Posts Tagged ‘mineira’

::Mineirinha n’Alemanha::

03/07/2020

Há alguns meses atrás o meu primeiro livro, o Mineirinha n’Alemanha, foi escolhido pelo Celso da Batatolândia com um dos 6 livros mais importantes para entender os alemães e a Alemanha. Como escritora, foi uma grande honra ser colocada ao lado de João Ubaldo Ribeiro!

Hoje recebi um retorno de uma leitora sobre o livro, o que demonstra sua atemporalidade e me deixou de novo muito feliz com mais um feedback positivo sobre ele:

“Terminei seu livro e gostei muito! Pena que não li antes de vir pra Alemanha; teria me poupado muitos perrengues! 😊

Seu livro é muito interessante e muito informativo também! Compartilhamos muitas experiências, mas com pontos de vista diferentes! Muitos legal ver isso!

Realmente o seu é um livro necessário, de utilidade pública!”

::Espanha divulga 5 mil sobrenomes que podem ser habilitados a pedir a cidadania espanhola::

29/03/2014

Muito diferentemente dos alemães, que conhecem detalhadamente sua ascendência e conseguem preservar assim sua história mesmo estando fora da Alemanha, muitos de nós, brasileiros, não sabemos ao certo detalhes de nossas origens.

Quanto a mim, quando me perguntam sobre isso, digo que tenho ascendência portuguesa, espanhola, francesa (a avó da minha avó por parte paterna era francesa) e, pela herança dos meus cachos, também africana.
Qual não foi minha surpresa ao ler neste artigo que posso ser descendente de judeus sefarditas, (originários de Portugal e Espanha)! Eles foram expulsos da Península Ibérica durante a inquisição espanhola (1478-1834) e fugiram para várias partes do mundo, dentre elas o norte da África e para o Novo Mundo, principalmente Brasil e México.

O governo da Espanha tem atualmente um projeto que pretende reconhecer os judeus, dando-lhes cidadania espanhola. Se eu não tivesse cidadania alemã, certamente iria verificar esta possibilidade. Afinal, nunca se sabe o dia de amanhã, não é mesmo? Veja se o seu nome também faz parte deste grupo aqui.

Por último, aqui um texto bastante interessante sobre a influência judáica na cultura mineira.

::Lançamento do 2° volume da série “Causos” para Rir e Casos para Refletir dia 26/11/11 em Beagá::

24/11/2011

Minhas queridas mamãe Eny e tia Aracy estão prestes a lançar o 2° volume da série “Causos” para Rir e Casos para Refletir. É um livro pra quem gosta de bons “causos” e casos (verdadeiros e imaginados), daqueles que se contam numa roda de amigos ou na caída da noite no pé da cozinha. Quem estiver em Beagá não pode perder o lançamento e aproveitar pra conhecer uma parte da família da Mineirinha, minhas verdadeiras musas inspiradoras! Ah, que vontade de poder participar!!! Segue o convite delas abaixo:


Oi pessoal
Finalmente após muito esforço, trabalho e dedicação, conseguimos publicar o 2º. volume da série “Causos” para Rir e Casos para Refletir.
Faremos o lançamento e a tarde de autógrafos num barzinho muito aconchegante chamado BALAIO DE GATO, que fica na Rua Piauí, 1052 – Funcionários, no dia 26 de novembro (sábado), das 12 às 16 horas.
Estamos preparando algumas surpresas para vocês, tudo com muito humor, amor e carinho!
Nossa filha e sobrinha LILIAN que se encontrava na África, também estará presente, repassando algumas das suas vivências naquele continente.
Sua presença é muito importante para nós! Venha e traga quantas pessoas você quiser.
Um abraço carinhoso das autoras:
Aracy Miranda Costa e Eny Miranda Santos

::Relembrando… viagens da Mineirinha::

11/05/2011

Tarde, mas não tarde demais, divulgo abaixo o único vídeo que foi feito durante a apresentação do livro Mineirinha n’Alemanha na Facudade de Letras da UFMG em Belo Horizonte, que aconteceu em agosto de 2010. Espero que gostem!

