Posts Tagged ‘Multiculturalismo’

::Sempre aprendendo!::

15/06/2021

Aprendendo com a Chimamanda, agora através da entrevista dela no Roda Viva.
“Quando os direitos forem iguais para ambos os gêneros, não precisaremos mais do feminismo. “

Aprenda, como eu aprendi, mais sobre História, justiça social, o perigo das histórias únicas, a importância de símbolos/modelos/exemplos e por que todos deveríamos ser feministas. Uma mulher (homem/pessoa) pode se interessar pelo que ela quiser! E também ser o que ela quiser!
Bem notado pela autora: “Quando mulheres atacam mulheres, quem acaba tendo vantagens são os homens.”

E… ao final da entrevista, se quiser continuar refletindo sobre o tema, leia livros dela e também o meu novo livro HERstory – escreva a sua história!

::Opinião de Leitores – Mineirinha n‘Alemanha::

16/03/2021

Desta vez a opinião é sobre o meu “clássico”, o primeiro livro, homônimo desde blog, o Mineirinha n’Alemanha:

“Terminei seu livro e gostei muito! Pena que não li antes de vir pra Alemanha; teria me poupado muitos perrengues! 😊

Seu livro é muito interessante e muito informativo também! Compartilhamos muitas experiências, mas com pontos de vista diferentes! Muitos legal ver isso!

Realmente o seu é um livro necessário, de utilidade pública!”

Pra quem tiver ficado curioso, ainda tenho alguns poucos volumes restantes! Vindo de mim, chega com autógrafo! 😉 O livro também está disponível como e-book nos sites da Amazon de todo o mundo!

::Chauvinismo x sentimentos nobres::

01/02/2021

Continuo intrigada com a pergunta do meu poema de ontem sobre a reação masculina (de certa parte dos homens) com relação à mulher. Ela naturalmente não está só limitada às mídias sociais, este sentimento de desprezo e superioridade com relação às mulheres acontece muitas vezes dentro e fora da vida real.

Fiquei lembrando daquelas mil piadinhas sem graça que costumava ouvir durante a infância e a adolescência, que invariavelmente falavam mal de grupos considerados mais fracos como o das mulheres, e refletindo que muitas de nós aceita e deixa passar muita coisa porque não temos consciência da violência e do ataque, da verdadeira mensagem que está por trás da piada. E assim, aceitando uma piadinha aqui, outra piadinha ali, nossa consciência vai sendo formada ou até moldada.

Lendo sobre o chauvinismo, aprendi que ele surgiu na segunda metade do século XVIII, deriva de um soldado de Napoleão (Nicolas Chauvin) que demonstrou grande patriotismo, teve o sentido da palavra deturpado ao longo do tempo e pode ter hoje em dia, em resumo, os seguintes significados:

  • Opinião exacerbada, tendenciosa ou agressiva em favor de um país, grupo ou ideia;
  • Rejeição radical a contrários, desprezo às minorias, entusiasmo excessivo pelo que é nacional, e menosprezo sistemático pelo que é estrangeiro;
  • Chauvinismo masculino: denegrir, desprestigiar e paternalizar um determinado gênero por considerá-lo inferior ao outro, e, portanto, merecedor de um tratamento ou benefício inferior à igualdade

E a reação da mulher contra o ataque vindo do sexo oposto, qual deve ser, ou qual é? A comediante e escritora americana Ilana Glazer, que diz ter se tornado feminista nos anos 70 por não concordar com o chauvinismo masculino, pontua acertadamente que a melhoria das condições de vida das mulheres não pode e não deve significar algo negativo para os homens, mesmo que este desequilíbrio entre os gêneros já estivesse passando da hora de ser tratado. A resposta para o chauvinismo masculino não pode ser que estejamos contra os homens, mas deve estar baseada no respeito mútuo e no tratamento justo (equidade). Temos todos que ir juntos na construção de um mundo novo, que talvez desponte na era pós-pandemia, quem sabe… A esperança é a última que morre!

