
Participei no sábado passado, dia 07/03/15, pela segundo ano consecutivo, do evento em comemoração ao Dia Internacional da Mulher em Augsburgo, organizado pela escritora brasileira infanto-juvenil e Embaixadora da Paz Alexandra Magalhães Zeiner. O tema desta vez era Mulheres pela Paz.
Enquanto as crianças se divertiam com atividades recreativas, o chefe do Departamento de Meio Ambiente, Integração e Intercultura, Reiner Erben, representante da cidade de Augsburgo, explicou que há 365 anos comemora-se naquela cidade da Baviera a Festa da Paz (Friendensfest). De acordo com a programação enviada pela curadora do evento, dentre as grandes cidades alemãs, somente em Augsburgo existe um feriado para festejos sobre a PAZ! Assim em 2015 este foi o tema escolhido para celebrar o Dia Internacional da Mulher: Mulheres pela Paz – Frauen für den Frieden. Apresentaҫões e exposições sobre o tema escolhido fizeram parte do programa, com a presenҫa de mulheres, crianças e também de alguns homens, de escritoras vivendo em várias partes do mundo e de associações internacionais que divulgam a cultura brasileira no exterior.
Um dia antes, 06/03/15, as celebraҫões tinham sido iniciadas com um Sarau da Paz, que ocorreu na biblioteca municipal de Göggingen, onde artistas e escritores convidados apresentaram seus trabalhos para a comunidade local. Infelizmente não pude estar presente a este evento, mas ouvi dizer que tinha sido um sucesso.
No evento do sábado passado, enquanto as crianças presentes se divertiam com atividades recreativas, a escritora e embaixadora do Panamá na Áustria, Gloria Young, falou tão bem do papel da mulher latino-americana, as conquistas políticas, comentando que atualmente quatro mulheres ocupam os cargos de presidência em seus países latino-americanos e também citando vários exemplos de movimentos sociais liderados por mulheres. Ela deixou bem claro que a busca por participação social não deve ficar na cúpula do poder, mas deve ser buscada a cada dia, no local onde a mulher se encontra inserida. Já a terceira palestrante, Rosemarie Mantel, professora de música clássica em Augsburgo, falou sobre o tema Artes e Paz interior. Ela citou o exemplo de sua mãe, que cresceu em uma família erudita, que tocava piano e fazia saraus de literatura e música, quando a Segunda Guerra a fez ter que recomeçar uma nova vida em uma pequena cidade da região de Allgäu, naquela época já com sua própria família de 7 cabeças, afirmando que o fato de ela ter mantido o hábito de tocar piano a fazia ter consciência da necessidade de ter, a cada dia, um momento reservado só para si, quando ela recarregava as baterias, não tinha que se ocupar em dar desculpas por não estar cuidando de outra coisa que não dela mesma como ser humano, e do hábito permitir que a família respeitasse seu limite auto-imposto na busca da paz interior.
Depois da pausa, onde saboreamos vários salgadinhos brasileiros feitos pela também mineira Marlice Boese, que por sinal estavam muito gostosos, tivemos três mesas de discussão, a saber:
– Artes e Paz (Marcia Mar, atriz e escritora, de Londres);
– Educaҫão (Casa Brasil de Lichtenstein e a Imbradiva de Frankfurt);
– Empreendedoras (Rosani Erhart Schlabitz, de Munique).
Escolhi o tema da Educação e achei muito interessante a discussão tomada na nossa mesa. A intenção era analisar qual era o papel da educação na busca da paz, não só a paz na sociedade, mas também a paz interior. No final, chegamos a uma conclusão bonita, que fechou bem nosso dia: toda mulher precisa do seu próprio “piano”, de algo que a descanse, seja só dela, onde ela possa recarregar as baterias e se permita estar só consigo mesma, sem culpa. Quem se dá esta permissão, está em paz consigo mesmo, e por consequência, estará apto a buscar a paz a um nível mais amplo.