E porque vale a pena relembrar, abaixo o vídeo da cantora Valéria Dennin, brasileira que mora aqui na Alemanha, cantando a música “Sauerkraut com Feijão” pouco antes da apresentação/leitura do meu livro em Munique:

::Encontros e despedidas::

27/04/2010

Enquanto trabalho, ouço música na Last FM. Acabo de ouvir uma versão linda desta música “Encontros e Despedidas” com o cantor mineiro Affonsinho, por sinal muito gostosa de ouvir, e tive o ímpeto de ir no YouTube pra procurar pela música original, cantada pelo Milton Nascimento. Quanta beleza e quanta verdade está contida nesta música! O retrato da vida, das idas e vindas, do término e do recomeço, de todas as nossas viagens internas e externas, da nossa vida errante de estrangeiros, da rotina e das surpresas de cada dia. Curtam comigo o mestre Milton, fazendo carinho nos nossos ouvidos…

::Uma brasileira em Berlim::

10/04/2010

Parafraseando o escritor João Ubaldo Ribeiro fui uma das muitas brasileiras em Berlim durante esta semana. A viagem foi jóia!

Eu continuo achando que não há meio de locomoção melhor dentro da Alemanha do que o trem, ainda mais se tratando do ICE, o trem de altíssima velocidade que vai p.ex. de Frankfurt até Berlim em 3 horas. Porém, ao chegarmos em Berlim, levamos um susto com a informação de que teríamos que desviar do trajeto até o hotel porque uma bomba havia sido encontrada em uma das estações centrais da cidade. Na volta pra casa, li um artigo comentando que durante as Guerras foram jogadas 550.000 (!) bombas sobre Berlim e que considera-se que 15% delas não explodiram. Por isso, vira e mexe acham uma bomba por lá e parte da cidade pára por causa disso.

Tivemos a sorte de encontrar um excelente hotel com uma ótima promoção, onde crianças até 14 anos não pagam. Quem quiser que eu repasse a dica, é só avisar. Pra conferir se o hotel era bom mesmo além de ser bastante central (Berlin Mitte), dei uma checada no site www.booking.com, onde pessoas deixam comentários e fotos sobre os hotéis onde elas já se hospedaram, dando uma avaliação detalhada sobre os mesmos e não deixando dúvidas quanto a se um hotel é bom mesmo ou se é só propaganda. Aliás, eu amo este poder da internet! Um poder nosso, de consumidor, que eu adoro usar.

Em Berlim visitamos muitos dos pontos principais da cidade, e nos locomovemos na cidade com o tíquete Welcome Card, que pode ser adquirido para 48h ou 72 h de transporte público inclusive descontos em várias atrações de Berlim. Uma dica para quem viaja com crianças e vai ficar 3 dias na cidade: vale a pena comprar a versão 72h do tipo ABC, que cobre 1 adulto e 3 crianças de até 14 anos e fica mais barato do que se os tíquetes forem comprados de forma separada. Só dentro de Berlim há quase 600 quilômetros de linhas de trem (a maioria delas subterrânea) e portanto a infra-estrutura da cidade é invejável.

Como estávamos viajando em família, visitamos o Museu da Madame Tussauds, o Sealife einclusive a visita a um aquário gigante de 360° em volta de um elevador, chamado AquaDom (veja foto abaixo), e o Legoland Discovery Center, que é legalzinho mas nem se compara ao Legoland perto de Ulm, que é imenso e é ao ar livre. Uma dica, para quem tiver interesse de visitar 2 ou até 3 destas atrações, é comprá-las todas de uma vez em um desses 3 pontos, já que o desconto é bastante atrativo. Ah, no Reichstag (o prédio do parlamento alemão), onde há uma vista linda para a cidade, poderá ir no elevador que leva à cúpula do poder por uma entrada lateral, que só pode aliás ser usada por deficientes e famílias com crianças abaixo de 7 anos.

Duas atrações (gratuitas) que não aparecem nos guias mas das quais gostei muito foi uma “Sala do Silêncio” (Raum der Stille) que fica bem ao lado do Brandenburger Tor (Portão Torre de Brandenburgo). Ela serve para lembrar a todos os povos sobre nossas origens comuns e o respeito mútuo que devemos uns aos outros. Também gostei de ter feito uma visita curta a uma exposição dentro da Willy Brandt Stiftung (Fundação Willy Brandt) ao lado do museu da Madame Tussauds, que foi sobre os 60 anos das leis básicas alemãs (Einmischung erwünscht! 60 Jahre Grundgesetz) e faz uma cobertura bem grande da história da Alemanha e dos direitos de homens, mulheres e imigrantes na Alemanha, incentivando a discussão sobre temas atuais no país.

