Posts Tagged ‘Quotidiano’

::Entre dois mundos::

18/03/2022

Hoje num grupo de WhatsApp um amigo disse que já disse “eu kommo” (já venho) pensando em alemão.

Mas todos nós falamos coisas estranhas, tipo “estou no balcão“ ao invés de varanda, quero cortar meu cabelo “em estufas“ ao invés de repicado, “demonstração“ ao invés de manifestação e por aí vai. 😅

E você, o que já falou de muito esquisito misturando idiomas?

::Frio no Brasil e inundações na Alemanha::

16/07/2021

Para quem ainda continua achando que não há mudanças climáticas acontecendo por aí, temos no momento dois bons exemplos aqui na Alemanha e também no Brasil.

No momento temos visita de parentes da Espanha que disseram nunca terem presenciado tanta chuva em toda a sua vida! E devido às mudanças climáticas as frentes frias não têm se movimentado como antes, com isso se chove muito, a precipitação é maior no mesmo local.

Ontem vi as cenas de inundações que aconteceram nos últimos dias em diversas cidades do centro-oeste da Alemanha. Casas literalmente desapareceram ou foram bastante danificadas, carros foram levados pela água como se fossem de papel, estradas e pontes foram destruídas. E o pior: até agora mais de 80 pessoas (!) morreram, muitas outras estão desabrigadas, além de centenas desaparecidas. Estas cenas foram ainda mais impactantes porque para mim isso era impossível, pois as casas aqui têm uma construção muito forte. Essa coisa de casa destruída por ação de mudanças climáticas para mim era algo que acontecia nos EUA onde as casas são muito mais frágeis. Erro meu.

O número de mortos ainda pode aumentar muito, pois muitos não são localizados no momento porque a comunicação por celulares está interrompida. Em algumas regiões afetadas não há energia, a água potável foi contaminada e/ou está sendo racionada. Um cenário que levará bastante tempo para voltar ao normal. Mais um trauma coletivo no meio da pandemia, mas onde muitos estão presenciando solidariedade em um momento de dor. Que essas pessoas tenham muita força e fé!

E no Brasil a questão é a do frio. Minha mãe me contou que nunca passou tanto frio como no inverno atual. Menos de 10 graus sem calefação e sem roupas apropriadas, por um grande espaço de tempo, não é brincadeira!…

Pra ajudar vocês quanto ao frio: vistam muitas camadas finas de roupa. Protejam principalmente as extremidades: pés, orelha, cabeça, mão (no meu caso pescoço tbém). Não deixem o frio “pegar” em nenhuma parte do corpo. Uma vez fui numa feira e o frio pegou atrás do meu joelho. Essa era a primeira parte do corpo que doía quando esfriava nos outros anos.

Ah sim, sapatos: quando cheguei aqui não acreditava nisso, mas bons sapatos no inverno são imprescindíveis. Tive que perder o ônibus e ter quase os dedos do pé congelando e sentir muita dor para aprender. A gente costuma aprender ou por experiência dos outros ou por dor própria. Naquela época escolhi o caminho mais difícil.

E como está o tempo aí onde você mora? Tem mais uma dica quanto ao frio?

::A sexta-feira 13 e o coronavírus::

15/03/2020

Ontem foi um dia doido, não é mesmo? Em termos de ansiedade quanto à evolução da doença aqui na Europa, líamos novas notícias praticamente a cada segundo que éramos bombardeados pelos meios de comunicação. E olha que eu adoro sexta-feira 13 e não estava com nenhum pressentimento ruim quanto a este dia!…

Dentre tantas outras notícias, esse foi o dia em que o coronavírus chegou na cidade onde moro… E que anunciaram que no estado onde moro, Baden-Württemberg, as aulas estão interrompidas até as férias de Páscoa a partir da terça que vem. A partir da semana que vem estaremos os três em casa: meu marido e eu trabalhando em home office e meu filho sem aulas, mas provavelmente em contato frequente com sua professora e com os colegas. Bendita tecnologia!

Confesso que tive dores na barriga de tanta apreensão, ao mesmo tempo em que me acalmava e pensava que tenho boa saúde, tenho familiares saudáveis e que vivo em um país cujo sistema de saúde pode ser considerado como um dos melhores do mundo. Felizmente não estou nos EUA, onde um teste pode chegar a custar algumas centenas de dólares, sem falar no tratamento. Aqui ninguém precisa de ter medo de não receber tratamento por não conseguir pagar a conta do hospital. A não ser que a doença evolua rápido demais… nesse caso, não há sistema de saúde que comporte tantos casos graves necessitando de tratamento intensivo.

É por essas e por outras que saí ontem à noite para comprar medicamento e ir ao supermercado com o entendimento de que a partir de agora estou entrando em quarentena voluntária.

Pensando hoje no assunto, acho que uma quarentena voluntária é recebida de uma forma totalmente diferente de uma imposta pelo governo. Por um lado, não estou doente e por outro eu mesma tomei a decisão de ficar em casa para contribuir para que a propagação da doença aconteça de forma mais lenta. Li um livro, tomei sol na varanda, fiz ioga, cozinhei, me informei… Passei o dia tranquila. Felizmente, as dores na barriga já tinham sumido quando acordei.

Hoje temos perto de 3.800 casos registrados na Alemanha e 8 mortes enquanto a Itália conta com 17.700 casos e perto de 1.300 mortos. No total, temos pouco mais de 156.000 casos de coronavírus no mundo e pouco mais de 5.800 mortos. Depois que entendi que estamos a uma semana do quadro italiano, minha percepção sobre essa doença mudou completamente. Quanto mais ficarmos em casa, melhor será para todos. Esse artigo aqui explica isso direitinho.

Tenho observado uma divisão da sociedade em cinco grupos: 


a) os que querem ignorar a pandemia tapando o sol com a peneira;


b) os que já entenderam que a situação é crítica mas não querem mudar seus hábitos, querem continuar tendo contato social, ignorar as medidas sugeridas, etc;


c) os que já entenderam que a situação é critica e que cada um tem que dar sua parcela de contribuição, praticando a higiene e reduzindo seus contatos aos mínimo necessário;

d) pelo menos parte desse grupo dos que já entenderam que a situação é crítica, vem se preparando há alguns meses ou semanas para o pior, comprando estrategicamente comida e água e se precavendo para caso a situação se agrave, mas sem alarde. São os chamados “preppers“;

e) tem também o grupo dos que adoram propagar pânico, enviando p.ex. fotos em mídias sociais de partes de supermercados com suas prateleiras vazias e repassando fake news ou memes, em parte atiçando o pânico, em parte ridicularizando ou minimizando a pandemia. São pessoas que estranhamente adoram desinformação e confusão. Pode até ser que alguma(s) outra(s) força(s) esteja(m) aí por trás também!

Espero que a Alemanha tenha mais pessoas pertencentes ao 3-4. grupos porque a diferença da evolução da doença entre países que adotam medidas severas a tempo (Taiwan) e outros que adotam essas medidas mais tarde é enorme: a mortalidade varia de 0,5 a 4% do total dos infectados!

P.S.-Alguém pode me explicar por que pessoas que chegam do exterior só têm que ficar sete (!) dias em quarentena, sendo que o período de incubação é de 14 dias?!?

Agradeço a leitura atenta do meu fiel leitor André de Schröder de Berlim, que contribuiu para a expansão dos grupos da pandemia de três para cinco, incluindo os preppers e os que adoram um pânico e espalhar desinformação. Obrigada, André!

Fonte: página na internet do Robert Koch Institut, consultada no dia 14/03/20.