Pode achar estranho a princípio, mas a meu ver um mundo “ideal” poderia ser um onde existisse um alto nível de altruísmo, e onde as pessoas fizessem o máximo para alcançar, ao mesmo tempo, sua felicidade máxima individual.

E querer melhorar o mundo, sendo altruísta, pode ser egoísta ao mesmo tempo? A resposta é sim, pois quanto melhor os outros estiverem, melhor tenderemos a nos sentir. Se queremos buscar respostas para problemas comuns, vivendo em uma sociedade que tem maior capacidade de inovação, teremos mais recursos para tanto. Um exemplo imediato seria a crise atual do coronavírus, no caso da busca de vacinas e medicamentos. A busca por objetivos comuns se torna mais fácil se há mais pesquisadores trabalhando em conjunto, se há maior condição de desenvolvimento e teste de novos atenuantes para a pandemia. Isso explica até porque as vacinas puderam ser desenvolvidas em um prazo recorde de tempo: temos cooperação internacional, altos investimentos, alta demanda e muitos casos nos quais as vacinas estão podendo ser testadas com grande agilidade. Recomendo muito que assistam o vídeo abaixo que sustenta essas ideias:

Em um mundo positivo, quanto melhor as outras pessoas estiverem, melhor você mesmo estará. Há um ganho visível para todos quando mais pessoas tiverem acesso à educação, inovação e prosperidade.

O filósofo Ayn Rand, dentre tantos outros que tocou neste assunto, defendeu a ideia de que a única maneira de garantir a liberdade vivendo em sociedade é através do egoísmo ético, onde cada um procura agir segundo seus interesses individuais.

Cuidar bem de si, o que poderia ser visto como um ato egoísta mas na realidade é um ato de auto-compaixão, ao mesmo tempo em que cuidamos bem do outro também, é o que poderia ser denominado um egoísmo ético universal, pode fazer com que o mundo melhore para todos, pois afinal, estamos todos interligados, respiramos o mesmo ar e até agora ainda habitamos o mesmo planeta.

Independente do que cada um de nós acredita, se pensarmos em todos os tipos de religião, que afinal de contas são várias maneiras de tentar explicar a realidade invisível, vemos que a essência de todas elas busca o mesmo fim, tratar o outro como gostaríamos de ser tratados, amar e ser amado. Achei este artigo com um gráfico muito bom, na minha opinião, apresentando a essência de varias religiões.

E para fechar esta linha de pensamento do bem, como que “por acaso” acaba de cair nas minhas mãos este artigo afirmando que fazer o bem melhora sua genética e sua saúde. E já que chegamos ao fim da “volta ao mundo” no universo do pensamento, que invariavelmente chega aos assuntos relacionamento, tempo ou pandemia no meu grupo de desenvolvimento pessoal, aproveito para fechar com o melhor vídeo que já vi até agora explicando como o coronavírus atua quando entra no corpo de um ser humano. Vale a pena se informar! Nos comentários do YouTube alguém disse que aprendeu mais com este vídeo do que com todos os artigos e reportagens que já tinha lido e visto até o momento.

Boa semana para todos e se tiver mais alguma ideia sobre o assunto proposto, aguardo um comentário!

Como pode imaginar, muito do que toquei acima faz parte do meu novo livro, o HERstory – escreva a sua história! Para ver onde adquirir, visite a seção “Os livros e onde comprar“. Opiniões de leitores sobre o livro? Leia aqui.

::Mineirinha n’Alemanha::

03/07/2020

Há alguns meses atrás o meu primeiro livro, o Mineirinha n’Alemanha, foi escolhido pelo Celso da Batatolândia com um dos 6 livros mais importantes para entender os alemães e a Alemanha. Como escritora, foi uma grande honra ser colocada ao lado de João Ubaldo Ribeiro!

