Posts Tagged ‘enchente’

::Frio na barriga e arrepio interno…::

19/01/2011

…passando por todo o corpo. O governo brasileiro lança sistema de alerta (para áreas sob risco de deslizamento e ameaçadas por inundaçãos), e o detahe é que esse sistema já deveria estar pronto desde 2005, segundo acordo do Brasil e de outros 167 países perante a ONU. Segundo a reportagem de hoje do Estadão, o governo Dilma pretende, até o final do mandato, cobrir 80% das áreas afetadas. Quer dizer então que a lista das maiores enchentes e dos recordes de números de mortos e desabrigados constantes ali são só cenas para os próximos capítulos? Assistiremos a novos deslizamentos, mais mortos, mais desabrigados, ano após ano, tudo porque políticos não cumprem seu dever em posto público?!? Estou de luto interno pelos seres humanos que são movidos pela força do dinheiro, da ganância, do mal. Outra notícia bem triste aqui. Como será que essas pessoas se vêem no espelho? O que será que elas vêem, quando olham para o espelho? Como será que elas se sentem quando fecham os olhos e tentam pegar no sono à noite?

Fonte: Reportagem do Estadão de 18.01.2011, outra reportagem do mesmo jornal de 17.01.2011.

::Reportagem da revista alemã “Der Spiegel” sobre as causas da enchente em Teresópolis::

15/01/2011

Traduzo uma pequena parte da reportagem da revista “Der Spiegel” de Jens Glüsing de 15.01.11:

Zehntausende Menschen haben sich allein in Teresópolis in den vergangenen Jahren neu angesiedelt: Die Reichen aus Rio kauften teure Grundstücke in den Flusstälern, weil sie hier eine Zuflucht vor dem Stress und der Hitze der Großstadt fanden. Die Armen bauten oben an den Hängen ihre Hütten, weil die Reichen neue Jobs nach Teresópolis brachten: Sie brauchen Gärtner, Putzfrauen, Hausmeister, Kindermädchen und Köche.

Die Behörden haben der grenzenlosen Bauwut keinen Einhalt geboten: Die Reichen sind zu mächtig und die Armen zu zahlreich. Die Natur hat sich jetzt an beiden gerächt.
°°°
Muitas 10.000 pessoas tinham ocupado a cidade de Teresópolis nos últimos anos: os ricos do Rio compraram lotes caros nos vales dos rios, porque ali eles conseguiam fugir do estresse e do calor da cidade grande. Os pobres construíram suas casas nas favelas das montanhas à sua volta, porque os ricos trouxeram novos empregos para Teresópolis: eles precisavam de jardineiros, empregadas domésticas, zeladores, pessoas para tomar conta de suas crianças e de cozinheiros.

Os órgãos governamentais não conseguiram colocar ordem na construção descontrolada que assolou a região: os ricos são poderosos demais e os pobres são numerosos. A natureza acertou as contas com ambos.

::Ajuda humanitária para o Rio::

14/01/2011

O desastre na região serrana do Rio nos últimos dias está sendo visto pela Folha como o maior desastre natural no país envolvendo chuvas. Em decorrência de fortes tempestades e deslizamentos de terra, a tragédia já contabiliza 520 613 mortos.

Nota informativa do Consulado-Geral do Brasil em Munique:

Tendo em vista o desastre ambiental que atingiu três Municípios do Estado do Rio de Janeiro, com a ocorrência de 267 mortes registradas até a manhã do dia 13 de janeiro de 2011, e a devastação de grande parte da infraestrutura das cidades de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis, informamos os dados das seguintes contas bancárias, abertas por aquelas Prefeituras especialmente para recepção de ajuda humanitária aos atingidos pelas enchentes:

SOS Teresópolis – Donativos
Banco do Brasil
Agência: 0741-2
C/C: 110000-9
CNPJ – 29.138.369/0001-47

SOS Teresópolis – Donativos
Caixa Econômica Federal
Agência: 4146
C/C: 2011-1
CNPJ – 29.138.369/0001-47

Prefeitura de Nova Friburgo
Banco: Banco do Brasil
Agência: 0335-2
Conta: 120.000-3

Defesa Civil – RJ
Banco: Caixa Econômica Federal
Agência: 0199
Operação: 006
Conta: 2011-0

Viva Rio (organização não-governamental)
Banco: Banco do Brasil
Agência:1769-8
Conta-corrente: 411396-9
CNPJ: 00343941/0001-28

Atenciosamente,

Consulado-Geral do Brasil em Munique
Sonnenstrasse 31
Telefon: (089) 21 03 76-0
Telefax: (089) 29 16 07 68
E-mail: munbrcg@t-online.de
http://www.consulado-geral-do-brasil.de

°°°

Nota minha: A Folha indica outras formas de doação. Confira aqui. Se cada um de nós ajudar um pouquinho, e pedir pros amigos ajudarem também, faremos uma corrente de solidariedade! Veja imagens do desastre p.ex. no YouTube e fique boquiaberta com a intensidade do desastre…. 😦

::Movimento blog voluntário::

02/12/2008

O Portal Voluntários Online fez uma seção especial para receber pessoas do Brasil inteiro que estão dispostas a ajudar, mas não sabem direito como. Lá tem todas as informações necessárias e detalhadas do que cada cidade precisa, além de vagas para voluntariado online e presencial.

