Posts Tagged ‘política’

::Sempre aprendendo!::

15/06/2021

Aprendendo com a Chimamanda, agora através da entrevista dela no Roda Viva.
“Quando os direitos forem iguais para ambos os gêneros, não precisaremos mais do feminismo. “

Aprenda, como eu aprendi, mais sobre História, justiça social, o perigo das histórias únicas, a importância de símbolos/modelos/exemplos e por que todos deveríamos ser feministas. Uma mulher (homem/pessoa) pode se interessar pelo que ela quiser! E também ser o que ela quiser!
Bem notado pela autora: “Quando mulheres atacam mulheres, quem acaba tendo vantagens são os homens.”

E… ao final da entrevista, se quiser continuar refletindo sobre o tema, leia livros dela e também o meu novo livro HERstory – escreva a sua história!

::Bem isso!::

23/01/2021

::Mineirinha n’Alemanha::

03/07/2020

Há alguns meses atrás o meu primeiro livro, o Mineirinha n’Alemanha, foi escolhido pelo Celso da Batatolândia com um dos 6 livros mais importantes para entender os alemães e a Alemanha. Como escritora, foi uma grande honra ser colocada ao lado de João Ubaldo Ribeiro!

Hoje recebi um retorno de uma leitora sobre o livro, o que demonstra sua atemporalidade e me deixou de novo muito feliz com mais um feedback positivo sobre ele:

“Terminei seu livro e gostei muito! Pena que não li antes de vir pra Alemanha; teria me poupado muitos perrengues! 😊

Seu livro é muito interessante e muito informativo também! Compartilhamos muitas experiências, mas com pontos de vista diferentes! Muitos legal ver isso!

Realmente o seu é um livro necessário, de utilidade pública!”

::Pensativa::

17/05/2020

Tenho estado muito pensativa. Desde que vi o Brasil subindo a indesejável ladeira da pole position do número de casos e mortes de COVID, tenho sentido que estamos indo pro caminho oposto que eu tanto desejaria para o meu amado e sofrido país de origem.

Ontem fiquei sabendo de um amigo da época de universidade que provavelmente está com a doença. Ele relatou que a sensação é de como se ele estivesse se afogando no seco. Já conhecia outra pessoa que passou pela doença, mas ela já está curada. Quando as estatísticas saem do papel e começam a povoar nossos pensamentos com nomes concretos, a coisa muda completamente de figura.

Desde ontem algumas lágrimas teimam em escorrer pelo meu rosto, espero eu, em vão. Eu quero muito que as minhas lágrimas não tenham o menor sentido e que tudo acabe logo e que não tenhamos mais tantas razões para sofrer, calados, aqui do outro lado do mundo. Eu procuro ver o mínimo de notícias possível, e pessoalmente faço o que está ao meu alcance e procuro me manter psicologicamente forte, vendo e usando todas as oportunidades para enxergar um sentido positivo na pandemia. Mas vira e mexe algo cai nas minhas mãos, ou eu vou em busca de alguma notícia, e aí caio naquele redemoinho de pensamentos e sentimentos que é difícil controlar.

Em especial, queria chamar a atenção para este e este artigo. Ficam as dicas e a esperança de dias melhores. Obrigada Tassi e Dago por dividirem esse olhar comigo! Sigamos em frente com fé e foco. Oremos pelo Brasil e pelo mundo! Um bom domingo de paz e saúde para todos!

::A Alemanha é o país mais popular do mundo::

12/11/2014

Pela segunda vez consecutiva a Alemanha deixou os EUA para trás e foi escolhida como o país mais popular do mundo. A pesquisa, feita pela empresa GfK (Gesellschaft für Konsumforschung), foi feita envolvendo 50 países, a opinião de 20.000 pessoas de 20 países desenvolvidos e em desenvolvimento. Além do sucesso no futebol, a Alemanha ganha pontos nos quesito “governo competente e honesto”. Nos quesitos “clima de investimento” e “igualdade social” a Alemanha atingiu os pontos máximos existentes nesta pesquisa. Outros fatores que contaram pontos para a Alemanha foram o sucesso no futebol, a liderança política na Europa, a responsabilidade política reconhecida internacionalmente e a economia forte do país.

