Archive for outubro \24\+01:00 2010

::Reportagem da Veja sobre o Sarrazin::

24/10/2010

Em anexo uma reportagem da Veja sobre o livro do Thilo Sarrazin que a leitora Talia teve a bondade de escanear e me enviar por e-mail. Obrigada, Talia! Notem bem no finalzinho um detalhe interessante sobre a ironia do significado do sobrenome Sarrazin, que vem do árabe e significa “muçulmano”…. E quem é que ele combate mesmo? Isso está me cheirando a Hitler!…

Boa semana!

Fonte: reportagem “Uma tese perigosa”, edição da Veja de 15/09/10.

::Verde na plataforma!::

22/10/2010

Olá,

Eu acabei de assinar uma petição para Dilma e Serra participarem de um debate ambiental e acho que você poderia se interessar em participar!

Os quase 20 milhões de votos de Marina Silva dão aos brasileiros a chance de pressionar os candidatos a pensar sobre o meio ambiente. Agora vamos fazer com que eles se comprometam em defender o Código Florestal, agir contra as mudanças climáticas e investir em energia solar e eólica.

Eles precisam saber que milhões de brasileiros querem uma agenda verde para o Brasil. Assine agora clicando aqui.

Obrigada!

::Elektrisches Gefühl – Juli – em português::

19/10/2010

Acho que esta música do grupo alemão Juli é o “pendant“, ainda que mais positivo, pra música do Stromae, a “Alors on Dance“. Fiz a tradução, em um estilo bem livre, e a coloco abaixo pra vocês também poderem curti-la comigo. Uma pena, não achei um vídeo oficial com a música completa no Youtube, mas quem quiser ouvir a música por completo, a encontrará com certeza por aí na internet.

Elektrisches Gefühl

Atemlos und ferngesteuert
Abgestumpft und sorgenschwer
ich bin völlig weggetreten
ich spür mich selbst nicht mehr
ich will aus 15 Metern,
ins kalte Wasser springen
damit ich wieder merk’
das ich am leben bin
Ich geh nach vorne, bis zum Rand
Ich spür mein Herz pulsiert
ich atme ein und lass mich fallen
ich spüre jeden Teil von mir

(Refrain)
Elektrisches Gefühl
ich bin völlig schwerelos
Elektrisches Gefühl
wie beim ersten Atemzug
Elektrisches Gefühl
und die Stimme die mir sagt
heute wird ein guter Tag
…heute wird ein guter Tag…

Auch wenn mich 1000 Sorgen quälen
und sie mich nach unten ziehn
es ist besser loszulassen
als dran kaputt zu gehn
Ich nehme was mir Angst macht
und schreib es auf Papier
ich zünd es an und lass es brennen
ich lass es hinter mir
Alles um mich herum pulsiert
ich spür den Schmerz nicht mehr
Der Boden, die Wand, der Raum vibriert
ich bin wieder unbeschwert

(Refrain)

Alles was dich runter zieht
Alles was dein Herz lahm legt
Lass es los (3x)
Alles was nicht wichtig ist
alles was nicht richtig ist
lass es los (3x)

(Refrain)

Sentimento elétrico

Sem fôlego e controlada por terceiros
Apática e pesada por causa dos problemas
Eu estou perdida
Não consigo mais me sentir
Quero pular de 5 metros,
na água fria
pra que eu perceba
que eu estou viva
Eu vou pra frente, até a beirada
Eu sinto que meu coração está batendo
Eu inspiro e me deixo cair
Eu sinto cada parte de mim

(Refrão)
Sentimento elétrico
Eu estou flutuando completamente
Sentimento elétrico
Como da primeira vez que respirei
Sentimento elétrico
E a voz que me diz
Hoje vai ser um bom dia
… hoje será um bom dia…

Mesmo que 1000 problemas me persigam
E me tirem do sério
É melhor aceitá-los
Do que me matar por eles
Eu pego aquilo que me faz medo
E escrevo num papel
Eu coloco fogo nele e o deixo-o queimar
Eu deixo tudo pra trás
Tudo à minha volta está pulsando
Não estou sentindo mais a dor
O chão, a parede, tudo ao meu redor está vibrando
Tudo está bem novamente

(Refrão)