Esse email é para convidar todos que participaram do Movimento Blog Voluntário a agora a divulgar essas informações a quem conhece. Você pode criar um post, enviar emails, “twittar”, enfim, o importante é fazer essa mensagem chegar até quem quer ajudar.

Para mais informações acesse estas páginas:

Todas as informações sobre como ajudar nas enchentes

Semana Brasil Voluntário

Vagas para Voluntários Online.

Repetindo, as contas que a Defesa Civil de Santa Catarina abriu especialmente para receber doações: no Banco do Brasil (conta 80.000-7, agência 3582-3) ou no Banco do Estado de Santa Catarina (conta 80.000-0, agência 068-0).

Por uma coincidência do destino, a tragédia em SC aconteceu quase que simultaneamente ao ataque terrorista de Mumbai, e com isso muitas pessoas pelo mundo ficaram sem saber do acontecido e não estão participando da corrente de ajuda. Participe você! Cada contribuição, por ínfima que for, vale a pena. A união faz a força!

::O sol saiu em Itajaí-SC::

01/12/2008

Recebi por e-mail e não posso deixar de publicar e passar pra frente:

***

Mensagem que recebi de SC, sobre a enchente, a degradação e a beleza humanas e a vida, em Itajaí e em outros lugares…

Meus amigos,

Hoje 27 de novembro de 2008 o sol saiu e conseguimos voltar a trabalhar. A despeito de brincadeiras e comentários espirituosos normais sobre esta “folga forçada” a verdade é que nunca me senti tão feliz de voltar ao trabalho. Não somente pelo trabalho, pela instituição e pela própria tranquilidade de ter onde ganhar o pão, mas também por ser um sinal de que a vida está voltando ao normal aqui na nossa Itajaí.

As fotos que circulam na internet e os telejornais já nos dão as imagens claras de tudo que aconteceu então não vou me estender narrando e descrevendo as cenas vistas nestes dias. Todos vocês já sabem de cor. Eu quero mesmo é falar sobre lições aprendidas.

Por mais que teorias e leituras mil nos falem sobre isso ainda é surpreendente presenciar como uma tragédia desse porte pode fazer aflorar no ser humano os sentimentos mais nobres e os seus instintos mais primitivos. As cenas e situações vividas neste final de semana prolongado em Itajaí nos fizeram chorar de alegria, raiva, tristeza e impotência. Fizeram-nos perder a fé no ser humano num segundo, para recuperar-la no seguinte. Fez-nos ver que sempre alguém se aproveitará da desgraça alheia, mas que também é mais fácil começar de novo quando todos se dão as mãos.

Que aquela entidade superior que cada um acredita (Deus, Alá, Buda, GADU etc.) e da forma que cada um a concebe tenha piedade daqueles:
– Que se aproveitaram a situação para fazer saques em supermercados, levando principalmente bebidas e cigarros;
– Que saquearam uma farmácia levando medicamentos controlados, equipamentos e cofres, destruindo os produtos de primeira necessidade que ficaram assim como a estrutura física da mesma;
– Que pediam 5 reais por um litro de água mineral;
– Que chegaram a pedir 150 reais por um botijão de gás;
– Que foram pedir donativos de água e alimentos nas áreas secas para vender nas áreas alagadas;
– Que foram comer e pegar roupas nos centros de triagem mesmo não tendo suas casas atingidas;
– Que esperaram as pessoas saírem das suas casas para roubarem o que restava;
– Que fizeram pessoas dormir em telhados e lajes com frio e fome para não ter suas casas saqueadas;
– Que não sentiram preocupação por ninguém; algo está errado em seu coração;
– Que simplesmente fizeram de conta que nada acontecia, por estarem em áreas secas.