::Um dia qualquer, um dia desses::

12/10/2017

Ela se levanta e vai cuidar da vida. Antes, dá uma enroladinha de 5 minutos na cama. Em pouco tempo, depois de pular da cama, ela e o filho estão prontos para o novo dia. Dependuram bolsas, mochilas e tudo o mais que precisam em seus corpos e dão no pé para não perderem o ônibus. Já dentro dele, dão o primeiro “bom dia” do dia para o motorista, conversam um pouco, se ajudam com o que levam, trocam umas ideias sobre o dia e sobre o que está por vir e se despedem a certa altura, quando o filho desce do ônibus.

Ela segue na rotina diária de dar uma lida nas manchetes dos jornais, e constata a cada vez mais como os jornais sofrem com esse mundo digitalizado! Muitas vezes, as manchetes não refletem mais os últimos acontecimentos… Ela agradece em carreira pelo transporte público que a leva até o trabalho, mas inicia uma cadeia de reclamações quando algo sai fora do planejado e as expectativas de chegar no trabalho em determinado horário vão pro espaço.

Um pouco de Facebook, mais leitura. Ah sim, agora as mulheres podem dirigir na Arábia Saudita?!? Quer dizer, a partir do meio do ano que vem??? Ah, e elas iam tirar carteira em outros países, se por ventura achassem quem as liberasse para tal, e agora estão felizes que vão poder tirar suas carteiras do esconderijo? Nossa, elas não podiam ir a um estádio e agora podem fazer parte das festividades nacionais??? Elas não podiam tanta coisa, quer dizer, não podem ainda, isso tudo tem que ser organizado ainda. Vão ter que abrir mais auto-escolas, preparar o país para uma mudança grande dessas… Ah, e tudo isso depois de um clérigo ter anunciado lá “que as mulheres não merecem dirigir porque só têm um quarto do cérebro de um homem!” Ah sim, com certeza esse rei que anunciou essas novidades tão “bondoso” não está sendo movido a dinheiro, obrigado a modernizar o país 100% dependente do petróleo, e os homens não estão cansados de ficar dirigindo as mulheres para cima e para baixo e pagar motoristas para elas, que bem poderiam estar dirigindo seus próprios carros e movimentando a economia com as próprias pernas!… Money makes the world go round!… Muito bem.

Ela chega no trabalho e o dia passa, como sempre, voando… Se não prestar atenção, nem um café ela toma, porque já chegou a hora do almoço. Ah, perdeu o horário de ir almoçar com os colegas por causa de outro compromisso. Não faz mal, ela resolve comprar algo pra comer e vai pra beirada do rio, aproveitar o sol e as árvores de mil cores do outono. Encontra por acaso um jovem de 20 e poucos anos, colega de trabalho dela, e diz pra ele aproveitar a vida como estudante de Mestrado, que ele vai começar no começo do ano que vem. “Estudantes vivem definitivamente uns dos melhores anos de suas vidas! “, diz ela… Não comenta que se refere às preocupações do dia a dia do adulto, às decepções que a vida vai apresentando, às correrias, às expectativas de tudo e todos que nem sempre podem ser cumpridas…  Money makes the world go round!… Muito bem.

Já tinha a firme intenção de voltar para casa quando é pega, antes de conseguir se levantar da cadeira, por uma das pessoas importantes com quem ela lida. Ele reclama e descarrega sua frustração enquanto ela procura opções e argumenta. Ele se vai… e ela descobre que por 5 minutos perdeu o trem e terá que ficar mais meia hora no trabalho até que chegue o próximo trem…. Vai acabar chegando em casa à noite…. Money makes the world go round!… Muito bem.