Os 10 primeiros lugares na pesquisa foram ocupados pelos seguintes países: Alemanha, USA, Inglaterra, França, Canadá, Japão, Itália, Suíça, Austrália e Suécia.

Leia aqui neste artigo mais alguns pontos positivos da Alemanha, quando comparada ao Brasil. Eu só não concordo com o seguinte: acho que brasileiros são persistentes, flexíveis e demonstram constantemente ser capazes de se reerguer. Esta é uma característica nossa que pode sim contribuir positivamente para alavancar nossa economia, dentre tantos outros fatores pelos quais temos que trabalhar de forma bem árdua. Mas a proposta do artigo continua valendo, e muito, como citou a autora nos comentários: serve de inspiração para nosso crescimento.

Fonte: artigo da revista Stern de 12/11/14, artigo da Folha de São Paulo de 09/07/14.

::Divagações de sábado de manhã de meio-brasileira, meio-alemã::

26/07/2014

Inspirada pela minha revista alemã predileta aqui na Alemanha (Der Spiegel), que comprei há umas semanas atrás e que absolutamente não pode ser substituída pela versão online da mesma, que leio toda noite, volto a pensar sobre o Brasil, a Alemanha e o mundo.

O artigo “A nação que está mais leve” (Die entkrampfte Nation, alguém tem uma sugestão melhor de tradução?) comenta que os alemães estão se descobrindo e se reecontrando, a cada Copa, com o passar dos anos, tendo como marco das mudanças a Copa de 2006, que ocorreu em solo alemão.

O povo alemão está aprendendo a se reinventar e pode afirmar o que está bom no país, e reconhece ao mesmo tempo o que não anda bem. Tudo faz parte da nova identidade, que é mais leve e mais desprovida do peso do passado. Eles sabem quem são internamente, mesmo que tenham dificuldade de saber qual é o seu papel no mundo. Ainda que esteja claro que, com Angela Merkel como líder forte, respeitada e atuante, a Alemanha tenha posição de destaque na política internacional. Portanto, eles demonstram no momento um misto de leveza e importância.

O artigo “Viajar, mas não pra longe” (Bloß nicht so weit weg, tradução livre), também da revista Der Spiegel, afirma que apesar dos jovens alemães terem a oportunidade – e condições – de estudar no exterior, muitos deles preferem ficar no país. Para mim isso pode ser um sinal positivo, já que vejo nas novas gerações a leveza descrita no artigo e o reconhecimento de que o país vai bem, obrigado. Por outro lado, o país está ficando cada vez mais multicultural, ainda que temas como diversidade e integração continuem a ser altamente discutidos. Dos jovens que vão ao exterior, muitos voltam afirmando gostar de conhecer o mundo, mas preferem viver na Alemanha, onde uma vida de qualildade é possível para a maioria da população e as escolas são de graça até a universidade.

Antes da queda do muro, os alemães se definiam como alemães do leste, do oeste, orientais, ocidentais, social-capitalistas, comunitas… “Ossis” e “Wessis” falavam do lado de lá e de cá. O muro caiu sem guerras e o país voltou a ser um só, e pode se dar a liberdade desde a Copa de 2006 de mostrar sua bandeira e de mostrar sua felicidade como nação reunificada. No meio do caminho, depois da queda oficial do muro que dividia o país, um muro virtual continuou por vários anos na cabeça dos alemães, que reclamavam uns dos outros e do fato de que a parte ocidental (cada cidadão) teve que ajudar financeiramente a parte oriental a se reerguer, enquanto na parte oriental falava-se do desemprego, das dificuldades encontradas com a reunificação. Algumas décadas depois, algumas diferenças persistem, mas o país pode se orgulhar de ter passado por este processo sem guerras e sem revolução civil. O alemão virou um povo só, não tem mais que se definir pelo lado de onde vem. E isso ajuda no sentiment de leveza.