Eu acabei demorando alguns dias para escrever este texto, e por coincidência ganhei hoje um presente com relação ao meu “piano” principal, a escrita e leitura, que combina bastante com o tema do evento. Uma leitora, a Keila, deixou uma mensagem linda, que me honrou muito, e que pra mim é um verdadeiro presente de final do dia:
“…Querida Sandra, por favor um pão de queijo e uma xícara de café 🙂 Obrigada!!!! Não existe expressão maior que eu possa começar esse comentário, que não seja: Muito obrigada!
Seu livro esteve comigo durante alguns meses, recebi, e o guardei em minha gaveta, porque atualmente tenho algumas prioridades estabelecidas, dentre elas, renovar em mim o hábito da leitura. Tenho 3 filhos, a rotina de mãe integral não me permite tanto tempo à minha própria disposição, a maternidade é algo muito sério pra mim. Mas confesso que sinto falta de um mundo particular, por algumas vezes. Por essa razão, estou reorganizando minha rotina, tentando redescobrir como posso ser um pouco de mim, mesmo após 3 filhos na Alemanha. Foi nesse processo, que fiz um desafio particular, comigo mesma de ler e escrever, como fazia antes do casamento e tantas mudanças que aconteceram em mim após embarcar pra Alemanha. Nessa busca por tempo, finalmente consegui abrir minha gaveta, que guarda algumas de minhas prioridades como leitura. Nessa semana na segunda-feira, comecei com você. Em cada página, a leitura se tornava mais e mais convidativa, e emocionante, porque ler sempre fez parte de mim, mas hoje minhas prioridades estão direcionadas quase que totalmente aos filhos. Lamentavelmente, li seu livro em pouco menos que 24 horas, foi incontrolável não se emocionar contigo, e mesmo comigo por ler e ter um tempo pra si outra vez. Que venham mais livros, mais capítulos em forma de mais páginas, porque sua linguagem singela, alcança de forma única o coração do leitor. Um abraço de uma manauara na Alemanha, Keila”
Não é linda esta mensagem? E foi um sentimento parecido que tive como escritora durante o evento do sábado passado. Vendi e troquei todos os livros que levei, vendi até livro a mais do que tinha levado, sobraram comigo só as propostas de capas para meus próximos livros que tinha levado para mostrar no evento, conheci outras escritoras lindas, recebi convites para apresentar meu livro em Frankfurt, com a Imbradiva, e em Lichtenstein, com a Casa Brasil. Foi muito proveitoso mesmo! Conheci e revi muita gente fina. Como num momento mágico, ouvi de relance o nome de uma cidade mineira onde tenho família, Ipatinga. Comentei que tenho família lá, no Horto, uma prima tem uma floricultura, meus primos são dentistas. E qual não foi minha surpresa quando a Polliana perguntou se a Denise era minha prima! Achei no meio da Alemanha uma amigona da minha super amigona-prima Dê! Não é incrível?!? Tiramos uma foto juntas e mandamos pra ela conferir!… O dia continuou com coincidências porque comprei uma revista qualquer pra ler e dei de cara com um dos melhores artigos que já li sobre a busca do eu interior, e portanto da paz interior. Eu e Daniel encontramos na viagem de volta com algumas famílias que tinham vindo nos mesmos trens para Augsburgo, agora esperando pelo mesmo trem que nos levaria de volta para casa. Dentro do último trem, a última supresa do dia: dentre tantos vagões, caímos por acaso em um onde duas brasileiras estavam ao nosso lado, que logicamente conheciam alguém que eu conheço… O mundo é um ovo. A paz pode estar em todo lugar, mas tem que ser buscada, com afinco e dedicação, todo dia, o tempo todo.
Alexandra, muito obrigada novamente pelo convite! Já estou feliz hoje pelo evento do ano que vem!
P.S.-Quem tiver ficado curioso sobre o evento, pode dar uma passada na página da Mineirinha n’Alemanha no Facebook e dar uma olhada nas fotos.
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