Hoje recebi um retorno de uma leitora sobre o livro, o que demonstra sua atemporalidade e me deixou de novo muito feliz com mais um feedback positivo sobre ele:

“Terminei seu livro e gostei muito! Pena que não li antes de vir pra Alemanha; teria me poupado muitos perrengues! 😊

Seu livro é muito interessante e muito informativo também! Compartilhamos muitas experiências, mas com pontos de vista diferentes! Muitos legal ver isso!

Realmente o seu é um livro necessário, de utilidade pública!”

::Sinais, refugiados & poemas::

11/09/2015

Talvez estejam se perguntando o que um tema tem a ver com o outro?!? Pasmem: acreditem ou não, por um grande acaso do universo, reencontrei o anjo sobre o qual comentei no meu livro Mineirinha n’Alemanha, bem no finalzinho, que salvou meu filho depois de uma parada respiratória. Fui até o meu anjo feminino e disse que a conhecia, mas não lembrava bem de onde… Ela disse que tinha sido a pessoa que me ajudou, quando meu fiho parou de respirar… Eu a abraçei imediatamente! Disse que mantenho minha promessa até hoje, pois continuo sendo socorrista. E disse que aquela história, naturalmente, me marcou muito, porque eu só a vi em minha vida no dia que ela me ajudou, um dia depois para poder agradecê-la pela ajuda, e depois nunca mais voltei a vê-la. Acreditem se quiser, isso aconteceu quando o Daniel tinha uns 3 anos, e fiquei sabendo essa semana que ela mora no meu bairro, mas nunca mais tínhamos nos visto novamente. Conversamos um pouco, eu disse que acredito firmemente em sinais e que semana passada recebi um grande sinal, pelo que estava pedindo e orando muito, com a ajuda dos meus amigos e familiares. E sei que ela foi um sinal para mim, um anjo no lugar certo e na hora certa, que salvou meu filho, pelo que sou muitíssimo agradecida! E que lugar teria sido mais propício e mais simbólico para esse reencontro que não em um curso de meditação budista? 🙂 Eu disse pra ela que hoje o Daniel é um menino enorme, quase do meu tamanho, com ótimas notas e muito inteligente. E que eu sei que naquele dia fatídico tínhamos só dois minutos para reagir depois da parada cardíaca, e não posso parar de agradecer a ela e ao universo por essa dádiva. Ela comentou sobre a filha dela, começamos a falar da volta às aulas na semana que vem. Mais uma coincidência: a filha dela é da mesma idade do Daniel e vai estudar na mesma escola, porém em uma classe paralela à dele. Vamos nos rever a partir de agora várias vezes! Que grande presente do universo!…

Vira e mexe vejo vídeos e leio mais artigos sobre a atual crise de imigração. Existem no momento ao todo 50 milhões de pessoas no mundo envolvidas em movimentos migratórios! Este é o maior número desde a 2ª. Guerra Mundial!

Dos refugidados da Síria, até o final de janeiro de 2015, somente 4% tinham vindo para a Europa. Em termos relativos, se comparado ao tamanho da população de cada país, os países que mais recebem refugiados em 2013 foram a Suécia, a Áustria e a Hungria. Está provado que os imigrantes podem ser uma força propulsora para as economias locais. No caso da Alemanha, em 2012 os estrangeiros contribuíram em em média com 3.300 euros de impostos e contribuições sociais, ainda levando em conta o que havia sido gasto com a ajuda ao imigrante. Conclusão: eles geram mais recursos do que custam, a contrário do que todo mundo pensa. Esses dados aqui são muito valiosos, claro que terão que ser atualizados com as mudanças atuais, mas devem ser mostrados a todos aqueles que têm muito preconceito e receio com relação aos refugiados. Tinha lido também que dos asilados, 15% tem ginásio completo e outros 15% tem um curso superior, o que vale ouro para um país feito a Alemanha que precisa urgente de mão de obra qualificada em várias áreas de conhecimento. Segundo uma pesquisa atual 18% da população alemã já ajudou diretamente os refugiados, outros 23% pretendem prestar ajuda concreta dentro em breve.

Outra comparação: o Obama anunciou ontem que vai receber 10.000 refugiados no próximo ano, depois de ter sido fortemente criticado nos últimos dias. A estimativa é de que a Alemanha estará recebendo este ano 800.000 refugiados (o maior número de pedidos de asilo tinha sio até agora em 1992, de aproximadamente 440.000). Comparado a população da Alemanha com a dos EUA, ele teria que receber 3,2 milhões de refugiados, o que daria aproximadamente 10.000 pessoas, mas por dia.

Tenho escrito muitos poemas no momento. São tantos, que estou até pensando em lançar um livrinho só com poesias e pensamentos, sinais que ando recebendo nos últimos meses. Fecho o post de hoje com um poema, aquele que usei como fechamento do meu livro Mineirinha n’Alemanha, que não poderia ser mais atual para os dias de hoje (tradução para o português logo abaixo). Bom final de semana para todos! Agora que o sol está nos deixando, chegamos novamente à fase introspectiva do ano, hora de fazer altas viagens mentais. Bons pensamentos!

Wir sind alle Ausländer – Somos todos estrangeiros


Wir sind alle Ausländer
Heute ich
Weit weg von zu Hause
Nehme eine andere Kultur an
Wohne,
Bewege mich,
Esse,
Trinke:
Alles ist anders.

Morgen DU
Kannst eine andere Kultur annehmen
Aus eigener Entscheidung oder unfreiwillig
Dann wirst DU
Wohnen,
Dich bewegen,
Essen,
Trinken:
Alles wird anders sein.

Wir sind alle Ausländer
Heute ich, gestern ein anderer, morgen du, vielleicht:
Bürger dieser Welt.

°°°

Hoje EU
Muito longe de casa
Abraço outra cultura
Vivo,
Me movimento,
Como,
Bebo:
Tudo é diferente.

Amanhã VOCÊ
Pode abraçar outra cultura
Por decisão própria ou por falta de escolha
Então você irá
Viver,
Se movimentar,
Comer,
Beber:
Tudo vai ser diferente.

Somos todos estrangeiros
Hoje eu, ontem outro, amanhã você, talvez:
Cidadãos deste mundo

Fontes: Handelsblatt Morning Brief de 11.09.15, artigos do jornal Süddeutsche ZeitungFakten gegen Vorurteile” (Fatos contra o Preconceito) de 21.01.15 e “Was hinter der Bereitschaft der Deutschen Steckt” (O que está atrás da solidariedade dos alemães) de 11.09.15.

::Dago & Rosas Heft::

22/03/2015


O Dago Schelin, leitor da Mineirinha, sobre quem falei aqui e aqui, é um brasilemão. Seus antepassados emigraram da Alemanha para o Brasil nos anos 1920. E ele fez o caminho inverso, morando desde 2013 em Marburg e, com o relembrar da língua alemã, voltam também à lembrança as canções alemãs da infância. São canções que a mãe e a avó delem cantavam. Algumas são conhecidas como Guten Abend, Gute Nacht de Brahms. Boa parte das músicas já nem são mais lembradas pelo povo alemão. Mas foram guardadas, como numa cápsula do tempo, por gerações de imigrantes no Brasil. Ele as misturou com Bossa Nova e está divulgando um projeto verdadeiramente binacional Brasil-Alemanha! Segundo o Dago, a previsão do lançamento do CD é junho. As gravações estão sendo feitas na Alemanha e no Brasil (o samba na Alemanha e o clássico no Brasil) 🙂

Leia mais sobre o projeto do Dago aqui, dê um like aqui na página do Facebook do projeto dele. O resgate cultural, ainda mais praticado por um brasiemão como ele, merece todo o nosso apoio! Em tempo: aqui tem mais um outro projeto do Dago, o Living Room.

Aqui uma pequena amostra do Rosas Heft, comparado com a música tradicionalmente conhecida aqui na Alemanha:

::Ainda de luto::

08/01/2015

#jesuischarlie

::Enquanto isso, em Berlim::

07/01/2015

Num dia tão triste para a liberdade de expressão como o de hoje em que 12 pessoas foram mortas na França por terroristas islamistas, estes que não querem saber de pluralidade e só aceitam a sua verdade, acho na internet um sinal de paz numa placa em Berlim, com os seguintes dizeres:

“Por que as pessoas que vivem, trabalham, amam, brincam, aprendem, riem e moram aqui são chamadas de estrangeiras?” #jesuischarlie

Veja o projeto por trás desta frase aqui, baseado no julgamento do grupo terrorista neo-nazista alemão NSU, sobre o qual escrevi aqui. E abaixo, um filme com a artista que coletou e idealizou as placas, espalhadas por Belim e Munique, a alemã Beate Maria Wörtz. Veja outro trabalho dela, sobre o que significa a pátria para pessoas de vários cantos do mundo:

::Aprenda alemão (e, de quebra, inglês) cantando::

23/09/2014

Em dias como os atuais, onde os povos estão em guerra e falta entendimento dentro da raça humana, que afinal, é uma só, é gostoso ouvir músicas que são cantadas por pessoas multiculturais e que levam uma mensagem também multicultural, que falam de tolerância e respeito. Isso vale para esta música do cantor alemãoAdel Tawil, nascido em Berlim de pais imigrantes do Egito & Tunísia, com participação do cantor de reggae americano Matisyahu, filho de imigrantes judeus, que está fazendo bastante sucesso no momento aqui na Alemanha.

O refrão da música “Zuhause” (Casa) é o seguinte:

Venha, vamos fazer o mundo brilhar!
Não importa de onde quer que você venha
Você pode se sentir em casa onde estão os seus amigos
Neste lugar o amor é de graça

::Amizade sem brigas::

26/07/2014

Você tem um amigo com quem nunca brigou?

Eu tenho uma amiga assim, e ela tem 68 anos. É a única amiga de idade alemã, ex-colega de trabalho, com quem dividi o mesmo escritório de 1998 até o ano de 2000.

Os anos se passaram, e nossa amizade continuou. E eu nunca tinha percebido que nunca tinha brigado com ela. Ursula me chamou atenção para este fato da última vez que a visitei. Como não poderia deixar de ser, eu faço tudo errado, e ela me ama mesmo assim. Ela desculpa o fato de que eu marco um horário e não consigo chegar no horário combinado na casa dela. Chego de mãos vazias, apressada de um lugar pro outro, no meio da correria da vida de segunda a sexta, suando com o sol europeu, com o qual muitos do Brasil acreditariam que não seria suficiente para suar. Chego de mãos abanando e sou recepcionada com um sorriso, com um café, com a melhor porcelana, com biscoitinhos e carinhos. Ela nasceu no mesmo dia do meu marido e de um ex-namorado meu. Coincidência? Eu sempre fui rodeada de leões, o signo, iso é o que quero dizer. E apesar de ser leonina, durona, decidida, orgulhosa, de opinião inabalável e muito senhora de si, ela gosta de mim e eu dela. Amor gratuito. Simples assim.

Foi dela que recebi a oferta do “du”, o tu em português, que tem um significado tão especial de aceitação e respeito, de abertura de portas e escancaramento de janelas psicológicas, logo no primeiro dia de trabalho. O comentário veio acompanhado de um sorriso:

Mädel, du gefällst mir, du darfst mich duzen. (Menina, gostei de você, pode me chamar de Ursula).