O povo alemão também virou um povo colorido e multicultural. Segundo dados do OECD a Alemanha é o segundo destino de imigração no mundo, ficando só atrás dos EUA. Atualmente, 400 mil pessoas têm o desejo de ficar por aqui por tempo indeterminado.

Os alemães também refletem sobre seus erros. O fato de um aeroporto ter sido iniciado e nunca ter sido terminado em Berlim, por motivos de corrupção, falta de planejamento e má administração da verba pública os fazem afirmar: sim, nós também somos isso tudo. Ao mesmo tempo que reconhece seus acertos, critica os erros e olha para o passado de forma consciente para evitar a repetição dos grandes erros de um passado tenebroso.

O que é típico da cultura alemã combina com o estado atual do país: em grande parte, o povo é trabalhador e esforçado, disciplinado, (nota minha: vive de forma humilde, simples e prática) e quer crescer, ou pelo menos manter o que atingiu. Uma economia que vai bem contribui para a leveza de seu povo. Atualmente, mais de 42 milhões de pessoas têm um emprego, a maior marca da história do país. Os salários são bons e o poder de compra cresceu. Os juros estão baixíssimos e as pessoas aproveitam para gastar, comprar imóveis, investir na qualidade de vida. Parece que o país vai crescer 2% neste ano de 2014, o que, para uma economia idosa e instalada feito a Alemanha, é um resultado excelente.

O país vai bem e, se pudesse, iria congelar tudo o que tem no momento. Nada de novo, nenhuma nova chanceler no poder e o mínimo de política. Se o país se envolve de forma militar no mundo, então que seja para que soldados alemães se arrisquem ao mínimo e ajudem, podendo voltar depois para casa. Os alemães estão fartos de guerras.

O país se tornou mais leve, sim, mas ainda não sabe direito qual deve ser seu novo papel no mundo. Antes o país ocupava a liderança na Europa, sendo um dos melhores amigos dos EUA. Agora, com os escândalos dos últimos tempos de NSA e espiões tão próximos do poder alemão, tudo mudou.

Assim como os alemães, acho que nós brasileiros também podemos – e devemos – nos reinventar a cada dia. Não podemos ficar parados em cima do status quo de corrupção, egoísmo e da grande tentativa de manobrar massas da mídia brasileira, que representa os ricos desta nação que sempre souberam defender seus interesses. É necessário avaliar o que anda bem, e o que pode ser mudado. É necessário acreditar e apostar na liberdade de expressão dentro de um país dito democrático. Cada um de nós pode pegar na caneta, encostar os dedos no teclado, mãos à obra, em todos os sentidos! E acreditar que com o andar da carruagem o país vai se fazendo, o mundo vai mudando. Espero, pra melhor.

Mas a mudança começa de baixo para cima. Dos atos do dia-a-dia de cada um, em todo e qualquer canto do mundo. E só enxergamos aquilo que existe em nossa realidade. Aí está a razão pela qual vale a pena viajar e conhecer novas culturas, novas formas de resolver os mesmos desafios. Com a ampliação de nossas mentes, muitas coisas passam a existir, novas janelas vão sendo abertas. A perspectiva é válida para cada um nós. É válida para o mundo. Vão ser as trocas de experiência e de conhecimento que vão fazer deste mundo um lugar melhor para todos. Os animais, por exemplo os passarinhos e as borboletas, mais sabidos que nós, já nos mostram o caminho: eles não conhecem as fronteiras que colocamos no papel.

Fonte de inspiração: revista Der Spiegel número 29 de 14.07.14, artigos „Bloß nicht so weit weg“, página 46, e „Die entkrampfte Nation“, página 57.

::Seleção alemã: entre jogada de marketing e autenticidade::

13/07/2014

Tenho lido desde os últimos dias alguns comentários na internet sobre os presentes do time alemão à região onde esteve e sobre a suposta jogada de marketing bem pensada da seleção alemã durante a Copa no Brasil, que, muitos afirmam, está sendo feita para polir a má imagem no exterior da Alemanha de nazismo, frieza e calculismo. Os jogadores alemães, muitos deles de origem estrangeira (Turquia, Polônia, Gana), foram ao Brasil como representantes da Alemanha e demonstraram ser capazes de se comportar bem, interagindo positivamente com a população local.