Deixando a logística de lado, me emocionei novamente com a história da Alemanha, e fiquei abobada pensando mais uma vez em quanto já se passou naquele pedaço de chão, ainda mais durante todos os anos da separação causada pelo Muro. Esta foi minha terceira viagem à capital e foi a primeira vez que meu marido visitou a capital de seu país. Acho que todo alemão deveria visitar esta cidade! Além da parte histórica, ainda tiramos uma tarde só para a Taísa bater pernas e poder visitar muitas lojas da cidade, o que pra ela, sob a perspectiva de uma adolescente, foi uma das melhores partes da viagem, claro.

A parte melhor da viagem na minha opinião ficou com os (re)encontros. Conhecemos um casal super hiper simpático que eu já conhecia virtualmente pela internet, o Paulo e a Evelyne. Ambos leram meu livro e nos receberam super bem na casa deles para um café com bolo e um bate-papo gostoso. Logo em seguida fomos para “A Livraria” para a apresentação do meu livro, sendo que o Matthias carregou no ombro 30 livros meus por alguns quilômetros do leste ao oeste da cidade, passando por restos do Muro de Berlim. Só o amor mesmo pode fazer com que um homem faça isso! 🙂 Lá revi p.ex. minha amiga Otília, a primeira brasileira que conheci aqui na Alemanha em 1993, depois de passados quase 20 anos…

A apresentação em si n“A Livraria” foi super legal, apesar de que tenho que confessar que estava super nervosa!… Fico agradecida pela ótima recepção por lá! O Paulo também teve o carinho de falar um pouco sobre sua opinião pessoal como leitor do “Mineirinha n’Alemanha” e sobre sua motivação de me ajudar na tradução do livro e de querer que ele seja publicado também em alemão. Eu contei um pouco da história do livro e li algumas partes do mesmo. No final, autografei alguns livros e voltamos pra casa satisfeitos, ainda mais porque vendi todos os livros que tinha levado para Berlim! A parte mais inusitada da apresentação ficou com o Daniel, que estava inesperadamente quietinho enquanto eu lia partes do livro e por fim cochilou, bem na primeira fileira, hehehehe… O Matthias comentou que isso aconteceu porque ele já conhece bem as histórias da mãe, o que não deixa de ser verdade!

Mas como Berlim é muito grande e tem muitas atrações, no final da semana ainda sobrou muita Berlim pra ser vista em outra oportunidade!

::Falaram da gente::

07/04/2010

A Isabella, cantora mineira, encomendou meu livro e deixou no blog dela um comentário super carinhoso sobre o “Mineirinha n’Alemanha”. Confiram aqui.

::6a. entrevista: Ana Cristina de Minas :-)::

07/03/2010

A seguir mais uma entrevista com uma leitora do “Mineirinha n’Alemanha”, a Ana Cristina, também das montanhas de Minas como eu. A entrevista é longa, mas vale a pena cada linha pela experiência de vida e pelo exemplo de sempre enfrentar as tribulações da vida com um sorriso no rosto, com gosto pela vida e pelo viver. Acho que a Ana Cristina deve ser uma das poucas mineiras, senão a única, com um fogão à lenha em casa na Alemanha! Descubra esta e outras peculiaridades desta pessoa linda e positiva através das perguntas abaixo. Ana Cristina: muito obrigada pela oportunidade de tê-la entrevistado!

– Faça por favor uma apresentação de você por você mesma.

Sou Ana Cristina Magalhães Müller. Este é meu nome de casada. Há um ano atrás me chamava Ana Cristina Gonçalves Magalhães. Como me casei mantive o sobrenome de meu pai e acrescentei do meu marido; Müller. Até que gostei, M.M. rsssss.

Sou especialista em Pedagogia Empresarial pela PUC de BH. Trabalhei aproximadamente 2 anos e meio com projetos pedagógicos em algumas empresas no Brasil. Não obtive sucesso devido à vários problemas, tanto no campo profissional quanto social.