Tudo o que lhe puxa pra baixo
Tudo o que faz com que seu coração fique parado
Solte tudo isso (3x)
Tudo o que não for importante
Tudo o que não estiver correto
Solte tudo isso (3x)

(Refrão)

::Nota informativa do Consulado-Geral do Brasil em Munique: Assistência Jurídica Gratuita no Brasil::

19/10/2010

A seguinte nota me foi repassada por e-mail pelo DBKV em 18/10/2010:

Se você tem alguma pendência jurídica no Brasil e precisa de um advogado para  tratar do caso perante a Justiça brasileira, convidamo-lo a participar de um projeto piloto desenvolvido em conjunto entre o Ministério das Relações Exteriores e a Defensoria Pública da União.

Em novembro e dezembro de 2010, uma equipe de defensores públicos vinda especialmente do Brasil estará na Alemanha para esclarecer dúvidas da comunidade brasileira sobre a atuação da Defensoria na assistência jurídica gratuita às pessoas que não têm condições de contratar advogado no Brasil. O objetivo final do projeto é a elaboração de uma cartilha informativa sobre as atribuições e possibilidades de acionamento da Defensoria.

Exemplos de situações em que a Defensoria Pública pode prestar auxílio são: homologações de sentenças estrangeiras de divórcio, regularização da guarda de menores e outras questões de direito de família, de direito sucessório ou pedidos de averbações ou retificações em registros civis, benefícios previdenciários (INSS), pendências com órgãos públicos federais, tais como o INSS, Caixa Econômica, Polícia Federal, dentre outros.

Atenção: A Defensoria não pode atuar perante a Justiça alemã. A assistência só se destina, portanto, a casos que só possam ser decididos pela Justiça brasileira.

Se você se encontra nessa situação e tem interesse em tirar dúvidas sobre a possibilidade de assistência da Defensoria Pública, está convidado a comparecer a um dos locais a seguir, onde a equipe de defensores estará à disposição, gratuitamente:

• Dia 25/11: Consulado-Geral do Brasil em Munique
Endereço: Sonnenstraße 31, 4º andar, 80331, Munique
Horário: 17h30
Favor confirmar presença para: munbrcg@t-online.de

• Dia 27/11: Escola Rudolf-Roß (consulado itinerante em Hamburgo)
Endereço: Neustädter Straße 60, 20355, Hamburgo
Horário: 9h30
Favor confirmar presença para: lmoll@brasemberlim.de

• Dia 29/11: Embaixada do Brasil em Berlim
Endereço: Wallstraße 57, 10179, Berlim
Horário: 15h00
Favor confirmar presença para: lmoll@brasemberlim.de

• Dia 01/12: Consulado-Geral do Brasil em Frankfurt am Main
Endereço: Hansaalle 32 a+b, Térreo, 60322, Frankfurt am Main
Horário: 9h00
Favor confirmar presença para: gildo.leao@consbras-frankfurt.de

::Migração na Alemanha e Preconceito contra Estrangeiros::

17/10/2010

As últimas afirmativas do Sarrazin, Seehofer e até da Angela Merkel têm me deixado preocupada. Resolveram colocar a grande ovelha negra da nação, os estrangeiros, novamente em debate, depois do lançamento do livro Deutschland schafft sich ab: Wie wir unser Land aufs Spiel setzen(A Alemanha está acabando consigo própria: como estamos colocando nosso país em risco) e visivelmente pra voltar a atenção da população pra um assunto comum, incomodante, e tirá-la de outros assuntos que significariam uma crítica direta ao governo (p.ex. Stuttgart 21, insatisfação com relação às decisões tomadas pelo governo, etc.). Enquanto o Sarrazin defende que as diferentes “raças” têm, segundo ele, um nível diferente de inteligência e mete o pau nos muçulmanos por seu QI, em sua opinião, inferior, o Seehofer e a Merkel afirmam que a multiculturalidade na Alemanha está falida. Que decepção! Enquanto muitas pessoas participam da discussão sem conhecer fatos, separei aqui e aqui dois grupos de informação importantes e atuais reunidos pela revista “Der Spiegel” pra quem quiser opinar com base na realidade atual: dados sobre o estudo do “Friedrich-Ebert-Stiftung” (que mostra, dentre outros resultados assustadores, que 1/4 da população é contra estrangeiros no país e uma a cada 10 pessoas queria novamente um “Führer” que colocasse a casa em ordem), além de dados sobre a migração na Alemanha, que comprova que atualmente o país está perdendo mais pessoas para o exterior do que recebendo estrangeiros aqui, considerando-se os valores totais de emigração e imigração, o que é um fato alarmante para as empresas daqui em busca de pessoal qualificado… Aguardo seus comentários!

