Tinha ido bem perto de Roma há alguns anos, mas não cheguei a conhecer a cidade. Fiquei frustrada e decidi que um dia ia, sim, conhecer Roma, mas iria querer ter uns dias pra ver de perto a cidade.
Isso se resolveu neste Corpus Christi, quando fomos, nós e a irmã do Matthias, além de um de seus filhos e um amigo, conhecer a cidade. Ficamos num camping ótimo, a 9 km do mar e bem pertinho de ônibus do metrô da cidade.
O camping (Fabulous, parte da rede ECVacanze) foi gostoso por várias razões: apesar de vir de cidade grande, sei como é gostoso ter contato com a natureza, e era bom chegar da metrópole e entrar na floresta de pinhos, onde ficava nossa casinha de camping. A casinha era fofa e completa, tinha de tudo, até uma varandinha coberta, e mesmo nas noites frias seu sistema de calefação não nos deixou na mão. Para construir as casinhas, a floresta foi respeitada. Uma das árvores passava no meio da nossa varanda!
Pro Daniel então o lugar foi perfeito. Ele podia jogar bola com o primo e seu amigo, ir na piscina, brincar com os catos do camping ou andar de carrinho antes e depois dos passeios. Pra nós, foi também muito gostoso ficar lendo na varanda ao som do barulhinho das árvores. Descansamos até!
Algumas observações sobre Roma e os caminhos que nos levaram até lá:
– Roma fica mais longe do sul da Alemanha do que se pensa. Na ida, pegamos várias horas de engarrafamento no túnel suíço de São Gotardo e precisamos ao todo de 15 horas de viagem, incluindo todas as paradas. Foi por isso que pegamos o San Bernardino na volta, economizamos algumas horas e vimos paisagens maravilhosas na Suíça, do extremo verão ao extremo inverno, todas as estações num só dia. Fizemos a volta com 12 horas.
– A cidade é linda, mas enorme, onde se concentra a maior parte das obras de arte espalhadas pela Itália. Por isso, haja pés pra caminhar tanto! Mesmo pegando metrô e ônibus, ainda fica muito pra conhecer de S2-pés, ou per pedes. A parte boa é que chegávamos em casa tão acabados que, mesmo sendo uma família coruja e adorando dormir tarde, íamos dormir relativamente cedo pra nós (perto da meia-noite).
– A melhor maneira de ficar móvel na cidade é munir-se de um mapa e de um tíquete combinado para trem e metrô. Com 24 euros para um passe pra semana toda o primeiro problema da mobilidade estava resolvido.
– Os ônibus de Roma são como os do Brasil: passam no ponto na hora que lhes dá na telha. Você vai pro ponto e fica lá, esperando, até o ônibus dar o ar de sua graça. Mas nós até que tivemos muita sorte! Nunca esperamos mais do que uns 15 minutos, ou chegávamos na estação final e o nosso ônibus estava lá esperando pela gente.
Também fizemos um passeio extra para conhecer Roma à noite, que indico. A iluminação da cidade é toda indireta e tudo fica lindo à noite, bem charmoso!
– Eu tenho um Fiat 500 e esperava encontrar muitos por lá. Que nada! O romano adora o SMART, carro que eu tinha antes e também continuo amando. Lá é uma das cidades da Europa onde mais vê-se SMARTs, que são fofos mesmo e combinam com a cidade, suas ruazelas e carros estacionados de todo jeito pelos cantos delas. Aliás, o italiano adora um carro alemão. Vimos muito VW, Audi, Mercedes, BMWs, etc. pelas ruas e rodovias do país.
– Já que estamos falando de direção, o romano, aliás, o italiano dirige muito como o brasileiro, com o diferencial de que eles não conseguem bem definir a faixa em que estão dirigindo. Ficam no meio das duas faixas e não acham que a da direita é pra carros que estão indo mais devagar, nem dão seta quando resolvem escolher uma faixa. Resultado: você pode ser ultrapassado pela direita e tem que tomar cuidado ao transitar pelas ruas, mas isso a gente já conhece do Brasil, né?
– Aliás a Itália tem muito de Brasil, ou o Brasil tem muito da Itália? Vi uma brasileira pechinchando em português com um camelô romano, que respondia em italiano… Quem fala português entende bem o italiano, mas quem fala um pouco de italiano acaba falando inglês. Pelo menos foi o que aconteceu comigo, por ser mais fácil achar as palavras na cabeça.
– A praia pertinho de Roma, cuja cidade se chama Torvaianica, é super parecida também com as praias do Espírito Santo ou da Bahia. Parece que você está chegando numa praia brasileira! A diferença é que a praia fica separada da rua por uma primeira fileira de casas ou de arbustos com flores.
– As romanas têm pés especiais ou passam por um curso especial pra conseguirem andar o tempo todo de sapatos altíssimos sem demonstrar cansaço… E todos são muito bem vestidos! O Matthias comentou que se se esforçassem tanto na economia quanto se esforçam no visual, a Itália não teria problemas econômicos!…
– Os garçons romanos são… indianos! A cidade está lotada deles, trabalhando como garços, camelôs ou vendedores de rua. A taxa de desemprego da Itália não deve ser das melhores, mas não no caso dos indianos, que até entre si conversam falando em italiano.
– Os sorvetes italianos, hummmmm!…. Por eles eu morreria gorda, mas feliz! Na Itália não se conhecem bolas de sorvete, as porções são definidas pelo preço. Primeiro você informa o preço, depois se quer casquinha ou copinho, e depois os sabores desejados. Todos eles são fantásticos, então fica difícil fazer uma escolha!
– O cappuccino da Itália é naturalmente mais gostoso do que o da Alemanha – e bem mais barato. Aliás, pra quem está acostumado com os preços na Alemanha, a Itália é barata. Mesmo no centro de Roma se encontra um bom restaurante pagável, e se eles não estiverem funcionando (têm uma boa pausa entre o almoço e o jantar), as lanchonetes da cidade são também uma boa pedida.
– Se quiser economizar, peça seu cappuccino sem se sentar nas mesas. Sentado, seu pedido pode ser 3-5 vezes mais caro do que em pé!
– Há um tipo de alface diferente lá, o Agreti. Muito gostoso na salada e no espagueti.
– As pizzas de lá são tão finas como no Brasil, ao contrário das pizzas grossas da Alemanha, que são pura massa nas beiradas.
– Achei as frutas e verduras mais gostosas que aqui na Alemanha.
– Quase não há crianças na Itália! Atualmente, o país está com a taxa mais baixa de natalidade da Europa.
– As indústrias de Roma se resumem a escritórios, turismo e moda!
– Na Fontana de Trevi deixará uma moeda, se quiser voltar à Itália, duas moedas, se quiser se casar e três moedas se quiser se separar! As moedas são muitas e toda semana são retiradas para ajudar em projetos sociais.
Leve sempre uma garrafinha de plástico pequena para encher com a água das montanhas em um dos mais de 2.000 bebedouros espalhados pela cidade.
– Se quiser ver o Papa no Vaticano, ele pode ser visto na praça de São Pedro às quartas e domingo às 10:30 horas da manhã. Não se paga nada para entrar na praça, você só tem que abrir sua bolsa para que ela seja revistada.
– Goethe passou 15 meses em Roma e disse, ao deixar a cidade, que são necessárias várias vidas para se conhecer Roma. E acho que ele tem razão!
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