preconceitos. Somos nós, os pais, que passaremos para a criança o conceito do que é “certo” e do que é “errado”, pois elas aprendem a ver e a interpretar o mundo (até uma determinada idade) através de nossos olhos. Mais tarde, o círculo de amizades e as opiniões das mídias locais, que certamente em grande parte têm aqui uma tendência excludente com relação ao estrangeiro, completam este círculo vicioso.
Mas muito mais importante do que ficar questionando o nível da xenofobia no país, a meu ver, é não se deixar paralisar por este tipo de notícia e buscar maneiras positivas de interagir com a população local. Na troca os preconceitos se vão e a semente da amizade pode ser plantada, crescer e se enraizar neste solo. Hoje por exemplo fui convidada para participar de um fórum chamado “Café del Mundo”, onde pessoas de mente aberta, de qualquer nacionalidade, cidadãs do mundo, discutem sobre os ideais do respeito ao próximo, a outras maneiras de ver o mundo, buscando conhecer-se entre si com o intuito de aprender (e crescer!) conjuntamente. Há várias maneiras como podemos interagir positivamente com o meio onde estamos. E é isso que importa. Que o resultado desta triste pesquisa de hoje não perdure no futuro. A Alemanha de hoje, na qual 25% da população é estrangeira ou de origem estrangeira, já é há muito um país multicultural.
::Ainda sobre a crise::
26/03/2009Tomei um susto ao olhar hoje para um conhecido meu. Em uma semana ele ganhou uma chama enorme de cabelos grisalhos, bem em cima da testa. Uma amiga minha tinha comentado que um amigo dela, ao perder a mãe, ficou com os cabelos grisalhos da noite para o dia. Será que isso é possível?
Mas a razão do meu conhecido é uma e só uma: preocupação com a crise atual. Eu me preocupo também, quem não se preocupa? Mas há um tempo deixei de “arrancar cabelos” por causa da crise. Uma, porque não posso mudar os acontecimentos, mesmo se decidir ficar preocupada dia e noite por causa dela. Outra, porque como brasileira cresci na crise, e não vai ser a primeira crise aqui que vai me imobilizar. Uma razão importante: a natureza! Devagar e sempre a primavera está chegando por estas bandas (se bem que esta semana deu uma esfriada “do capeta”) e como a natureza por aqui no sul da Alemanha é muito, muito, muito bela, prefiro concentrar minha visão em paisagens bonitas, em pessoas bonitas, em pensamentos positivos.
Hoje me veio à mente a idéia de que a crise é um sistema de bola de neve, onde os próximos que sustentariam o mesmo não entraram na fila, como antes esperado. E a bola de neve chegou aqui embaixo e estourou para todos os lados, mostrando que a arrogância humana de achar que tudo sempre cresce, sobe, aumenta, dá lucro, etc. não tem nenhum fundamento.
::Por que cai o número de acidentes de trânsito na Alemanha?::
25/03/2009Scanners, radares, sensores ópticos e câmeras 3D e de infravermelho estão tornando os veículos alemães cada vez menos dependentes dos motoristas. E os números de vítimas no trânsito não param de cair.
Em 1970, 21.332 pessoas morreram em acidentes automobilísticos na Alemanha. O uso de recursos de direção assistida começou no país naquela década com o advento do ABS, que evita o travamento das rodas em freadas. Nos anos seguintes, sistemas como o Adaptive Cruise Control (ACC), que ajusta a velocidade para manter sempre a mesma distância do veículo da frente, tornaram os carros ainda mais seguros.
Hoje, as marcas alemãs exibem dispositivos como o Night Vision, da BMW, que usa câmeras infravermelhas para identificar, à noite, obstáculos potenciais, como pedestres em movimento. A câmera pode detectar formas a mais de 300 metros de distância. Se o computador do carro perceber alguém atravessando a rua e concluir que a situação é perigosa, exibe um alerta (projetado no pára-brisa) pedindo que o motorista desacelere. Mesmo a 100 km/h, ele terá até sete segundos para tomar uma ação evasiva, se for necessário.
O resultado do uso de tanta tecnologia reflete-se nas estatísticas. Em 2008, 4.467 pessoas morreram em acidentes na Alemanha, 80% menos do que em 1970, e o índice mais baixo desde que os levantamentos começaram a ser feitos nos anos 50. Mas os engenheiros não estão satisfeitos e projetam um futuro em que talvez nenhuma intervenção humana seja necessária para conduzir um automóvel.
– Não queremos tirar o prazer das pessoas de dirigir, apenas fornecer informações mais precisas para os motoristas tomarem suas decisões – desconversa o engenheiro Raymond Freymann, da BMW.
Mas a própria BMW já testa um protótipo que dispensa totalmente o motorista. O carro acelera, freia e faz curvas sozinho. Quando chegar ao mercado, talvez os alemães não tenham mais mortes no trânsito para chorar.
Fonte: Zero Hora, Porto Alegre, RS – 23.03.2009
Site: http://zerohora.clicrbs.com.br