::Stuttgart 21::

14/10/2010

Desde que anunciaram que iriam modernizar a estação ferroviária de Estugarda (Stuttgart), fazendo-a subterrânea, com, dentre outras, a pretensão de criar uma área livre central dentro da cidade, o nome do projeto virou praticamente um palavrão dentro da Alemanha: Stuttgart 21.

De início até achei o projeto interessante, mas depois de tanta exaltação da população e de inúmeras passeatas para evitar o início das obras, assim como um confronto feio com a policia acontecido na semana passada, passei a repensar minha opinião. No confronto, eram jovens, idosos e manifestantes de todas as idades abraçando árvores e querendo impedir que elas fossem cortadas para dar lugar à nova estação ferroviária, de um lado, e do outro a polícia os atacando com jatos d’água, gás lacrimogênio e coisas do tipo. Fiquei sabendo hoje que infelizmente, devido ao ataque severo dos policiais, um senhor ficou praticamente cego dos dois olhos, por ter levado um jato d’água forte neles…

Acho que políticos foram ao poder para representar o povo, e se a maioria parece não gostar do projeto, penso que a consequência lógica é de que ele seja engavetado. No momento anunciaram que estão tentando discutir o projeto através de um mediador, tentando colocar numa “mesma mesa” os que são a favor e contra a realização do mesmo. Também sinto muito que aqui, tal como acontece na Suíça, a população não seja consultada de antemão por meio de plebiscito. Se isso acontecesse, pelo jeito, parece que esse projeto já teria ido pras cucuias. E você, o que acha do projeto e qual é sua opinião pessoal a respeito?

::Eterno Pessoa::

10/10/2010

Recebi da minha prima querida Lilian e não posso deixar passar a oportunidade de guardar aqui:

“Há um tempo em que 
é preciso abandonar 
as roupas usadas, que
já tem a forma do nosso
corpo, e esquecer os nossos
caminhos, que nos levam
sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia e,
se nao ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre,
à margem de nos mesmos.”  

Fernando Pessoa

::Um presentinho que chegou do lado de lá::

09/10/2010

Chegou um presentinho meu do outro lado do mundo e só agora fui descobrir o agradecimento. De nada, que bom que voce gostou do meu livro, Ana! Obrigada pelo post no Rocanna e muito obrigada por tantos anos de amizade virtual!

::Gut gegen Nordwind – dica de literatura em alemão::

09/10/2010

O livro que li nos últimos dias (que na realidade são dois livros em um) e que recomendo é o “Gut gegen Nordwind / Alle sieben Wellen”(Bom Contra o Vento do Norte/A Cada Sete Ondas ou Todas as Sétimas Ondas – o que fica melhor?), do autor Daniel Glattauer. O livro não só é uma ótima dica pra treinar alemão lendo uma boa literatura, mas também muito bom pra essa época do ano, quando começamos a entrar no casulo, no comecinho do frio do outono. É a história fictícia de uma mulher que queria terminar a assinatura de uma revista por e-mail e por causa de uma única letra diferente no endereço de e-mail da editora da revista, ela começa a trocar e-mails com um homem desconhecido. Eu adorei ter lido o livro, já havia anos que nao devorava um livro assim. O último tinha sido “A Papisa”, pois pra mim é difícil me fascinar com literatura não diretamente informativa, pois tenho que me identificar com o estilo do autor, conseguir entrar dentro da cabeça dele e acompanhar sua linha de pensamento, tem que haver uma identificação enorme mesmo pra um livro conseguir me prender. Do contrário, leio 5 livros ao mesmo tempo, um pouco aqui, outro ali. O que adorei foi o romantismo e o amor platônico trasformado em palavras, como antigamente, adaptado ao mundo atual digitalizado e além do mais o fato do autor conseguir pensar como homem e também maravilhosamente como mulher, e como homem apaixonado e mulher apaixonada, mundos tão distintos e tão fascinantes. Fica a dica!