Nasci no interior de Minas Gerais. Sou a mais nova de uma família de nove mulheres. É, nove mulheres. Meu único irmão morreu aos 23 anos quando eu tinha 8 anos de idade. Meu pai, também faleceu quando tinha 12 anos de idade. Assim, restaram somente as mulheres em minha casa. Nao é fácil crescer no meio de tantas mulheres. Às vezes me fazia falta a presença de homem no lar. Por outro lado, é interessante viver entre calcinhas sem cuecas rssss…

Apesar das perdas precoces, elas não deixaram muitas sequelas. Confesso que numa determinada época da minha vida recorri à terapia. Muito boa por sinal. Me ajudou mto, inclusive a perceber que não havia perdoado meu pai por ele ter ido embora e ter me deixado aos 12 anos de idade. Egoísmo da minha parte, mas são sentimentos e às vezes precisamos de bons profissionais para enxergamos o quanto temos de bom e o quanto temos de ruim. Afinal, somos humanos e é normal nos surpreendermos com nossos próprios sentimentos. Como dizia nosso Mestre maior Jesus Cristo, conhecer-nos a nós mesmos é importante para nossa tranquilidade existencial. Assim eu fiz, procurei esses anjos profissionais que me orientaram melhor e pude me conhecer um pouco mais.

Desta forma fui crescendo entre mulheres. Logo em seguida vieram alguns homens como os cunhados, sobrinhos etc… Entao, entre apanhar, cair, chorar, sorrir, fui aprendendo e descobrindo o mundo ao meu redor.

É meio embaraçoso falar da gente mesmo. Mas, hoje, posso parafrasear uma observação que fizeram ao meu respeito e, acredito, é a minha cara rsssss… Uma vez me disseram que sou uma pessoa que gosta da vida, que gosta de viver. Concordei e hoje concordo ainda mais rssss… Realmente, sou uma pessoa que gosta do mistério da vida. Da sua elegância em nos trapacear de vez em quando. Gosto da maneira como ela nos surpreende, gosto do seu gingado, da sua ciranda. Gosto de quando ela chega de mansinho e nos diz, calma, que agora o “bicho vai pegar” rsssssssss… E depois ela vem e nos diz que agora é tempo de calmaria. Isto é fantástico. Eu nao tenho definição certa sobre mim. Sou a vida! Estarei sorrindo quando ela estiver de bem comigo mesmo. Estarei de pirraça quando ela disser que tem que ser do jeito dela, pois vou querer que seja do meu jeito e estarei super feliz quando ela me trouxer uma surpresa. É isto, eu sou a vida com ou sem muitas complicações às vezes!

– Como surgiu a oportunidade de você vir morar na Alemanha?

Minha oportunidade de vir para Alemanha surgiu com o encontro entre eu e meu marido, numas férias em Paraty, RJ. Eu nunca pensei em morar fora do Brasil. Salvo uma vez em que eu e minha colega pensamos em nos mudarmos para Portugal. Mas nosso colega nos disse que não seria bom negócio, pois em Portugal havia muito preconceito com brasileiras. Depois disto, nao pensei mais a respeito a não ser quando conheci meu marido.



– Sua história de vida é muito marcante e nos ensina a viver o dia de hoje, além de ter perseverança. Conte um pouquinho dela pra nós.

Dizem que viver não é fácil. Realmente, é preciso aprender a viver, com já dizia o poeta. Mas viver tem seus encantos, apesar dos tropeços que a vida às vezes nos proporciona.

A vida me surpreendeu há alguns anos atrás. Ela foi responsável por eu morar agora na Alemanha. Contarei um pouco deste drama onde tudo começou a mudar quando conheci meu marido, em dezembro de 2006. Nesta época tinha oito meses que meu namorado havia morrido.

G. era o nome dele. Ele era viúvo quando a gente começou a namorar. O problema é que era uma viuvez recente. Tinha somente um mês que a mulher dele tinha morrido quando nós começamos a nos relacionar. Imaginem a confusão que deu. O interior todo falou de nós dois. A família da ex dele, entao, vix Maria, até amantes nós viramos. O bom é que, enquanto o povo falava, a gente namorava. Se no Brasil fizesse o frio daqui, iríamos namorar dobrado.

Nós nos apaixonamos (coisa gostosa esta viu, apaixonar, bão dimais sô rssss), deixamos o povo falar e fomos viver nossa vida. O porém é que a situação dele era complicada. Ele tinha uma menina de dois ou três anos de idade. Chama-se C.M, tinha câncer no cérebro. Nós, ou melhor, mais ele, tivemos que ter muito jogo de cintura com a família da ex, e eles não foram nem um tanto simpáticos com a nossa situação. Também né, a gente queria demais, caso eles concordassem com nossa estória romântica: um mês de viuvez e o cara já começa a namorar. Normal, mas no interior de Minas Gerais, Brasil, os costumes são meios que radiciais, vamos dizer assim. Nesta época fui trabalhar na FIEMG, em Governador Valadares.

O pessoal de Valadares havia me entrevistado uns três meses antes da gente começar a namorar. Já nem esperava mais a contratação e quando ela veio, danou-se, não queria mais trabalhar em GV. Mas decidimos que seria melhor, pois, assim, com a gente afastado um pouco, poderiamos alcalmar os nervos dos ex parentes dele. Assim fizemos.

Como tudo na vida é passageiro, nossa estória não foi diferente. O que é bom dura pouco, já se falava o ditado. Então, em fevereiro ele começou a passar mal. Apareceram uns furúnculos e ele apresentava febre alta. Foi ao médico e o diagnóstico: leucemia! O que era fantástico, virou um… sei lá. Uma confusão. A luz se apagou e comecei a enxergar meio nebuloso. Perguntas? Imaginem quantas eu fazia…

Meu contrato na FIEMG estava acabando e eles queriam prolongá-lo. Eu deveria decidir se ficaria ou não. Qual foi a situação? Se correr o bicho pega se ficar o bicho come. Então o que fazer? Tentei ser prática como sempre fui e deixei a intuição agir. Simplesmente disse pra mim mesma que vida é vida e trabalho se consegue outro depois.

Assim eu fiz, nao renovei meu contrato e fiquei com ele. Nao esqueço a carinha dele quando cheguei ao hospital e disse que não prolongaria o contrato. Ficou feliz da vida rsss… Uma gracinha!!! Sei que eu ficava de Valadares à BH, BH à Valares. Acompanhei o caso desde o início. Claro né, estava com ele rssss… Falo que nós casamos e só Deus sabia. No hospital nós nos divertíamos muito. Riamos pra caramba. Falávamos bobagem que nem posso narrar aqui. Tem uma da freira que nós rimos muito. Ele me xingou né, mas foi muito divertido kkkkkk… Nem parecia que ele corria risco de vida. Nós fizemos o ambiente que estava pesado se tornar um pouco mais leve. Isto foi muito bom, tanto pra mim quanto pra ele, afinal os médicos da alegria nao estão aí por acaso, existe algo de muito positivo nisto e como tem!

O G. era uma pessoa que sabia ver o lado positivo da vida. Amputou a perna aos 15 anos de idade e nem por isso deixou-se abater. Trabalhava muito. Era representante e sócio de uma Metalúrgica. Aprendi muito com o ele. Digo que o G. foi meu maior mestre em vida. Umas das coisas que aprendi foi a ter fé em Deus. É irônico, mas se eu não tivesse passado pelo que eu passei com o G, eu não estaria hoje na Alemanha. Pude aprender e crer que tudo gira através de uma obra maior. Nada acontece por acaso e pude ver isto perfeitamente.

Quando se doma a morte, como muitos já domaram, a vida se torna mais fácil. Apesar dos momentos de tédios que ainda temos. Somos humanos e estamos aprendendo sempre e aprender dói. Entao, não tem como ficarmos sem dor. Mas a gente aprende a ter mais confianca em Deus, no seu poder e glória e, principalmente, em sua providência Divina. Isto é, para mim, o Milagre. Lógico que tem pessoas que não precisam domar a morte pra aprender, sem dúvida nenhuma. Porém eu tive e aprendi com isto, graças a Deus, porque passar por uma lição e não aprender é complicado.

Bem vamos para um outro capítulo.

O G. faleceu em abril de 2006. Nós ficamos juntos 4 meses. A filha dele faleceu, se não me engano, em abril também. Inicio de abril e ele no final de abril. Irônico, mas toda a família viajou.

Quando terminou tudo e vi que tinha feito o que Deus me determinou naquele momento, fiquei perdida. Perdidinha da Silva. Como havia deixado meu emprego em Valadares, voltei pra minha cidade natal. Fiquei sem serviço, devendo, frustrada, carente, desamparada… Dei um tempo pra mim. Precisava disto e tracei alguns objetivos pra alcançar. Foram planos pequenos, pois ate então não podia exigir muito de mim. Normal, uma perda destas, por mais que se confia e crê… não é possível manter o barco no leme certo não!

Assim fui remando o barco devagar e numa destas destas remadas encontrei o Joerg, um alemão perdido em uma balsa em Paraty kkkk… No momento em que iria desistir do sexo oposto, me apareceu o Joerg e resolvi tentar mais uma vez. Então, resultou que estou aqui, na Alemanha, aprendendo de novo, nascendo de novo. Fácil? Não, não é. Às vezes dá um certo desânimo ter que começar tudo de novo. A sensação de impotência aqui é grande demais pra mim. Não sei nem procurar emprego!!! Isso peeesaaaaaaaaa!!! Mas, tento manter a calma. Afinal, acredito que isto será fichinha perto do que passei aí em cima. Contudo, se depois da tempestade vem a bonança, espero colher os frutos aqui, pois na Alemanha acontecerão as cenas do próximo capítulo!

– O que mais lhe chamou a atenção ao chegar na Alemanha pela primeira vez?

Quando a gente chega aqui pela primeira vez, tudo é deslumbrante, super interessante.
Cheguei aqui no inverno de 2007. Não nevou muito neste ano. Mas o que me chamou muito a atenção foi a organização das ruas. Todas pavimentadas, limpas. Barulho? Não se ouvia nem barulho de mosquito rssss…

Observei que havia um respeito com o ser humano diferente do Brasil. Porque notei isto? Onde morava, apesar de ser interior de MG, hoje em dia os jovem colocam umas músicas horríveis bem em praça pública. E muitas vezes a polícia não pune como se deveria. Isto é muito desagradável. E os velhinhos que moram perto! Um grande desrespeito, na minha opinião, não só com as pessoas mais idosas, mas também com o ser humano em geral. Isto é um absurdo. Ao notar que aqui não tem esse tipo de algazarra, gostei, achei super bacana!

Notei, também, que alguns costumes aqui são iguais aos do interior de Minas Gerais. Como, por exemplo, recolher lenha, trabalhos nas hortas, cultivo dos jardins, etc. Só não vi vacas desta primeira vez rsss… Gostei muito quando ouvi o sino da igreja bater em Schweinber, so faltou a oração do Angelus pra ficar igual ao interior onde morava rssss… Um dos costumes que achei interessante foi o culto aos mortos. Cada família cumpre, religiosamente, as visitas aos seus entes queridos que se foram. Eu não gosto de cemitério. Apesar de existirem pessoas no Brasil que cultuam seus mortos, acredito que nós aceitamos melhor a partida de um ente querido do que eles. Observei que nossa mistura cultural nos permite visarmos outros conceitos, principalmente os religiosos. Contudo, notei que, apesar das diferenças culturais, muitas coisas me lembraram o interior onde nasci.

– Você já fez um curso e integração? Caso positivo, conte um pouco dele pra nós. Caso
negativo, ira fazê-lo em breve?

Comecei o curso na VHS (nota da Mineirinha: Volkshochschule, a “escola do povo” acessível a toda e qualquer pessoa na Alemanha). O curso de integração é bom e é importante pra nós estrangeiros. Para quem quer se socializar qualitativamente na Alemanha é preciso aprender a língua. Este curso nos dá esta oportunidade. Faço apenas uma observação como pedagoga. Acredito que eles deveriam fazer uma seleção da turma. Por exemplo, na minha sala a maioria consegue entender bem o alemão. São alunos que possuem entre 5 a 11 anos de Alemanha. Mas existem outras pessoas, um pequeno numero que não conseguem acompanhar por nao ter noção nenhuma da língua. Lógico que se elas não se esforçarem não conseguirão terminar o curso, isto é óbvio. Se a escola fizesse uma seleção, na minha opinião, evitaria que estas pessoas com dificuldades maiores ficassem constrangidas em sala de aula. Contudo, apesar de ser cansativo (normal né, sNo Brasil o cinco horas de aula rsss…), o curso é bom. A metodologia e didática dos professores ajuda a não ficar muito tedioso, mas precisamos estudar muitoooooo.

– Qual foi a sua maior dificuldade aqui na Alemanha nos primeiros tempos?

