Chegando ao fim da minha quarentena de 14 semanas, penso que é um bom momento para fazer uma avaliação de como foi viver praticamente só em casa durante 3 meses. Semana que vem volto a trabalhar no escritório, ainda que de forma reduzida e dentro do “novo normal”.
Partes boas da quarentena do coronavírus:
– Aprendi mais sobre mim, sobre o mundo, História, Geografia, Psicoterapia, Consultoria, etc.;
– Tive contato constante com amigos e familiares, me importei com muitos e muitos se importaram comigo. Mesmo distante, estive relativamente perto de entes queridos;
– Tive a oportunidade de fazer 3 cursos de desenvolvimento pessoal e espiritual com algumas experiências inesquecíveis!
– Fiz novas (ou fortaleci) amizades através desses cursos;
– Ganhei um quadro maravilhoso de uma das participantes!
– Dei o pontapé inicial ao meu projeto de uma plataforma de empregos na Europa, a CONNEXX (página em inglês);
– Dei 2 entrevistas (Celso da Batatolandia e Silvia Regina Angerami) e participei de 3 workshops e 2 encontros como facilitadora no mundo virtual (Carlotas, D.L. e Caravana Cloud) – com a repetição estou me acostumando com a câmera e aceitando que não tenho que ser perfeita para aparecer online;
– Participei de alguns eventos online que em tempos normais teriam sido presenciais. Em alguns deles eu não teria podido estar presente pela distância física, mas a distância virtual é mínima!
– Aprendi a mexer com novos sistemas como o Zoom, que agora uso diariamente;
– Atendi 7 coachees – um deles já conseguiu um emprego no meio da quarentena!;
– Comecei e avancei bem no meu novo projeto de livro (HERstory – escreva a sua história);
– Meu livro Mineirinha n’Alemanha foi escolhido pelo Celso do Batatolândia como um dos 6 livros mais importantes para entender a Alemanha e os alemães (fui colocada ao lado de João Ubaldo Ribeiro!);
– Escrevi uns 5 poemas, participei de um grupo lindo de poetas publicando poemas maravilhosos no Facebook;
– Escrevi para uma poeta americana e ganhei um poema de presente com as perguntas que tinha colocado pra ela;
– Entrei para 2 coletâneas (poesias, turismo no Brasil);
– Estou participando de um concurso de contos com um conto sobre a pandemia;
– Ganhei um novo local de trabalho com direito a vista e a ouvir e ver os passarinhos cantando lá fora;
– Voltei a fazer crochê (e estou amando!);
– Por incrível que pareça, eu emagreci uns 3 quilos!
– Fiz bons passeios pelas redondezas, voltei ao lago com maior admiração ainda, continuo admirando cada flor que passa por mim (ou eu por ela) e fiz algumas aulas de ioga pela internet (queria ter feito mais);
– Tive alguns sonhos (dormindo e acordada) fantásticos!
– Ouvi muita música e dancei sozinha principalmente na cozinha;
– Participei pela 1ª vez de uma festa de aniversário pelo Zoom (em setembro tem mais! A minha própria!);
– Vi muitos nasceres do sol e tirei fotos lindas deles, fiz vídeos que vão ficar na memória porque, mesmo sem entender, dormia pouco e acordava várias vezes às 5h da manhã, às vezes com um poema inteiro na cabeça;
– Li alguns livros ótimos;
– Troquei 4 livros com autores brasileiros na Alemanha;
– Ganhei alguns livros do universo de estandes de livros para doação espalhadas pelo meu bairro!
– Constatei que os valores da empresa onde eu trabalho realmente batem com os meus! E fiquei muito feliz por isso!
– Contribuí da maneira que pude com as mazelas do mundo;
– Plantei algumas coisinhas na horta suspensa (Hochbeet) da minha varanda, iniciei um projeto de hidroponia;
– Tomei muito sol lá fora, protegida pela altura do meu apê;
– Arrumamos uma nova estante de livro em casa, com a grande ajuda da minha filha – ficou linda!
– Fiz várias boas comidas em casa;
– Passamos um ótimo tempo juntos em casa;
– A minha filha conseguiu seu primeiro emprego na sua área de estudos!
– A muito custo, mantive minha sanidade mental durante esse período… nunca senti tanta felicidade em rever pessoas como agora! Se eu pudesse, as encheria de beijos e abraços agora mesmo!
Partes ruins da quarentena do coronavírus:
– Sofrer triplicado: pelo mundo, pela Alemanha, pelo Brasil. Meu sofrimento começou já em janeiro na China, chegou ao nível máximo na época da Espanha e da Itália (porque inventei de ler um jornal em italiano e ver o sofrimento nu e cru de gente morrendo por lá por falta de leitos) e se abrandou com o tempo, tendo piorado de novo agora com os novos acontecimentos (morte do George Floyd nos EUA e aumento do número de mortos além da ocupação máxima em leitos no Brasil). Com o tempo, entendi que um certo controle no nível de notícias (e no formato delas, mais auditivo por rádio e menos televisivo por visão) me fazia bem.
– Temer por meus familiares e amigos principalmente no Brasil… Nossas mãos estão atadas!
– Voltei a consumir como há muito não consumia (provavelmente de ansiedade)…
– Não ter plena liberdade de ir e vir. Sinto falta de mar, do barulho do mar, da liberdade de poder viajar para onde quiser, mas sei que continuo com 100% de liberdade de pensar o que quiser.
– Perdemos uma viagem de férias à Espanha e deixamos de ver familiares por causa da pandemia;
– Principalmente quando a quarentena estava chegando ao fim notei em mim um certo nível de ansiedade ao ver estranhos vindo andando na minha direção (troquei de lado da rua várias vezes ao ver pessoas se aproximando);
– Acho que nunca vou me acostumar ao “novo normal”;
– Algumas vezes dormia mal, muitas vezes esquecia os sonhos ao acordar, mas a recompensa dos nasceres do sol foi algo que me acrescentou muito;
– Como toda pessoa normal nesse mundo, fiquei estarrecida ao ver fotos de uma morte de um negro nos EUA de maneira tão desumana (não tive coragem de ver o vídeo) e de certa maneira acho que o mundo está indo ladeira abaixo a passos larguíssimos em alguns pontos…
– Lamento que, por muitas vezes, os países tenham cooperado tão pouco entre si e que as linhas imaginárias entre eles estejam tão claras nas cabeças de tantos seres humanos…
– Lamento que muitos países não tenham uma liderança como a da Angela Merkel, que foi exemplar durante este tempo de crise!
Para ser sincera, tenho um pouco de medo do futuro mas ao mesmo tempo vejo essa experiência global como uma grande oportunidade de crescimento individual e coletivo. Pelo menos para mim, ela foi, ou ainda está sendo, sem sombra de dúvida, fonte de bastante crescimento em vários sentidos! Apesar de tudo, tenho uma premonição positiva para o mundo depois da crise do coronavírus! Na realidade sinto as duas frentes se debatendo, o bem e o mal, e espero, com imensa esperança, que o bem vença, e que saiamos desta crise mais fortes do que entramos.
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