Da mesma forma, que essa mesma entidade superior abençoe:
– Aqueles que atenderam ao chamado das rádios e se apresentaram no domingo no quartel dos bombeiros para ajudar de qualquer forma;
– Os bombeiros que tiveram paciência com a gente no quartel para nos instruir e nos orientar nas atividades que devíamos desenvolver;
– A turma das lanchas, os donos das lanchinhas de pescarias de fim de semana que rapidamente trouxeram seus barquinhos nas suas carretas e fizeram tanta diferença;
– À equipe da lancha, gente sensacional que parecia que nos conhecíamos de toda uma vida;
– Aos soldados do exército do Paraná e do Rio Grande do Sul;
– Aos bravos gaúchos, tantas vezes vitimas de nossas brincadeiras que trouxeram caminhões e caminhões de mantimentos;
– Aos cadetes da Academia da Polícia Militar que ainda em formação se portaram com veteranos;
– Aos Bombeiros e Policias locais que resgataram, cuidaram, orientaram e auxiliaram de todas as formas, muitas vezes com as suas próprias casas embaixo das águas;
– Aos Médicos Voluntários;
– Às enfermeiras Voluntárias;
– Aos bombeiros do Paraná que trabalharam ombro a ombro com os nossos;
– Aos Helicópteros da Aeronáutica e Exercito que fizeram os resgates nos locais de difícil acesso;
– Aos incansáveis do SAMU e das ambulâncias em geral, que não tiveram tempo nem pra respirar;
– Ao pessoal do Helicóptero da Polícia Militar de São Paulo, que mostrou que longo é o braço da solidariedade;
– Ao pessoal das rádios que manteve a população informada e manteve a esperança de quem estava isolado em casa;
– Aos estudantes que emprestaram seus físicos para carregar e descarregar caminhões nos centros de triagem;
– Às pessoas que cozinharam para milhares de estranhos;
– Ao empresário que não se identificou e entregou mais de mil marmitex no centro de triagem;
– A todos que doaram nem que seja uma peça de roupa;
– A todos que serviram nem que seja um copo de água a quem precisou;
– A todos que oraram por todos;
– Ao Brasil todo, que chorou nossos mortos e nossas perdas;
– Aos novos amigos que fiz no centro de triagem, na segunda-feira;
– A todos aqueles que me ligaram preocupado
s com a gente;
– A todos aqueles que ainda se preocupam por alguém;
– A todos aqueles que fizeram algo, mas eu não sou
be ou esqueci.

Há alguns anos, numa grande enchente na Argentina um anônimo escreveu isto:

COMEÇAR DE NOVO

Eu tinha medo da escuridão
Até que as noites se fizeram longas e sem luz
Eu não resistia ao frio facilmente
Até passar a noite molhado numa laje
Eu tinha medo dos mortos
Até ter que dormir num cemitério
Eu tinha rejeição por quem era de Buenos Aires
Até que me deram abrigo e alimento
Eu tinha aversão a Judeus
Até darem remédios aos meus filhos
Eu adorava exibir a minha nova jaqueta
Até dar ela a um garoto com hipotermia
Eu escolhia cuidadosamente a minha comida
Até que tive fome
Eu desconfiava da pele escura
Até que um braço forte me tirou da água
Eu achava que tinha visto muita coisa
Até ver meu povo perambulando sem rumo pelas ruas
Eu não gostava do cachorro do meu vizinho
Até naquela noite eu o ouvir ganir até se afogar
Eu não lembrava os idosos
Até participar dos resgates
Eu não sabia cozinhar
Até ter na minha frente uma panela com arroz e crianças com fome
Eu achava que a minha casa era mais importante que as outras
Até ver todas cobertas pelas águas
Eu tinha orgulho do meu nome e sobrenome
Até a gente se tornar todos seres anônimos
Eu não ouvia rádio
Até ser ela que manteve a minha energia
Eu criticava a bagunça dos estudantes
Até que eles, às centenas, me estenderam suas mãos solidárias
Eu tinha segurança absoluta de como seriam meus próximos anos
Agora nem tanto
Eu vivia numa comunidade com uma classe política
Mas agora espero que a correnteza tenha levado embora
Eu não lembrava o nome de todos os estados
Agora guardo cada um no coração
Eu não tinha boa memória
Talvez por isso eu não lembre de todo mundo
Mas terei mesmo assim o que me resta de vida para agradecer a todos
Eu não te conhecia
Agora você é meu irmão
Tínhamos um rio
Agora somos parte dele
É de manhã, já saiu o sol e não faz tanto frio
Graças a Deus
Vamos começar de novo.

(Anônimo)

É hora de recomeçar, e talvez seja hora de recomeçar não só materialmente. Talvez seja uma boa oportunidade de renascer, de se reinventar e de crescer como ser humano.
Pelo menos é a minha hora, acredito.
Que Deus abençoe a todos.

Luis Fernando Gigena


%d blogueiros gostam disto: