
Hoje foi o dia do meu primeiro livro sair pra passear, e ontem fui entrevistada muito por causa dele. Ele foi meu primeiro filhote de papel. Go, Mineirinha, go!… Curiosa pra ver onde ele ainda vai me levar!… E para onde eu o vou levar!…
Outro dia, ainda no começo da quarentena que hoje já se estende por 8 semanas no meu caso, eu abri um newsletter e adorei o poema que li. Achei o endereço da autora e escrevi pra ela. Depois li que ela estava na Califórnia. Mandei uma pergunta pra ela no meu e-mail. Alguns minutos se passaram e recebi um poema de volta de volta como resposta!
::Uma carta de volta::
E como você vive e quais são os seus medos durante esta crise?
Que pergunta para enfrentar
depois da meia-noite, vinda do outro lado do mundo!
No seu país agora e hora
de descansar de todos esses medos diários e existenciais
até que, como Jacó e o anjo mau
nos concedam uma benção
Eu tenho medo de que pessoas que eu amo possam morrer
Eu tenho medo porque minha filha está herdando um mundo
muito mais duro do que ela merece.
Eu tenho medo porque momentos desesperadores chamam
por medidas desesperadoras e eu
não me sinto desesperada o suficiente.
Devo continuar? Eu tenho medo
que as pessoas estejam muito longe
da ideia real da verdade.
Eu tenho medo que tenhamos esquecido
como falar, e como escutar.
Eu tenho medo de que o tecido que nos mantém juntos
seja muito mais fino do que eu pensava que era
e que as pessoas continuem escorregando entre suas linhas.
E como você vive?
Com sofrimento. Com medo. Com sorrisos.
Com tédio. Com . Com alegria.
Com raiva. Com esperança.
Com a firme convicção de que nada
cancela nenhuma outra coisa.
A morte não cancela a vida.
O sofrimento não cancela a felicidade.
O medo não cancela a convicção.
Nem nenhuma dessas frases ditas ao contrário.
Faça um vaso do seu coração
Que seja suficiente para conter todas as emoções.
Imagine que você seja o ceramista.
Espiche o barro. Encontre contentamento com a mesa giratória.
Aceite que aquele vaso
nunca chegará a ficar pronto.
Autoria: Lynn Ungar 18/03/20 – poema original publicado aqui.
Tradução: Sandra Santos em 01/05/20