Eu moro há 21 anos na Alemanha e posso afirmar que os jogadores não alteraram sua maneira de ser desde que estão no Brasil. Eles sabem que cada jogo é um jogo e que tem que ser vencido, não importando, naquele momento, os resultados do passado. A química entre muitos brasileiros e alemães sempre tendeu a ser boa, como já comentei em vários posts e também no meu livro, o que faz com que o alemão se sinta bem no Brasil, pois em muitos pontos somos antagônicos e em outros muito parecidos, mas a boa mistura é sempre a que prevalece. Tenho visto muitos brasileiros na Alemanha que são esforçados, buscam crescer profissionalmente e demonstram capacidade de integração, mesmo honrando sua pátria e nunca deixando suas raízes de lado, e isso contribui para o fato de que muitos alemães não tenham problemas com brasileiros, pensando muitas vezes em atributos positivos do nosso Brasil, como nossa beleza natural, nosso crescimento econômico dos últimos anos, nossas praias e nosso povo alegre, o Carnaval, mas também vendo coisas negativas que são retratadas sobre nosso país, como a desigualdade social, a corrupção, a pobreza. No final das contas acho que estamos aqui como embaixadores de nosso país e também de nossa cultura, e continuo acreditando que a mistura faz bem a ambos os lados.

Acho também que temos que tomar cuidado com nosso próprio preconceito. Ninguém gosta de ser comparado com opiniões preconceituosas voltadas a seu país. O alemão com certeza também não, o brasileiro muito menos. Aqui, como em qualquer lugar no mundo, existem pessoas frias e calculistas, mas também existem pessoas boas e amorosas. Quando um estrangeiro visita a Alemanha, com certeza ele percebe que não é carregado nas mãos nas lojas e muito dificilmente recebe tratamento diferenciado, além de perceber que muitas vezes é tratado de forma ríspida e/ou impaciente. No princípio, quando isso acontecia comigo, achava que era porque eu era estrangeira. Depois aprendi que o tratamento dos alemães independe da pessoa com quem estão falando, pois, e quem acreditaria nisso, em geral todos são tratados da mesma maneira. E quando o tratamento não condiz com o que eu espero, em geral eu coloco a boca no mundo e lido com minha insatisfação na hora do ocorrido. Com relação a tratamento em lojas, eu já me sinto até meio sem graça quando estou no Brasil, pois não gosto de que todo o estoque de uma loja seja retirado do lugar só pra mim. E, se começo a já ir guardando as roupas depois de desaprová-las, se estiver por exemplo numa loja de vestiário, recebo um comentário da vendedora de que não devo fazer isso, pois este é o serviço dela. Nos EUA, por outro lado, o negócio é ainda mais complicado pro lado do consumidor, pois a vendedora chega a mentir, dizendo que se pudesse, se tivesse dinheiro para comprar, usaria este produto, que aquilo que estamos experimentando está perfeito, lindo, impecável em nós. Assim fica difícil acreditar no que estão dizendo… Nem tanto ao mar, nem tanto à Terra. Eu prefiro entrar numa loja e olhar tudo por mim mesma, e se precisar da ajuda de um vendedor, espero encontrar algum que tenha competência para me orientar, sem usar de meios indevidos para me vender alguma coisa. Aqui na Alemanha, em grandes lojas de departamento, o que faltam, porém, são vendedores disponíveis. Isso é verdade verdadeira. Mas quando achamos um, temos a atenção que precisamos. Acima de tudo,eu tenho a dizer que o respeito à privacidade na Alemanha é muito grande. Cada espaço individual é sempre muito respeitado. Como há poucos vendedores em grandes lojas, interpretamos logo como se não tivéssemos atenção alguma deles.