Eu estou aqui faz um ano apenas. Para mim ainda é o começo do começo rsss… Tenho muitas dificuldades com a língua. Apesar que consigo me comunicar um pouco, ainda tenho dificuldades de adaptação. Às vezes me sinto um peixe for a d’água. A desaculturação é um processo lento e dolorido. Para cada pessoa isto se dá de forma diferente. Mas acredito que todos passam por perturbações semelhantes.

No início de novembro de 2008 lembro-me que assustei quando deparei com a escuridão do inverno. Meu Deus o que é que é isso??? Perguntei rssss… Nesse ano o inverno foi puxado, não aguentava mais ver neve. Que saudades do sol!

Um dos fatores que pesa pra mim até mais que a falta dos familiares é a questão profissional. A sensação de analfabetismo me incomoda muito. Sei que escolhi viver aqui e preciso me conformar em começar tudo de novo. Mas, confesso que esta questão me incomoda e que é dificílimo pra mim. Mas saberei, se Deus quiser, administrar com sabedoria. Tentarei não me cobrar muito e viverei um dia de cada vez. Respeitarei meu tempo de adaptação e me sentirei realizada profissionalmente mesmo que deva trabalhar em outro campo profissional. Afinal, o trabalho é digno em qualquer área desde que seja, desde que feito com amor e responsabilidade.

– Do que você gosta mais aqui na Alemanha?

Apesar não gostar de frio, a paisagem no inverno é linda. Gosto muito da preguiça do sol nesta época do ano. A neve, então, é fantática. Gosto de perceber a transformação da natureza. Até as pessoas se transformam dependendo da estação do ano. Isto é muito interessante! Gosto da organização social. Gosto de como os governantes administram as cidades. É interessante perceber que não há muita diferença social, que o capitalismo aqui, digamos, é funcional. Entretanto, apesar de saber que por trás existem coisas que desconhecemos, gosto de como os representantes administram o dinheiro público na Alemanha.

– E o que lhe faz muita falta lá da terrinha, além da comida mineira feita no fogão à lenha?

Ultimamente toda a natureza de Minas me faz falta. O sol, as cachoeiras, o cheiro de terra molhada. O barulho da chuva no telhado. Tudo isto me faz falta. Sei que aqui tem estes fenômenos. Mas nossa chuva, nossas águas, nosso sol tem um tempero diferente. Como já dizia o poeta: “nossa terra tem Palmeiras, onde canta o Sabiá, as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá…”

Sinto muita falta de todo este mundo natural à minha volta. As montanhas de Minas, suas formas e cores. Sinto falta do canto das cigarras. Minha família então! Saudades das reuniões entre família e amigos ao redor do fogão à lenha. Do ritual ao preparar uma refeição que só o mineiro sabe fazer. Enfim, saudades de tudo que deixei pra trás. Apesar de saber que sempre voltarei à minha pátria amada, alguma coisa sei que mudou, que não será como antes e que sempre se traduzirá como saudade!

– Você tinha me contado que tem um fogão à lenha. Como ele veio vir “passear” aqui na Alemanha?

O fogão à lenha foi presente de um grande amigo do meu marido. É um fogão típico da Alemanha. Ele é todo de alumínio e funciona à lenha.

Cozinhei nele uma vez. Dá pra matar a saudade de Minas. Pena que ele funcionará somente no verão. Tivemos que instalá-lo no pequeno pátio que temos em casa, pois daria muito trabalho se o instalássemos na cozinha. Mas ele está bem “agasalhado” para enfrentar o inverno e as chuvas da Alemanha rsss….

– Como você descobriu a Mineirinha?

Descobri acessando o Google. Nao me lembro bem o que digitei. Deve ter sido algo como dificuldades de se viver no exterior ou pessoas no exterior, não sei. Então encontrei o livro e o blog. Entrei, li alguns trechos, me interessei e comprei.

– Como foi a experiência de ler o livro? Ele te acrescentou alguma coisa?

Sim, o livro me acrescentou muito. Pude perceber que algumas das perturbações sentimentais pela quais eu passava eram normais. O livro me deu dicas muito interessantes e me mostrou que é possível se realizar profissionalmente na Alemanha, apesar das dificuldades. Vi que devemos estar atentas com relação aos abusos por parte de nossos companheiros, tanto em termos físicos quanto psicológicos. Contudo com a leitura do Mineirinha pude perceber, também, que optei por ser uma cidadã do mundo e que, apesar das dificuldades, é possível construir uma vida com dignidade, sem dúvida!