::7a. entrevista com leitores – Ivaldo e Svea::

07/10/2010

No meio do ano passado, ganhei a Svea e o Ivaldo como amigos. Foi meu livro que os trouxe até a mim. A simples existência desta amizade já faz o meu projeto de ter escrito um livro ter 100% de sentido pra mim. Leiam a entrevista e entendam por quê. Antes da leitura, um recadinho sussurrado, bem pertinho no ouvido: o Ivaldo Moreira é cantor e compositor, nascido em Minas e “crescido” em Sampa, e está no momento na Alemanha fazendo sua segunda turnê musical. Dias e horários exatos aqui ou aqui (2a. página do documento). A todos os brasileiros distribuídos pela Alemanha: não percam o show dele! Tenho uma leve impressão de que irão gostar tanto da música que ele faz quanto eu, pois ela sai direto do coração dele pros ouvidos da gente. Abaixo um bocadinho do talento dele, e em seguida a entrevista:


1 – Façam por favor uma apresentação de vocês por vocês mesmos.

Nós nos conhecemos na TV Bandeirantes em SP, onde o Ivaldo era coordenador musical dos programas e eu estava fazendo o meu primeiro estágio em produção de TV. Eu era estudante, mas vivia com a minha máquina fotográfica pra cima e pra baixo, pois sempre gostei muito de fotografar, desde os meus 11 anos de idade, quando a minha avó me deu uma ‘tira-teima’, lembra?

Também sempre tive uma relação muito forte com a música e aí… bem, unimos o útil ao agradável: ele tocava pra mim, eu batia as fotos de divulgação, rolou uma química mais elaborada e aqui estamos bem juntinhos até hoje, 21 anos depois.

2 – Como surgiu a oportunidade de vocês virem em 2009 pra Alemanha, quando nos conhecemos?

Pois é. O sonho de viajar à Alemanha já era bem antigo. Mas aqui no Brasil é mesmo muito difícil conciliar tudo: moradia, lazer, família, profissão, estudo… Então fomos realizando as vontades por partes: primeiro, curtimos a vida a dois e com amigos solteiros, fizemos viagens curtas e baratas. Depois tivemos filhos, começamos as freqüentar o mundo das festinhas infantis, o apê foi ficando apertado… Estava na hora de chamar o caminhão de mudanças pra algo maior.

E aí, só depois de pagar o apartamento onde moramos agora, é que, pela primeira vez (2007), pudemos viajar juntos pra minha ‘terrinha’. Eu já havia ido outras vezes, mas sempre sozinha e para projetos profissionais. Passamos o Natal com a minha prima e suas sobrinhas nos Alpes, fomos a Heidelberg, Bonn/Köln e Berlin. Este é o meu roteiro ‘básico’, pois é onde vivem minha prima e minhas amigas. Da próxima vez, já vou incluir Konstanz, Lindau, Bernau e Paris…

A viagem com toda a família foi uma delícia! Criou vários vínculos e referências que abriram novos caminhos. Um deles, foi a possibilidade do Ivaldo apresentar o seu trabalho musical na Alemanha.

Primeiro, ele se inscreveu na Popkomm, que é uma feira / congresso / festival de música que acontecia todo ano em Berlim. Em cima da hora, a Popkomm foi cancelada, mas já estávamos buscando outras possibilidades por meio da Internet . Assim, depois de vários e-mails e acertos, fechamos uma apresentação em Bonn, outra em Berlim e uma terceira em Konstanz. Esta graças a você, Sandra!


3 – Svea, você nasceu na Alemanha mas foi pro Brasil com um aninho. Conte pra gente como é viver entre dois mundos.

Viver entre dois mundos, é uma coisa um tanto quanto complicada. Principalmente quando o mundo em que você está vivendo pensa culturalmente muito diferente daquele do qual você veio. Entre a Alemanha e o Brasil existem várias diferenças culturais, como: o horário que os filhos têm de ir pra cama e a maneira de impor limites neles; a expressão direta e sincera do alemão, a expressão política e rebuscada do brasileiro (Machado de Assis que o diga!); o jeito reservado do alemão, que quer seu sossego, mas não deixa na mão um amigo; o jeito alegre do brasileiro, que está sempre fazendo novos amigos.