Bom, mas tem a parte boa do alemão também. Quando algo acontece, quer seja dentro ou fora do país, como uma catástrofe natural, eles estão lá pra ajudar, pois são conhecidos por participar de vários projetos sociais, dentro e fora da Alemanha. O que não gostam muito, é de ajudar aparecendo, nem o que está sendo ajudado gosta de aparecer. Ambos precisam de uma instituição no meio, que os torne invisíveis. Quando são convidados para visitar alguém, levam em geral um presentinho para o anfitrião. No final do ano então, os alemães são campeões de doações. Portanto, os presentes que a seleção alemã deixou para os anfitriões brasileiros combinam com sua cultura e sua maneira de ser. E não foram poucos, segundo um relato tirado do Facebook (autor desconhecido):

Os alemães vieram ao Brasil e…

– Compraram um terreno,
– Construíram um condomínio,
– Incentivaram a reforma de um centro de saúde,
– Construíram um campo de futebol,
– Doaram uma ambulância,
– Incentivaram a criação de um programa de escola em tempo integral,
– Contrataram as pessoas da cidade, gerando dezenas de empregos,

Mais tarde a seleção alemã chegou e…

– Quando não estavam treinando, estavam socializando com as pessoas na cidade e na praia,
– Participaram de festas com a população,
– Interagiram com os moradores locais e ouviram suas demandas,
– Vestiram a camisa de um time local,

Quando ganharam da nossa seleção…

– Nunca desrespeitaram os brasileiros,
– Supostamente combinaram no intervalo do jogo diminuir o ritmo para não desrespeitar a seleção anfitriã,
– Mostraram que seus ídolos são os nossos jogadores do passado,
– Foram humildes após a goleada e tiveram classe para ganhar,
– Postam nas redes sociais mensagens de incentivo ao povo brasileiro e agradecimento pela hospitalidade,

E vão deixar tudo que construíram no Brasil.

°°°

Complemento meu:

– Um cheque de 10 mil euros (30 mil reais) para os índios da tribo Pataxó de Coroa Vermelha, que será investido na compra de um carro que será usado no transporte de pessoas que precisem de assistência médica;
– Deram de presente as 25 bicicletas que trouxeram da Alemanha e não puderam usar por motive de segurança, cada uma no valor de 1.000 euros
– Parece que vão deixar o Campo Bahia para ser transformado em uma escola.

Realmente, parece que fizeram tudo certo em termos de marketing. Leia aqui o que podemos aprender com eles em termos de técnicas de marketing.
Mas o que seriam as técnicas se eles tivessem sido arrogantes, tivessem se transformado logo após chegar no Brasil, perdendo sua autenticidade, tivessem trazido só profissionais da Alemanha para trabalhar no Campo Bahia para servi-los, tivessem usado de técnicas de marketing sem acreditar nas mensagens que estavam transmitindo, sem nenhum comprometimento com aquilo que estavam fazendo? A Alemanha está mudando muito e as gerações mais jovens não carregam consigo o peso do passado. Houve uma mudança substancial marcada durante a Copa aqui na Alemanha em 2006. Se quiser ler mais sobre este tema, clique aqui.

A última acusação que li foi que por trás do time alemão estão grandes empresas alemãs que patrocinam o time, tais como Adidas e Mercedes Benz, e que elas estão ganhando com o sucesso da seleção alemã, como não poderia deixar de ser. Esta é, afinal, a razão pela qual uma empresa aposta em patrocínio. Apesar de eu não ser fã do capitalismo e reconhecer nele muitas injustiças, acho que não vamos mudar o sistema de um dia pro outro. Então, se todos os times tivessem vindo ao Brasil, se comportado bem e tivessem feito algo pela região onde estiveram, acredito que a Alemanha não teria se sobressaido tanto assim como no momento.

Pessoalmente fiquei muito impressionada com a reação dos alemães logo depois de termos perdido de 7×1 pra eles. Eles perguntaram como eu estava, se já tinha me recuperado do jogo, como eu tinha me sentido, como tinha sido em casa com o marido e os filhos… Ninguém chegou rindo da minha cara nem fazendo brincadeiras de mau gosto. Ganharam meu respeito também com relação a este episódio. E foram muitos brasileiros que moram aqui que dividiram experiências semelhantes.