– Quais são os seus próximos planos?

Meus planos no momento são estudar alemão. Me dedicar e esforçar muito para aprender o máximo da língua. Tirar a carteira de habilitação. Então, mais no futuro batalhar para conseguir um trabalho em que eu possa me sentir bem. Penso em lecionar. Sei que é possível dar aulas de português para alemães ou até mesmo para crianças binacionais. Gosto de ensinar e sei que me realizaria caso atingir este objetivo. Acredito que consigo sim, se Deus quiser!

– Se quiser deixar um recado para os leitores da Mineirinha, esta é a chance!

Para os leitores da Mineirinha…
Sei que cada um de nós que lemos a Mineirinha temos algo em comum. Sei que a maioria deixou para trás algo de muito valor e a vida costuma cobrar um preço. Às vezes esse preço é alto demais e faz com que entremos em um estado meio depressivo de vez em quando. Sei que a saudade dói e dói muito. Sei, também, que soa meio estranho ao saber que temos que recomeçar. Mas o que é o começo se a vida em si nos propõe a recomeçar sempre!

Portanto, proponho a nós, leitores da Mineirinha, que caminhemos pelos encantos da vida. Se estamos aqui foi porque escolhemos e o principal: foi permitido por Deus. “Nenhuma folha de nenhuma árvore cai sem a permissão Divina.” Perdoem-me os céticos, mas acredito que o fator “Crer” nos ajuda muito a enfrentarmos as tormentas existencias. Afinal a vida não é feita só de maravilhas, como já disse, ela sabe nos surpreender.

Um grande abraço a todos e que Deus possa estar no coração de cada um de vocês, os abençoando e protegendo sempre!

::14a. janelinha – calendário de advento da Mineirinha::

14/12/2009

Momento melancolia: um pouco de Minas, de Lô Borges e da boa música de lá. Aproveitem!

P.S.-Em algumas horas acaba o prazo para o concurso da Mineirinha. Participem aqui.

::Tecnologia mineira::

12/10/2009

Recebi este “papo de mineiro” da minha amiga Ceci – autor desconhecido:

“É… das invenção dos homi, a que mais tem sintido é o abraço. O abraço num tem jeito di um só aproveitá! Tudo quanto é gente, no abraço, participa uma beradinha…
Quandu ocê tá danado de sodade, o abraço de arguém ti alivia… Quandu ocê tá cum muita raiva, vem um, te abraça e ocê fica até sem graça de continuá cum raiva…. Si ocê tá feliz e abraça arguém, esse arguém pega um poquim da sua alegria…. Si arguém tá duente, quandu ocê abraça ele, ele começa a miorá, i ocê miora junto tamém…
Muita gente importante e letrado já tentô dá um jeito de sabê purquê qui é qui o abraço tem tanta tequilonogia, mas ninguém inda discubriu… Mas, iêu sei! Foi um ispirto bão de Deus qui mi contô….. Iêu vô contá procêis u qui foi quel mi falô: O abraço é bão pur causa do coração… Quandu ocê abraça arguém, fais massarge no coração!… I o coração do ôtro é massargiado tamém! Mas num é só isso, não… Aqui tá a chave do maió segredo de tudo:
É qui, quandu nois abraça arguém, nóis fica cum dois coração no peito!…
INTONCE…
UM ABRAÇU PRÔ CÊ!!!!”

Concordo em genero, número e grau! Os abraços que eu dou hoje e já sinto falta num futuro, quando o meu pequeno crescer, são os diários que eu dou no Daniel ao me despedir dele de manhã. Tem coisa mais gostosa do que um bom abraço?!? Tinha até feito um poeminha pro Dani-boy outro dia, que tinha esquecido de publicar. Aqui vai:

Daniel,
O bravo, decidido, resoluto
Como sinto falta dos seus cachinhos!
E já sinto falta hoje do seu abraço apertado,
Dos seus beijinhos na despedida do jardim
Amor de mãe e filho homem
É diferente, intenso
Um pouco indescritível
Imagem e semelhança
De uma pessoazinha querendo seu espaço
Um calor bom no coração
Amor sem fim

P.S.-Um abraço bem abertado, Ceci! 🙂


%d blogueiros gostam disto: