A palestra na UFMG foi o maior barato, ainda mais porque a platéia era numerosa e estava muito interessada. O prof. Dr. Élcio Cornelsen teve a gentileza de falar um pouco sobre o tema antes de mim e me apresentar, depois eu li algumas passagens curtas do livro, recheadas de comentários meus, e por último houve a longa moderação de perguntas do público, composto por estudantes e professores da UFMG, alemães, leitores do livro que só vieram para que o mesmo fosse autografado ou por curiosidade de me conhecer pessoalmente. Imaginem só: teve até uma leitora que veio de Ouro Preto com sua mãe (quase 2h de viagem) especialmente para a palestra! Agradeço imensamente pela excelente recepção na FALE-UFMG e pelo bate-papo gostoso com todos os participantes, ávidos de querer entender o ser humano do outro lado do oceano, como pensam, por que pensam, como são, por que, quando e como são… Uma das perguntas foi bem contundente: queriam saber se altero de alguma forma minha identidade, dependendo de onde quer que esteja. Eu disse que não, eu sou eu mesma em toda e qualquer parte. Disse que se não puder ser eu, não vou conseguir ficar por muito tempo em um local. Por outro lado, lembrei todos os participantes da subjetividade de minhas observações. Comentei sobre um artigo lido no voo, desta vez felizmente feito direto para Beagá pela TAP, que dizia que informar é como dar forma às palavras, é como colocar água em um cálice, que toma a forma do mesmo. É eliminar um pouco do caos à nossa volta e fazê-lo mais inteligível. Adorei esta ideia, pois nunca tinha pensado nisso. O artigo disse que como vivemos em um mundo repleto de informações, temos que tomar cuidado com quem nos informa e selecionar as informações recebidas. E alertei que represento só uma opinião dos quase 100 mil (?) brasileiros que vivem na Alemanha. Por outro lado, um alemão chamado Matthias, também leitor do meu livro, comentou que leu e gostou muito do “Mineirinha n’Alemanha” e que achou estranho chegar à Alemanha, de volta do Brasil, e não poder dar um abraço apertado em seu pai, que o cumprimentou com um aperto de mãos. Ele lembrou, porém, que a distância física entre as pessoas significa também respeito na Alemanha, e ao mesmo tempo que sabe disso, disse ter tido vontade de dar um baita abraço no pai dele “à moda brasileira”. Isso exprime o potencial que há entre as culturas, algo que tentei passar durante a palestra, de que somos diferentes sim, mas podemos ser sinergicamente ótimos uns para os outros, passando de cada lado aquilo que nossas culturas tem de melhor.
Desculpem por eu ter demorado tanto a fazer um relato, mas se por um lado a inspiração me pregava uma peça, por outro continuo curtindo minhas férias no Brasil. Viajando, viajando, visitando família, vendo amigos, curtindo meus pais. Nada melhor do que isso! Volto com certeza com muita história pra contar e muitas lembranças. Perto dos 40, “desenterrei” alguns cadernos de perguntas de amigos dos tempos de colégio (1983-84), e munida destas relíquias, e principalmente dos nomes completos dos meus amigos de outrora, quero tentar reencontrar velhas amizades perdidas no tempo e no espaço através da internet. Que me aguardem! 😉
Ah, sim… a Taísa fez um vídeo de um pedacinho da palestra, que vou postar com calma mais tarde. Fui.
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