Aqui no Brasil, ainda está impressa a imagem do alemão frio e cruel, representado pelas personagens nazistas dos filmes de Hollywood. Então, muitas vezes sinto um certo preconceito nas pessoas, principalmente em ambientes de trabalho. Por outro lado, sempre sou chamada pra botar ordem na casa. Em pouco tempo, consigo. Mas aí surgem os melindres, tem gente que leva pro lado pessoal, por mais cuidado que eu tenha ao chamar a atenção ou simplesmente dar uma dica. Acho que é uma questão de maturidade, de aceitação da própria imperfeição. O profissional alemão é mais bem resolvido do que a maioria dos profissionais brasileiros em inteligência emocional. Ele separa melhor, não se envolve tanto e é bem mais sincero. E, ao contrário daqui e pela experiência que tive trabalhando com alemães, na Alemanha quem se ofende com uma simples observação, é considerado um ‘Sensibelchen’, alguém cheio de ‘não-me-toques’ e é mal visto pelos colegas.

Também tenho de ser mais dura com os meus filhos do que gostaria, pra conseguir educá-los com os limites que eles precisam pra se tornarem cidadãos éticos e com uma visão de mundo mais social. Muitos pais são liberais demais e a garotada fica muito solta, ganha presentes caros, só usa roupas de marca… Mas pelo que li no seu livro, na Alemanha não deve ser muito diferente, né?

4 – Ivaldo, você vem do interior de Minas e fez sua vida em São Paulo. Como se deu sua ida para Sampa e o que a cidade significa pra você?

No início, sinceramente, eu não tinha a menor pretensão de vir a São Paulo, muito menos de VIVER em São Paulo. Tudo aconteceu porque uma irmã minha tinha se mudado para cá e eu vim para fazer companhia nos primeiros momentos, pois ela tinha dois filhos pequenos e tudo era uma grande aventura numa megalópole como esta.

Eu aproveitei que estava na cidade e fui procurar algumas pessoas e fazer alguns contatos por conta da música. Eu tinha uma recomendação para procurar uma pessoa no SBT, o Paulo Idelfonso, que era um produtor de disco e que estava dirigindo um programa de TV. Na verdade, era um festival de música infantil e eu apresentei duas composições minhas. Logo apareceram candidatos para interpretar as canções e eu acabei me envolvendo mais com o festival; em determinado momento, eles ficaram sem o produtor musical do festival e me perguntaram se eu gostaria de assumir esta função. Daí pra frente, produzi vários programas de TV, sempre trabalhando com música. E em paralelo, investia na minha carreira artística, em que eu continuo bastante focado.

São Paulo é uma cidade com muitas oportunidades, mas que também tem muita concorrência. Cavar um espaço por aqui, é um trabalho árduo. Por outro lado, a cidade abre linques pra outros estados e países, porque tudo vem ou parte de Sampa.

5 – Ivaldo, o que mais te chamou a atenção ao chegar na Alemanha pela 1a. vez?

O que me chamou a atenção logo de cara, foi a funcionalidade existente em diferentes situações que vivenciei. Todas aquelas histórias que escutávamos – e que achávamos que era meio exagero de viajante – de que tudo na Europa funciona como um relógio suíço, foi como que se materializando dentro de mim. Pois para mim era a revelação fiel de que nada daquilo era folclore. As coisas são realmente assim e funcionam sem excessos e sem desperdício… Não quero dizer que seja a perfeição. Mas que impressiona, isso sim… impressiona!!!

6 – O que vocês gostaram mais durante a turnê do ano passado do Ivaldo pela Alemanha? Contem alguns momentos emocionantes pra gente.

Ivaldo: Várias circunstâncias permitiram o sucesso dessa turnê, principalmente pelo ótimo clima de expectativa gerado e correspondido por todas as cidades por onde passamos. O que mais gostei durante a turnê foi a forma carinhosa, o companheirismo e o respeito que tivemos por parte de todas as pessoas que encontramos, que conhecemos e que se esforçavam o máximo pra nos deixar confortáveis e à vontade.
Alguns momentos se tornaram inesquecíveis, emocionantes e, sem dúvida, deixaram muitas saudades. Um deles foi num dia de sol maravilhoso…! Fizemos um passeio num barco movido a energia solar e, portanto, absolutamente silencioso. Ele deslizava suavemente pelo Lago de Constança… Acompanhados de pessoas muito especiais, novos amigos, peguei o meu violão e começamos a cantar: música brasileira, Cat Stevens, REM, Pink Floyd… e nos divertimos com a expressão de felicidade do piloto do barco, contagiado pela nossa alegria… Ah, e a Impéria! Que saudades da Impéria!!! Em meio à correria que é viver em São Paulo, várias vezes nos lembramos deste dia que foi realmente mágico! Pudemos relaxar de verdade, curtir aqueles instantes únicos, com uma tranquilidade que não tínhamos há muito tempo…

Svea: Outro momento que marcou, foi antes de seguirmos viagem a Konstanz. Estávamos hospedados num hotel-restaurante em Weiler, um bairro de Sinsheim, cidadezinha próxima a Heidelberg. A proprietária há dias vinha pedindo pro Ivaldo tocar um pouco e, na última noite, convidamos a minha prima pra jantar conosco ali na ‘Küferschänke’. Ali as mesas laterais ficam dentro de barris gigantes e duas grandes mesas redondas ficam no centro do salão. Após jantarmos, o Ivaldo pegou o violão e começou a cantar. Aos poucos, todos os que estavam ali foram saindo de dentro dos barris pra ouvi-lo mais de pertinho. Assim, a noite foi longa, regada ao bom vinho da casa, com muitos risos, aplausos, ‘saúdes’ e prosts!! Foi bom demais da conta…!

7 – Houve alguma dificuldade para vocês aqui na Alemanha durante a viagem do ano passado?

Ivaldo: Pra mim é muito fácil porque não tenho dificuldade com o idioma – viajo com alguém que fala muito bem o alemão rsrsrsrs… Quando eu estou em alguma situação sem a presença da Svea, eu misturo um pouco (muito pouco mesmo) de alemão com inglês e tento me comunicar com as pessoas… Às vezes aparece um brasileiro, português ou espanhol e a conversa acaba ficando mais fácil… Tirando a parte do idioma, pra entender o resto é só ler o livro da Mineirinha na Alemanha… vai ficar bem mais fácil!

Svea: Dificuldade, não. Mas passei por umas situações engraçadas, como em 2007, quando os meus filhos queriam um sorvete de casquinha. Na sorveteria, havia também a opção servida no potinho e não havia nada escrito, como acontece nas padarias, em que sempre há uma plaquinha embaixo, indicando a ‘espécie’ do pão. Pois bem. Passei um aperto quando fui explicar que era de casquinha – como a gente fala isso em alemão? E o vendedor me olhou como se eu fosse um ET, quando eu pedi: “in diesem Keks da…” Ou seja, nesse biscoito aí… Hoje eu sei que chama ‘Hörnchen’ (chifrinho). Mas… já pensou se aqui no Brasil a gente começar a pedir ‘sorvete no chifrinho’…? rs rs rs

8 – O que vocês levaram na bagagem (de lembranças) aqui da Alemanha?

Momentos deliciosos que vivenciamos aqui e que jamais irão se desfazer ou deixar de existir dentro de nós; reconhecimento e valorização do meu trabalho musical; lugares, cheiros, sensações, visões, situações e – acima de tudo – os amigos, os novos e eternos amigos!

9 – E do que sentem falta lá da terrinha enquanto estiveram aqui, além dos filhos, naturalmente?

Sempre do café, rs… E de vez em quando vinha aquela vontade de comer um prato de arroz, feijão e bife. Principalmente o Ivaldo, acostumado desde criança com o PF tradicional do Brasil. Eu já sou mais radical: se é pra comer feijão, tem de ser logo uma feijoada completa, acompanhada de couve manteiga, mandioca, farofa, caldo de feijão, gomos de laranja, molho de pimenta e – claro! – chopp e caipirinha de cachaça e limão.