Por ultimo, por mais que me doa no coração, acho que o time alemão se sobressaiu tanto no Brasil devido à nossa decepção com o time brasileiro. Se nosso time tivesse convencido na competição, não teria deixado muito espaço para os demais. Mas no Brasil se joga bola em cada esquina, e devido à nossa natureza e nossa garra acredito que nos relevantaremos e em breve mostraremos um futebol, que no momento, muitos dos que entendem de futebol afirmam que está sendo jogado pelo time alemão…

Bom, esta é minha opinião, ainda acreditando que presentes são presentes e não se deve ficar analisando o tamanho de cada um, como já dizia um bom ditado alemão. Ainda assim fico curiosa com o que você pensa a respeito de tudo isso. Agora é sua vez de deixar sua opinião nos comentários. Se eu tiver esquecido algo ou deixado algo de fora, tanto com relação aos presentes quanto sobre as argumentaçõoes, agradeço por correções e acréscimos. Um bom domingo e um bom jogo para todos hoje à noite!

::Divisor de águas::

06/07/2014

brasil

Ai Jesus, morar na Alemanha e passar por uma Copa onde a Alemanha está prestes a jogar contra o Brasil é algo bastante complicado! Eu levo comigo um amor condicional à minha pátria, acompanhado de um profundo respeito pelo país onde vivo já há quase metade de minha vida. Portanto, fica difícil puxar sardinha pra um lado só. Aqui em casa vamos, eu e meu marido, vestir cada um a camisa de seu time, levando também um acessório do outro país. Paz total dentro das quarto paredes. Mas… desde que o Neymar se machucou, e que perdemos nosso capitão, eu tive um instinto muito parecido com o que depois andei lendo na mídia brasileira: tive vontade de que ganhemos este título pelo Neymar, que não pode mais jogar na Copa tão sonhada por ele… Mesmo declarando abertamente de que ficaria feliz também se a Alemanha levasse o título, porque são uma seleção idônea, fazem um bom trabalho, não são arrogantes e querem muito levar o título desta vez, fugindo do padrão mostrado nos últimos anos de chegar sempre tão pertinho do título e sair de mãos abanando…

Mas pra dizer a verdade verdadeira, eu queria que o Brasil ganhasse na Copa e também nas urnas… Que saiba separar uma coisa da outra e não se deixe ser levado pelo Sistema de pão e circo institucionalizado no nosso país, de dar entretenimento ao povo e esperar que ele fique caladinho, agüentando todas as mazelas. Quando me dizem que acham que a Dilma vai ganhar nas próximas eleições, quase tenho um troço. Achava que o Aécio seria um bom candidato, mas desde que fiquei sabendo que ele bateu na namorada e parece ser dependente de drogas, pensei comigo que este não pode ser o neto de um homem que me impressionou como o seu avô, o Tancredo Neves. Não vou votar, porque moro longe do consulado brasileiro, mas há muitos milhões de pessoas que vão ter esta oportunidade dentro e for a do Brasil, e eu espero que eles usem o seu poder para alavancar mudanças altamente necessárias. E depois que fiquei sabendo que o ministro Joaquim Barbosa deixou seu cargo para se “aposentar”…

E é como naquela música do Zé do Caroço: e na hora que a televisão brasileira destrói toda a gente com sua novela… É que o Zé bota a boca no mundo, ele faz um discurso profundo, ele quer ver o bem da favela… Está nascendo um novo lider!…
Eu creio fortemente que o nosso país tem gente de todo tipo, inclusive correta e que realmente quer fazer algo pela população, mesmo que no momento eu não saiba direito quem é (ou são) esse(s) político(s). Nego-me a concordar com a opinião do escritor Luiz Ruffato de que no Brasil todo mundo é corrupto… Veja o texto dele aqui. Dar boas gorjetas é sinônimo de agradecimento por um serviço bem feito, o que é prática normal aqui na Alemanha. Acho necessário saber distinguir entre atos explícitos de corrupção e atos de gentileza e/ou agradecimento. E olha que a Alemanha é minimamente corrupta! E negócios sempre foram e são feitos entre pessoas – e não entre órgãos e/ou empresas. Se duas pessoas se entendem, a sintonia gera negócios. O que não está diretamente ligado a um ato de corrupção. Acho importante aniquilar aquilo que entendo por corrupção: o uso indevido do dinheiro público para suprir interesses próprios. O uso indevido de vantagens individuais para atingir objetivos egoístas… Temos muitos exemplos disso. Aquele viaduto em Beagá onde duas pessoas morreram, e que foi exemplo de dinheiro público mal investido, da falta de atenção com o trabalhador, o não seguimento explícito de medidas de segurança básica – e por aí vai…