No caminho pra casa, umas florzinhas lindas no caminho, um passo firme para ter certeza de que vai chegar na hora que o trem vai passar, um pouco de WhatsApp, algumas mensagens, umas novidades do Facebook… e mais notícias do dia. E esse tal de Weinstein sobre quem todos estão escrevendo nas manchetes das revistas, quem é ele? Ah… que cara nojento, esse chefão e magnata da Miramax, uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, usando seu poder para comer as menininhas e mulheres de Hollywood, ameaçando destruir as carreiras delas e ao mesmo tempo saindo do banheiro pelado pronto “pr’aquilo” sem querer nem saber se a pessoa está interessada ou não… Casado e com mulher em casa, mas quem importa com isso? “Ah, e não tem problema nenhum, se alguém ousar abrir a boca, eu dou uma desculpa esfarrapada e ofereço uma grana para que ela fique calada! ” (Parêntesis para as vezes que eu mesma sofri ataques mínimos e não tão mínimos de homens nos ônibus, no primeiro emprego, do chefe, do colega de trabalho, do namoradinho… Fiz por bem esquecer da maioria deles, mas quando começo a ler as descrições detalhadas de algumas das mulheres atacadas pelo Weinstein, as lembranças colocadas no cantinho da memória afloram…) Money makes the world go round!… Muito bem. Mas, pensa ela, há algo positivo nessa meleca toda: as mulheres estão tomando coragem de denunciar o que é antes sofriam caladas!

Ela olha pra fora no trem e vê um céu indescritivelmente lindo! Vermelho, alaranjado, todo pintado, parece até pintura! Ela tira o celular da bolsa pra fotograr aquele espetáculo! Ao invés de ir direto para a casa, ela vai na direção da água para tirar mais fotos, observar o pôr do sol, lindo de um jeito diferente a cada segundo que passa. Que momento mágico! Há muito, muito a agradecer. E muita beleza que muitos não têm tempo de ver, mas que ela agradece por ter a oportunidade e realmente presenciar aquilo, poder estar PRESENTE. A vida é um presente.

::Quanta alienação e quanto egoísmo são necessários para sermos felizes?::

17/01/2012

Semana passada fui num encontro de mulheres (a maioria delas alemã) que me fez pensar muito. Deparei-me com um grupo altamente qualificado, altamente alienado, altamente feliz. Pelo menos aparentemente. Com o andar da conversa, uma delas comentou que vê de longe quem assiste muita televisão, pois a pessoa é medrosa, muitas vezes paranóica. Criticaram o nível da tevê alemã, que é aliás um assunto super crítico aqui na Alemanha, pois parece ser parte da origem de todos os problemas, sendo vista quase que 100% negativamente. Argumentei que aquilo que vimos é um reflexo do nosso interior, e que tenho o livre arbítrio pra escolher na tevê excelentes documentários, bons filmes, bate-papos, noticiários, disse que tem muita coisa ruim, mas muita coisa boa também. Como tudo na vida, depende de encontrar um meio-termo. Esta não era a opinião da maioria, que evita não só tevê, como também todo e qualquer tipo de noticiário. No meio da discussão, quando eu comentei que tenho me informado muito no momento sobre p.ex. o Wulff, uma delas me perguntou quem era ele. Minha resposta foi placativa:
– O seu presidente!
E a resposta, impressionante:
– E do que me adiantaria saber sobre o que ele fez ou deixou de fazer? Eu não votei nele! E para que essa informação vai adiantar na minha vida? Só pra poder falar alguma coisa numa roda de bate-papo como esta?
Sinceramente, fiquei chocada. Eu argumentei, junto de outra amiga não-alienada, que devemos nos informar para tomar decisões, que o ideal seria uma democracia participativa, como no caso do Stuttgart 21, pras pessoas poderem participar de decisões que influenciam suas vidas. A contra-argumentação também me deixou perplexa:
– Eu não fui votar no plebiscito do Stuttgart 21, pois não sei nada deste projeto. Não sei e não quero saber. Ele não me importa. E como não me importa, não quis participar.

Saí de lá pensativa e perplexa. Já passei por uma fase bem enorme na minha vida onde me importava e me doía toda a pobreza e toda a injustiça do mundo. Mais tarde, compreendi que não há justiça absoluta e não posso sofrer as dores do mundo. Mesmo assim, continuei antenada. Praticamente não passo um dia sem me informar sobre o que está acontecendo no mundo. Por um lado, as transformações, acidentes (p.ex. o acidente do Cruzeiro na costa italiana) e tsunamis da vida me assustam muito. Por outro, vejo tanta coisa mudando pra melhor, como a caída dos ditadores, o avanço da democracia, a luta pelos direitos humanos…. Vejo com expectativa e grande interesse o mundo à nossa volta e quero fazer parte de uma transformação positiva, mesmo que minha participação direta seja pequena. Sim, o mundo atual é pesado. Mas só consigo “tirar férias dele” quando saio, eu mesma, de férias.

A atitude daquelas mulheres me fez ficar pensando sobre quanto de alienação e egoísmo seriam necessários pra eu me sentir feliz. Eu me importo demais, penso demais, raciocino, leio, troco, falo, penso, repenso, leio até no último minuto antes de ir dormir. Falando sobre o assunto, perguntamos pra alguns alemães o que significa “alienado” em alemão. Ambos responderam “Eremit” (eremita), mas esta não era naturalmente o sentido da palavra. Pesquisando um pouco mais, achei as traduções: “entfremdet” e, ainda mais forte, “geisteskrank” (louco, dentre outros significados). Não, eu não quero ser nada disso. Vou continuar lendo como sempre.

“A alienação trata-se do mistério de ser ou não ser, pois uma pessoa alienada carece de si mesma, tornando-se sua própria negação. Alienação refere-se à diminuição da capacidade dos indivíduos em pensar em agir por si próprios”.

Fonte: Wikipedia

::O que você estava fazendo no dia 11/09/01? E no dia 11/09/10?::

11/09/2011

No dia 11/09/01 eu estava trabalhando, quando fiquei sabendo do ataque terrorista às torres gêmeas em Nova Iorque. Meu chefe tinha ligado pro distribuidor da empresa nos EUA e fiquei sabendo no momento exato em que tudo aconteceu. Não conseguia imaginar direito como o atentado era exatamente e o que significava tudo aquilo. Do trabalho, fui pra casa da minha amiga Maria, que morreu alguns anos depois (que Deus a tenha). Vi com ela na tevê a face do terror. 😦

Ano passado estava com meu marido e minha família comemorando a abertura da loja XGames em Radolfzell – compra, venda e troca de jogos e filmes. 🙂

E você, o que estava fazendo nessas duas datas?

::Choque no Facebook::

14/12/2010

O Facebook, FB para os íntimos, virou artigo de primeira necessidade pra muitos, pra uns mais, pra outros menos. Os jovens aqui da região onde moro estão todos por lá, e passam horas visitando os perfis dos amigos, recebendo e enviando mensagens, papeando no “chat”, etc. O número de amigos é imenso (200-300 pessoas no mínimo). As fotos, fantásticas. O conhecimento das ferramentas do programa: avançado. Eu, da minha parte, visito o FB com relativa frequência: trata-se de uma visitinha rápida quando eu passo pelas novidades no meu perfil, faço um comentário aqui, outro ali e de lá vou pro perfil da loja do Matthias, o “XGames Radolfzell“, pra divulgar alguma promoção e estar, junto com ele, em contato com os clientes.

Ontem, lá pela 1h da madrugada (eu sei, eu deveria aprender a ir mais cedo pra cama, mas não sou de ir dormir cedo!), resolvi dar uma passadinha rápida no FB pra me atualizar das novidades antes de desligar o meu computador e ir pra cama. E eis que arregalo os olhos perante uma notícia inesperada, que comuniquei imediatamente pro Matthias. O anúncio estava em palavras claras e simples no meu perfil: “Taísa Santos está se relacionando com xx Dörfer”! Quer dizer então que minha filha tem um namorado e não me contou! O 1° namorado! Mil e um pensamentos circulavam na minha cabeça como um turbilhão… Ah ha, então esta é a modernidade, onde os pais são informados pelo FB sobre o namoro dos filhos! Não hesitei: procurei o perfil do tal menino, dei uma olhada em algumas fotos e constatei quem ele era, que o namorico tinha começado supostamente ontem mesmo, etc… Pensei num outro carinha da sala dela, muito simpático, e senti por não ser ele o “escolhido”. Minha reação? Mandei pra ele um convite pra ele ser meu amigo, sem maiores comentários!