Mas do que a gente só se deu conta assim que chegamos em Sampa que fazia falta, foi das nossas padarias! Ah como é bom chegar na padaria do português, seja ele o Sr. Manoel, o Sr. Antonio ou o Sr. José… e pedir um pão com manteiga na chapa fresquinho, acompanhado de um pingado servido no copo de vidro. Aquele bem básico, tradicional…!!! O cheiro do pão fresquinho a qualquer hora do dia, os frios fatiados na hora ao gosto do freguês, aquele brigadeirinho que o filho pede e ganha só pra matar a vontade… Isso não existe na Alemanha. Lá o pão é fresco de manhã, todos iguais em qualquer padaria. Todos os sanduíches e bolos, tortas, doces são idênticos . Não se vê mais o carinho, nem a personalidade do padeiro. Virou um fast food. E pedir um suco de laranja natural, então? Demora uns 40 minutos. E a garçonete arregala o olho quando a gente pergunta se ela esqueceu o pedido…

10 – Svea, como você descobriu a Mineirinha?

Esse negócio de internet tem um dinâmica muito louca: eu estava buscando algumas oportunidades de show na Alemanha e uma pessoa da gravadora do Ivaldo deu como dica o site ‘Viver na Alemanha’. Nele eu vi um link pro livro e, deste link eu fui parar no seu blog. Aí te mandei um e-mail como fiz com vários outros e só você e a Cristina Marques, uma musicista que vive em Stuttgart, me responderam. Aí encomendei o seu livro e fomos trocando e-mails até nos conhecermos pessoalmente em Constança, né?! 🙂

11 – Como foi a experiência de ler o livro a dois?

Ivaldo: Para mim, foi uma feliz constatação. Foi como uma compilação de tudo aquilo que eu e a Svea já havíamos coletado através de papos com amigos e outras pessoas que tinham relações e ou afinidades com a Alemanha e também com o Brasil. Foi como olhar através do prisma de alguém que experimenta o encontro de duas culturas diferentes e quer transmitir fielmente a sua experiência.

Era como se todo aquele contexto discutido e investigado ao sabor de longas e boas conversas de repente se materializasse; estava tudo ali: real e preciso, confirmando com exatidão tudo aquilo que em reflexões particularmente eu, havia imaginado e que soava bastante familiar. Foi uma delícia ler os seus relatos, dicas, histórias etc., escritas com tanta naturalidade!

Svea: E o Ivaldo passou a entender melhor várias das minhas implicâncias! rs rs rs… Eu, que sou alemã mas vivo no Brasil, vi relatadas cenas e reflexões que eu e o Ivaldo vivenciamos em nossa viagem, como a do mau humor dos alemães, o jeito de descascar a laranja do brasileiro (os alemães ficam mesmo boquiabertos!) e certos constrangimentos como a saudação nazista quando sou apresentada como alemã a alguns brasileiros sem noção… A identificação foi total!!! Agora… o que me impressionou foram as opções de parto que você descreve no livro!! Foi uma constatação real de que o alemão vai fundo mesmo.



12 – Quais são os seus próximos planos?

Estamos no comeco da 2a. turnê pela Alemanha, desta vez com mais um músico, o Paulinho de Almeida. Com novo repertório, fotos e vídeos para a divulgação. Tudo comecou com um show em Bonn, que já estava agendado desde o ano passado, que será no dia 15/10/10. Quem quiser marcar mais alguma apresentação na Alemanha, pode falar direto com a gente ou então com essa Mineirinha muito gente boa, que é a Sandra Santos.

13 – Se quiserem deixar um recado para os leitores da Mineirinha, esta é a chance!

Queremos dizer pra vocês que ao entrarem na casa de alguém que vocês ainda não ou pouco conhecem, entendam que ali naquele lugar a vida foi sendo construída com a experiência de fatos e situações que acabaram por definir valores, gestos, atitudes e comportamentos adquiridos como conseqüência do desenrolar das coisas comuns. Por isso é de muito bom tom parar e observar, experimentar antes de definir, comparar e extrair e depois permitir que novas possibilidades sejam incorporadas como adjetivo de crescimento.

Esta é a razão pela qual ler o livro da Mineirinha antes de dar o primeiro passo, é básico; pois, brilhantemente e de forma confiável e fundamentada, ela nos conduz pela porta da frente sem receio de bater joelho com joelho… Ela ensina que basta caminhar e ir descobrindo o prazer de conviver com o novo, o diferente ou com o imprevisto; sem temor, sem preconceito e sem julgamentos infundados. É só seguir em frente e, claro, sorrir com um sorriso de felicidade!!!

Obrigada, Ivaldo e Svea pela amizade e pelo carinho!!!


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