Com esta oferta, para a qual nem soube dar tanto valor há tantos anos atrás, eu ganhei uma amiga para sempre. Ela tem me acompanhado nos sobes e deces da vida nesses 16 anos que nos conhecemos e nunca deixou de acreditar em mim. Quando eu faltava ao trabalho, por motivo de doença, minha ou da Taísa, ou por passar férias em algum canto, voltava ao escritório e minha mesa estava limpa, ela tinha feito todo o trabalho. Um grande exemplo de solidariedade que levei para a vida. A única vez que veio me visitar em casa foi quando o Daniel veio ao mundo, em 2005. E eu não sou a melhor amiga do mundo no que diz respeito a ligar sempre, acompanhar a vida do outro, portanto passamos alguns anos sem muito contato, mas a chama da amizade nunca apagou.

Há alguns anos atrás tive um trabalho perto da casa dela. Passei a ir lá com mais frequência, falávamos do passado, do hoje, dos filhos, do meu trabalho, de quando ela trabalhava, do nosso mínimo passado comum. Na mesa dela, a foto do marido morto que eu nunca conheci. Eu poderia ser filha dela. Ela tem uma filha única da mesma idade que eu, que só conheco por foto. Um dia ela me perguntou se poderia cortar um cachinho meu pra mostrar pra filha dela. Lógico que concordei. Se estou lá e ela atende o telefone, altera a fala do alemão padrão para o dialeto, que eu por sorte também entendo, e comenta que está recebendo visita de uma amiga querida que vem do Brasil.

Da última vez saí da casa dela com vários presentinhos: um vidrinho de marmelada, ervas do seu jardim, amor embalado pra levar pra casa. Da próxima vez vou lhe trazer uns potinhos de flores pra enfeitar sua entrada, nem de todo voada eu sou. Mas o carinho gratuito dela me deixa feliz e perplexa, pois amor gratuito e sem interesse é algo difícl de se achar neste mundo de cão.

Fonte de inspiração: texto escrito logo após de assistir o filme “Das Labyrinth der Wörter” (em português “Minhas tardes com Margheritte), que também fala de uma bela amizade entre gerações diferentes, cujo livro também li, indico por ser muito lindo e bem escrito. Ele é de autoria de Marie-Sabine Roger.

°°°

Freundschaft ohne Streit

Hast du einen Freund oder eine Freundin, mit wem du noch nie gestritten hast?

Ich habe so eine Freundin und sie ist 68 Jahre alt. Sie ist meine einzige ältere deutsche Freundin, eine ehemalige Arbeitskollegin, mit wem ich das gleiche Büro vom 1998-2000 teilte.

Die Jahre sind vergangen und unsere Freundschaft blieb bestehen. Und mir war noch nicht aufgefallen, dass wir noch nie miteinander gestritten hatten. Ursula machte mich darauf aufmerksam, als ich sie zuletzt besucht habe. Wie es nicht anders sein könnte, ich mache alles falsch, aber sie liebt mich trotzdem. Sie übersieht die Tatsache, dass ich mit ihr eine bestimmte Uhrzeit ausmache, und mir gelingt es einfach nicht die Zeit einzuhalten und bei ihr rechtzeitig zu Hause anzukommen. Ich komme mit leeren Händen an, gehetzt von einem anderen Termin, mitten in der Rennerei meines Lebens von montags bis freitags, verschwitzt unter der europäischen Sonne, auch wenn viele in Brasilien nicht glauben würden, dass die Sonne hier so stark sein kann, dass man darunter schwitzen kann. Ich komme mit leeren Händen an und sie empfängt mich mit einem Lächeln, Kaffee, schicken Porzellangeschirr, Keksen und Zärtlichkeit. Sie ist am gleichen Tag wie mein Mann, auch wie ein ehemaliger Freund von mir, geboren. Ist das ein Zufall? In meinem Leben habe ich viele Löwen gehabt, das Sternzeichen meine ich. Und obwohl sie eine Löwin ist, hart im Nehmen, mit eigener Meinung, entschieden, stolz, mit festen Überzeugungen und sehr selbstbewusst, mag sie mich und ich sie. Bedingungslose Liebe. So einfach ist das.