Há alguns meses atrás o FB tinha me mandado uma mensagem afirmando que achava que eu conhecia meu irmão, vê se pode, e perguntou se eu queria ser amiga dele! Pois então, isso já tinha sido demais, imaginem agora a novidade do momento! Como já era tarde da noite quando fiz a descoberta, não tive como conversar com a Taísa ontem à noite mesmo. De manhã o tempo é curtíssimo, mas pensei que poderíamos conversar no carro, quando a levaria para a escola. Quando a acordei de manhã, ela me disse que iria pro colégio junto de uma amiga, e por isso ela não iria pegar carona comigo, podendo dormir mais um pouco. Dado que ela é praticamente incomunicável quando acorda, a conversa ficou mesmo pra noite.

Durante o dia os pensamentos neste sentido foram tomados por vários probleminhas pra resolver no trabalho, tendo sido interrompidos pela hora do almoço, quando me encontrei com o Matthias, meu marido. Eu e ele fizemos vários comentários de como a vida está ficando doida, meu Deus, imaginem uma máquina me avisando que nossa filha tem namorado! No domingo mesmo eu estava comentando com uma amiga que achava que ela estava prestes a arrumar o 1° namorado, mas não imaginava que iria ser “tão de repente” assim. Meu marido chegou até a brincar, dizendo que a partir de agora ela precisa de cinto de castidade e vai ficar 3 anos presa em casa. Tudo na brincadeira, claro, mas a novidade do dia tinha mesmo nos deixado meio “fora do ar”. Acho que nos sentíamos naquela hora como todo pai se sente quando fica sabendo do 1° namoro do filho: meio perdidos, um tanto quanto “velhos”, um misto de um pouco de alegria e um pouco de receio no ar.

Depois do trabalho, fui levar o Daniel pra cortar cabelo e ele ficou aliás super gatinho de cabelo curto e de óculos! 🙂 Chegando em casa, tinha um senhor medindo o consumo da nossa calefação: nada de conversa. Como ela não tocava no assunto e eu também não, e já que o Matthias estava prestes a chegar em casa, resolvi esperar por ele pra podermos conversar com ela na presença de nós dois em casa. Dito e feito e conforme o planejado, o Matthias foi logo ao ponto ao entrar dentro de casa:
– Boa noite, senhora… – e se virando pra mim – Como era mesmo o nome dele?
– Dörfer! – respondi.
Ele, imediatamente:
– Boa noite, senhora Dörfer!

Ela riu com um sorriso meio amarelado no caminho pro quarto dela. Não disse nada. Ao voltar, explicou que era uma brincadeira dos dois, e que eles tinham feito isso só pra espantar umas 3 meninas que estavam atrás do dito cujo e pra que elas o deixassem em paz. Pode uma coisa dessas? Bom, ufa, o namoro só existe então no mundo virtual! Ficou pra próxima, pausa, tudo voltou ao normal. Deus meu, estou envelhecendo. Minha filha está se transfomando em mulher e saindo de vez debaixo das minhas asas. Ela não estava me escondendo nada, mesmo porque não tinha razão para tanto, pois somos amigas. Nada mais do que um dia normal como outro qualquer. A novidade era só uma brincadeira.

Pra compensar o choque de ontem, acabo de entrar no FB e achar esta figurinha aqui:

Obrigada, Ceci! O que seria da Mineirinha sem você? Nada como um dia depois do outro!!!