E, voltando a falar de futebol (sem o mínimo conhecimento de causa), acredito que, mesmo que todos afirmem que não há substituto para o Neymar, que o Scolari ainda há de tirar um coelho da cartola. O alemão geralmente gosta de se preparar para o desconhecido, e agora temos a vantagem do desconhecido, temos que dar o famoso “jeitinho”. E é exatamente daí que temos que tirar nossa vantagem, mostrando nosso jogo de cintura – e gols vindos de outras pernas, inspiradas pelo Neymar.

Pessoalmente falando, é uma coincidência muito grande que o Brasil esteja jogando contra a Alemanha na minha cidade natal, perto do meu aniversário de 21 anos de Alemanha, quase a metadde da minha idade atual. É como o fechamento de um ciclo pessoal pra mim, um divisor de águas. Espero que o resultado seja favorável pra nós. Se não for, é porque não tinha que ser mesmo – sairemos de todo jeito de cabeça erguida, porque eu tenho certeza que nosso time vai dar tudo o que tiver pra dar. Será que vão colocar o mineirinho Bernard pra jogar? E, mais importante que futebol, espero atentamente que o resultado das urnas mostre que o brasileiro está apostando naquele que tem capacidade de fazer o bem pelo nosso país, tão carente de mudanças substanciais.

Brasil mostra a tua cara, quero ver quem paga, pra gente ficar assim! Brasil, qual é o teu negócio, o nome do teu sócio? Confie em mim, Brasil! Já dizia o bom Cazuza!…

P.S. em 09/07/14: Este foi o jogo em que o Brasil perdeu de 7×1 para a Alemanha… Este jogo vai entrar pra história!… Mas fui surpreendida pelo carinho e/ou respeito do povo daqui, perguntando como eu estava no dia seguinte ao jogo e dizendo que sente muito pelo resultado, que não precisava de tanto! Bom, mas venhamos e convenhamos, eles jogaram muito bem e, além do apagão dos brasileiros entre os 11 e os 35 min. do 1° tempo, não soubemos mostrar nem jogo nem defesa. Será que a Alemanha vai levar o título? Será que vamos jogar pelo 3° lugar contra a Argentina? Ah, que venham as urnas!…

::Quem sabe quantos anos se passaram entre estas duas capas da The Economist?::

03/06/2014

::Agora o mundo vai ter que agüentar – um pouco do que se noticia sobre o Brasil no estrangeiro na atualidade – reportagem do jornal alemão Die Welt de 22/05/14::

25/05/2014

O argumento desta reportagem até é interessante, mas ainda assim eu espero que a Copa seja sim uma oportunidade para o brasileiro mostrar para o resto do mundo que somos hospitaleiros e sabemos receber bem todos os povos, de todas as raças, em nossa casa. Além do evento ficar mais positivo para o mundo, isso também pode gerar renda mais tarde para o país, a exemplo da Alemanha depois da Copa de 2006. Ainda que, pelo que eu ouvi dizer, uma camiseta do Brasil esteja custando 250 reais e que se possa comprar uma camiseta da Fifa com as cores do Brasil num supermercado alemão por poucos euros, mesmo não sendo a camiseta oficial da Seleção, a alegria do nosso povo é intrínseca, espero eu, e há de predominar. A reportagem é de autoria de Thomas Fischermann.

°°

Agora o mundo vai ter que agüentar – a Copa no Brasil não vai ser sinônimo de festa. O anfitrião está ocupado com outras coisas mais importantes

É necessário colocar as cartas na mesa: os brasileiros estragaram a Copa. Para si próprios e para o resto do mundo. Os estádios, hotéis e a infraestrutura irão funcionar de forma razoável dentro de três semanas, mas a animação já se foi. Há poucos brasileiros andando no país com camisetas verde-amarelas da Seleção, a decoração nas ruas com relação à Copa está muito pouca e é mais resultado de fontes oficiais do que da manifestação do povo como demonstração de alegria de que o evento está para chegar. Ao lado do estádio onde será iniciado o evento em São Paulo se instalou um acampamento de opositores da Copa do Mundo. “Não vai ter Copa”, está é a solução batalhadora de muitos dos manifestantes que foram às ruas durante a semana passada em mais de 20 cidades.

Isso é muito fácil de ser mal interpretado. A grande maioria dos brasileiros não tem na realidade nada contra a Copa do Mundo. Ela tem, acima de tudo, algo contra si própria.

Os brasileiros altamente indignados quase não conseguem suportar como seu país está sendo visto pelo mundo todo de forma cruel antes do início da Copa. Isso vai também ocorrer, supõe-se, com os visitantes durante a Copa. A revista inglesa The Economist montou a imagem de um foguete em forma do Cristo Redentor prestes a se desintegrar e a revista alemã Der Spiegel colocou na sua capa a imagem de uma bola de fogo caindo de forma meteórica sobre o Pão de Açúcar, enquanto o telhado do estádio de São Paulo, que ainda não está pronto, chamou a atenção através de manchetes de jornal pelo mundo todo.

Daí seguiu uma reação comumente conhecida no Brasil: “Nós não temos ligação nenhuma com a Copa! Não damos a mínima para ela!“

Esta pode ser a razão pela qual se perceba tão pouca euforia no país do futebol poucas semanas antes do início da Copa.

Mas isto é só uma parte da história, porque a afirmação de que “não damos a mínima para a Copa“ não foi a única reação à mísera preparação do evento. Mesmo que os brasileiros não gostem de ficar tendo sua orelha sendo puxada por causa dos atrasos nas obras da Copa, desde junho do ano passado uma coisa muito importante mudou: a crítica ao estado geral do país – à má distribuição de renda, aos excessos burocráticos e à corrupção, ao estado das escolas e dos hospitais, aos investimentos mal feitos e à polícia brasileira – é exercida pelos cidadãos de forma aberta, da forma mais frequente como nunca antes acontecido.

Há um ano atrás os brasileiros surpreenderam a si próprios com o fato de que milhões de pessoas foram às ruas; uma nova cultura de protestos se formou e também uma cultura do debate político. As preocupações e expectativas são, desde então, expressamente comunicadas, e os políticos se sentem obrigados a reagir a elas. Há várias razões para isto, e o fato do mundo estar de olhos voltados para o país por causa da Copa do Mundo foi uma das menos importantes. A classe média, bem educada e moradora dos grandes centros urbanos não aceita mais a má administração pública e não quer receber só promessas dos políticos, como acontecia no passado.

Ao mesmo tempo, os representantes da classe média baixa, que acabaram de deixar a linha da pobreza, deixam seu papel de servidores das classes superiores. Eles lutam por melhoras econômicas e para que sejam ouvidos pelos políticos. Esta é a dinâmica que dá base aos protestos recentes no país.

Em outras palavras: no meio de acusações internacionais e decepções, o Brasil está no momento dando um grande passo para a frente. O crescimento econômico rápido dos últimos anos, que vai continuar no mais tardar com a próxima alta das matérias-primas, liberou forças para a sociedade.

Tanto os ambiciosos que ganharam economicamente quanto os insatisfeitos entre os que melhoraram de vida vêem seu país como um campo de obras. E também percebem a possibilidade de crescimento econômico dentro de um país em desenvolvimento não só como algo que se subentende como algo existente, mas também como um projeto, pelo qual eles têm que lutar.

O dano colateral é que os brasileiros vão mostrar para o mundo uma Copa do Mundo meio sem graça. É possível aceitar este fato, se sabemos que isso acontece em nome de algo mais importante.

Fonte: Jornal Die Welt, reportagem de 22/05/14.


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