Von ihr habe ich zum ersten Mal das „Du” angeboten bekommen, das in der deutschen Sprache so bedeutend in Sache Akzeptanz und Respekt ist, das Türen und psychologische Fenster weit öffnen kann. Das passierte gleich am ersten Tag, als wir zusammengearbeitet haben. Ihr Kommentar kam mit einem Lächeln:

– Mädel, du gefällst mir, du darfst mich duzen.

Durch dieses Angebot, dessen Bedeutung ich damals nicht mal richtig einschätzen konnte, habe ich eine Freundin für die Ewigkeit gewonnen. Sie begleitet mich nun schon seit 16 Jahren, in all den guten und schlechten Zeiten des Lebens, und sie hat mich noch nie aufgegeben. Als ich bei der Arbeit fehlte, entweder weil meine Tochter Taísa oder ich krank war, oder weil ich im Urlaub irgendwohin ging, kam ich wieder zur Arbeit und mein Schreibtisch war picobello sauber, sie hatte für mich die ganze Arbeit erledigt. Dieses ist ein großes Beispiel von Solidarität, das ich in meinem Leben erfahren durfte. Das einzige Mal als sie mich besuchte, war als mein Sohn Daniel im Jahr 2005 zur Welt kam. Und ich bin nicht die beste Freundin der Welt wenn es darum geht sich immer telefonisch zu melden, immer ganz genau über das Leben der anderen Bescheid zu wissen, daher verbrachten wir mal Jahre in denen wir nicht allzu viel Kontakt hatten, aber die Flamme unserer Freundschaft ist nie erloschen.

Vor ein paar Jahren hatte ich eine Arbeitsstelle, die nah zu ihrem Haus lag. Dann ging ich sie öfters mal besuchen, wir sprachen über die Vergangenheit, über aktuelle Themen, über die Kinder, über meine Arbeit, über die Zeit als sie selber noch arbeitete, über unsere gemeinsame und vergangene Zeit. Auf Ihrem Wohnzimmertisch begleitet uns immer das Foto ihres gestorbenen Ehemannes, den ich leider nicht kennengelernt habe. Ich hätte ihre Tochter sein können. Sie hat eine einzige Tochter die so alt ist wie ich, die ich aber nur von einem Foto aus kenne. Eines Tages fragte sie mich ob sie von mir eine Locke bekommen könnte, um sie ihrer Tochter zu zeigen. Selbstverständlich war ich damit einverstanden. Wenn ich bei ihr bin und sie ans Telefon geht, ändert sie ihre Aussprache vom Hochdeutsch auf Dialekt, den ich zum Glück auch verstehe und kommentiert, dass sie eine liebe Freundin aus Brasilien gerade bei ihr zu Besuch hat.

Das letzte Mal als ich sie besuchte, ging ich wieder mit vielen kleinen Geschenken nach Hause: ein Gläschen Marmelade, Kräuter von ihrem Garten, verpackte Liebe die ich mitnehmen durfte. Beim nächsten Mal habe ich vor ihr ein paar Blumen mitzubringen damit sie ihren Hauseingang verschönen kann, so durch den Wind bin ich auch nicht. Aber ihre bedingungslose Zärtlichkeit mir gegenüber macht mich immer froh und erstaunt, weil bedingungslose Liebe ohne Interesse ist etwas, was man auf dieser harten Welt nicht so einfach finden kann.

Quelle meiner Inspiration: Text verfasst nach dem ich den Film „Das Labyrinth der Wörter” gesehen habe, der auch von einer schönen Freundschaft zwischen unterschiedlichen Generationen handelt, wessen Buch ich auch gelesen habe und empfehle, da es sehr schön ist und gut verfasst wurde. Die Autorin vom Buch ist Marie-Sabine Roger.

Sandra Santos 26.07.2014


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