P.S.-Update, 15.12.10: Hoje a Taísa contou que o suposto namorico já foi apagado do mundo virtual sem deixar vestígios. Rapida ela, heim?

::Ah, sim…::

19/07/2010

Só queria deixar registrado que alguns dias depois da vitória da Espanha na Copa, a vizinha do térreo, que mora aqui no prédio há uns 2 anos, veio cumprimentar o Matthias, meu marido. A conversa se desenrolou mais ou menos da seguinte forma:
– Ah, oi, tudo bem? Queria lhe cumprimentar.
E ele:
– Cumprimentar pelo quê?
Ao que ela retrucou:
– Pela vitória da Espanha. Vocês não são espanhóis?
O curioso é que a pergunta vinha de uma alemã, feita para um alemão, dentro da Alemanha, meio que querendo excluí-lo também de alguma forma, apesar dos parabéns. Tirando que uma bandeira nossa do Brasil ficou semanas dependurada na janela do outro vizinho português e que os nossos nomes, tanto o brasileiro, quanto o alemão, constam da caixa de Correios daqui de casa…
Meu marido respondeu:
– Não. minha esposa é que é brasileira. Eu sou alemão de “raça pura”.
Ele deu a resposta sorrindo de maneira irônica pra ela, pois cresceu na Espanha e já se mudou muitíssimas vezes dentro e fora da Alemanha. Na realidade nem ele mesmo sabe de quantas partes são feitas sua origem/identidade, ainda mais porque ele diz que queria ter passaporte brasileiro. Mas o que ele respondeu pra ela é verdadeiro: ele nasceu aqui. Antes que ela pudesse responder qualquer outra coisa, ele virou as costas e continuou andando pelo corredor do prédio.

::Dia-a-dia com risadas::

29/05/2008

O Matthias vive me fazendo rir. Hoje ele achou o passaporte dele que estava perdido há algumas semanas e ele nem esquentava, e dentro do passaporte tinha uma aspirina. Sua reação:

Uau! Hoje pra mim é como Natal e Páscoa ao mesmo tempo!

Mais tarde pergunto se ele quer comer um doce que ganhei da minha amiga, que eu mesma nem me atrevo a comer por ser cheio de chocolate (e de calorias!). A resposta dele:

Ah, não, isso daí é um Granatsplitter (um doce tradicional alemão feito com restos de bolos ou com a base de biscuit de um bolo e com cobertura de chocolate), eu não gosto disso de jeito nenhum.

Não, Matthias, não é não. Minha amiga fez em casa, por dentro tem só a base de biscuit de um bolo, além disso chocolate. É só.

Não, eu não quero isso não. Só de me lembrar da última vez que comi isso, o meu estômago já revira todo. Dei a primeira mordida e vi vários pedaços de bolos diferentes misturados numa massa só, não quero nem lembrar…

Dá pra acreditar que ninguém vai comer e o bendito vai acabar indo pro lixo?

::Resumo de Stuttgart::

25/05/2008

Dalai Lama e Angela MerkelChuva torrencial ao chegar – quarto de hotel “vá lá” mas bem localizado – muitas saudades do Matthias e dos meninos – aulas diárias de manhã e à tarde – enxaqueca pesada/duas aspirinas toda manhã – horas numa livraria e mil e um livros que eu teria vontade de comprar – filme imperdível do Dalai Lama, que esteve de visita semana passada aqui na Alemanha (10 Perguntas ao Dalai Lama) – pesadelo – noites mal dormidas – enxaqueca – estudos – sopa thai deliciosa com leite de côco, legumes e “capim de limão” num bar/restaurante com café-da-manhã até às 17h30 da tarde, nos finais de semana até às 19h da noite – comida vietnamesa – comida turca – comida chinesa – sorvete – bar oriental – bar mexicano com café-da-manhã até às 23h da noite – compra de presentes na C&A – comida a quilo biológica – água – água – água – cantores de rua – mil idiomas nas ruas (140 nacionalidades vivem em Stuttgart) – nervosismo – prova escrita – nervosismo – prova oral – nervosismo – apresentação – interrogatório da banca examinadora – encontro com minha família – volta pra casa…

Cá estou eu novamente. Obrigada pelo apoio de vocês! O que me chamou a atenção no curso que fiz foi que eu era a única pessoa que já trabalha na área… e provavelmente a única estrangeira!

Finalmente acabei meu curso! Agora sou formada na área, uni os conhecimentos práticos que já tinha à teoria de Recursos Humanos e trouxe muita idéia legal pra ser implementada na minha empresa. Notas das provas: 2 (aqui na Alemnha as notas vão de 1 a 6, sendo que 1 é a melhor nota) para a prova oral, decepcionantes 2,7 para o projeto final. A professora de desenvolvimento de pessoal era minha chapa, espero que a nota da prova escrita levante minha nota final para algo em torno de 2. Fiquei decepcionada com a nota do trabalho final principalmente por causa dos comentários do professor doutor que leu e avaliou meu trabalho, assistiu minha apresentação e colocou perguntas sobre o mesmo. Sua primeira reação foi “Parabéns, seu alemão melhorou muito da 1a. parte do curso para a 2a.!” o que não arrancou de mim mais do que um sorriso amarelo, já que esta não era a questão primordial para estar ali. Esperei um tempo para ouvir minha nota geral, uma média entre a nota do trabalho escrito (69), da apresentação (80) e do interrogatório sobre o trabalho (89). “A senhora tem muito conhecimento, mas seu trabalho não foi científico o suficiente, pelo menos para o que nós alemães entendemos como ciência”. Com a outra professora tínhamos aprendido que um avaliador pode cometer erros de avaliação por ser egocentrista, se comparar à pessoa que avalia, e por cometer erros de ideologia, como dar nota boa para alguém que faz parte do seu grupo social informal. No meu caso, acho também que meu trabalho não foi “científico” o suficiente, mas acho que sua avaliação foi possivelmente também influenciada pela visão que ele parece ter dos estrangeiros e talvez até por eu não ter me vestido como se estivesse indo para uma entrevista pessoal para conseguir um emprego, como os outros colegas estavam vestidos. Eu sou uma pessoa revoltada com o fato das pessoas se concentrarem demais com o exterior, muito mais do que com o interior do ser humano, e demonstro isso sempre que possível. Fui para a apresentação com minha camiseta de protesto das Olimpíadas e a favor do Tibete. Viva o Dalai Lama! Por acaso dei meu trabalho para a outra professora ler – vou perguntar para ela, só por curiosidade, que nota ela teria me dado… Ela é mais voltada para o lado humano, ele para o econômico, e como voltei meu trabalho cujo tema foi “A Geração Estágio – Desigualdes no Mundo do Trabalho para Jovens e Idosos!”) mais para a 1a. questão, acho que ela gostará mais dele do que o tal doutor. Este é, aliás, mais um erro do avaliador: avaliar a partir de seus gostos pessoais. O que importa: terminei o curso depois de 2 anos de labuta, F-I-N-A-L-M-E-N-T-E!

De volta pra casa

O Matthias disse hoje pra mim no café-da-manhã:

Durante a semana passada quando você estava em Stuttgart, deu pra ver que você é o coração da nossa família.

Eu, me fazendo de desentendida:

Como assim, o que você quer dizer com isso?

Ele contrapõe com outra pergunta:

O que é o coração no corpo humano?

Eu dou minhas respostas:

É o único músculo que nunca pára de trabalhar. Bombeia sangue o tempo todo. Recebe coisas ruins e manda coisas boas pra toda parte do corpo.

O Matthias foi categórico:

Nunca mais te elogio de novo…

Hehehehe, que marido mais carinhoso, não é mesmo?


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