Archive for fevereiro \14\+01:00 2019

::A mulher, o estilo Bauhaus e o movimento #MeToo::

14/02/2019
male and female signage on wall

Foto por Tim Mossholder em Pexels.com

Vira e mexe ouço comentários de brasileiros dizendo que aprender alemão é difícil demais. São muitas regras, inúmeras exceções. A minha resposta pra levantar o ânimo dos meus conterrâneos é sempre a mesma: busque através da língua assuntos que te interessam, coisas que você quer aprender, que te entusiasmam e aquecem seu coração, e logo seu interesse pelo idioma, como meio, e não como fim, irá crescer vertiginosamente!

Uma dica pra quem se interessa por cinema, documentário, história ou arquitetura alemã, ou tudo isso junto, é o filme que acabei de assistir hoje à noite: Lotte am Bauhaus (Lotte na Bauhaus), que fala de uma personagem fictícia, inspirada em uma mulher que realmente estudou na escola de arte e design Bauhaus chamada Alma Siedhoff-Buscher, cujo estilo que ela ajudou a propagar completa neste ano 100 anos de existência. O Manifesto de 1919 prometia que na universidade Bauhaus todos poderiam estudar, independente de sexo ou idade, e seria selecionado segundo seu talento, tendo os mesmos direitos e deveres, e com isso a Bauhaus propunha não só um conjunto de matérias ligadas à expressão artística, mas também um novo modo de ver e de encarar a sociedade. Através da ficção, o filme mostra que a Bauhaus era mais do que uma escola de arte, era um meio de expressão onde homens e mulheres deveriam ter os mesmos direitos. Esse estilo, que ainda hoje é visto como moderno, minimalista, funcional, com linhas claras e futuristas, abriu portas e fez uma homenagem às muitas mulheres designers que passaram por esta universidade e que transportaram o estilo Bauhaus para o mundo externo, mas acabaram caindo no esquecimento. Muitas vezes, mulheres queriam seguir seus talentos, mas não podiam por impedimento da sociedade, e para outras o caminho da arte e do design entrava em detrimento por imposição social assim que elas se tornavam mães. Naquela época, assim como ainda hoje, poucas conseguem levar a vida pessoal e profissional com equilíbrio. Alguns dos nomes de mulheres que não podem cair no esquecimento, quando se fala no estilo Bauhaus, são: Alma Siedhoff-Buscher, Marianne Brandt, Gunta Stölzl, Anni Albers, Friedl Dicker-Brandeis, Ise Frank (a esposa do fundador da escola, Walter Gropius), Ilse Fehling, Lucia Moholy, Gertrud Grunow, Ida Kerkovius, Ré Soupault, Katt Both, Lotte Stam-Beese, Kitty van de Mijll Dekker, Michiko Yamawaki, Lilly Reich…

Pra não contar muito da trama, comento ainda que logo depois assisti também um documentário sobre Bauhaus e as Mulheres, chamado Frauen am Bauhaus, tudo na ARD, e aprendi muito sobre o estilo artístico Bauhaus, as mulheres que o marcaram e mais um pouco da História alemã.

Fica a dica!

P.S.- Aqui um dos muitos artigos que adorei ter lido como inspiração para este texto, uma entrevista de Jane Revedin com Doris Schäfer-Noske sobre as mulheres que marcaram o estilo Bauhaus, e por que elas praticamente acabaram caindo no esquecimento. Aqui um outro artigo interessantíssimo, comparando a reação masculina aos avanços femininos na e através da escola Bauhaus com o debate da atualidade do #MeToo. Há muito por descobrir, vamos à leitura! 


%d blogueiros gostam disto: