Nos últimos dias os bancos da cidade aqui na Alemanha estavam fazendo propaganda do “Weltspartag“, o “Dia Mundial da Poupança”. O propósito é legal: as crianças são convidadas a ir ao banco com seus cofrinhos, colocar suas pratinhas na caderneta de poupança e saem de lá com presentinhos do banco: novos cofrinhos, balinhas, jogos, bichinhos de pelúcia, etc.
Como o Daniel ainda não tinha uma conta no banco, fui ontem com ele, munida de documentos e dos cofrinhos, para o banco local. Mostrei a certidão de nascimento do Daniel. A atendente não conseguia entender o sobrenome duplo do meu filho, muito menos o meu, e menos ainda o fato de eu não ter o sobrenome do meu marido, apesar de ela estar vendo tudo preto no branco no documento à frente de seus olhos. Depois de alguns mal entendidos e perguntas desnecessárias, ela me apresentou os documentos para assinatura e notei que ela tinha esquecido de colocar o número do prédio no meu endereço. Ela prontamente jogou os papéis fora e preencheu os formulários novamente. Da 2a. vez, o erro ainda continuava lá, firme e forte. Ela desistiu e completou o número que faltava com uma caneta. Fui buscar a assinatura do Matthias na loja e voltei pro banco, sentei num saguão de espera e fiquei por lá, folheando uma revista qualquer. Passados uns 15 minutos, fui chamada por um outro funcionário, que foi muito simpático, me fez sentar à frente da mesa dele, buscou um brinquedo pro Daniel, e depois me fez a derradeira pergunta:
– Eu não estou entendendo bem o nome do seu filho, acho que a senhora vai poder me ajudar.
Na altura do campeonato eu já demonstrava desinteresse, pois continuei a folhear a revista trazida do saguão. Ele tinha todos os documentos completos, assinados por ambos os pais, além das cópias da certidão de nascimento do Daniel e da minha carteira de identidade e ainda assim continuava com dúvidas! Ele continuou:
– O nome do seu filho é Santos ou é Xxxx?
Eu respondi:
– É Santos Xxxxx, um nome duplo, como o meu, Xxxxx Santos. É um nome brasileiro, o 1° nome é o nome da mãe e o 2° é o nome do pai.
Pensei: eu já tinha explicado tudo isso antes para a atendente… Por fim, depois de ele estranhamente colocar os mesmos dados no computador que a atendente tinha colocado anteriormente, saio de lá com o livrinho da caderneta de poupança do Daniel em mãos. Comentei com o Matthias sobre o ocorrido, ao que ele, ironicamente, comentou:
– O Daniel deve ter sido o 1° cliente meio-alemão e meio-estrangeiro que o banco daqui atendeu em toda a sua vida!…
Tirando este faux-pas dos atendentes do banco, acho a iniciativa de incentivar a prática da poupança já de pequeno muito boa, já que saber economizar também é algo que se pode aprender e cultivar.
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Roubo e presente inesperado na Alemanha
Fui buscar a Taísa na casa do namorado. Ela estava super feliz, pois acabava de ganhar uma bicicleta de alumínio, levinha e com tudo em ordem, apesar de um pouco velha. Perguntei como isso tinha sido possível e ela explicou que estava andando na rua quando se deparou com uma mulher, empurrando uma bicicleta, que dizia estar levando a mesma pra jogar fora, pois iria mudar para Stuttgart. Ela perguntou se a Taísa queria a bicicleta, assim se via livre dela naquele momento. A Taísa, que acabou de perder a 2a. bicicleta por roubo, ficou radiante com a oferta. Pelo jeito, a senhora ofereceu a bicicleta pura e simplesmente pra economizar tempo, pois como ela disse, se a Taísa aceitasse a bicicleta, não precisaria levá-la até o local específico de entrega de coisas usadas. Eu brinquei com a Taísa que era como se ela estivesse andando com uma placa na testa com os dizeres: “Roubaram minha bicileta. Você tem uma pra me dar?” e seu pedido foi atendido!
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Pedido feito, pedido aceito
E por falar em pedidos, temos que ter muito cuidado com os pedidos que fazemos. Quando roubaram minha carteira, eu afirmei que queria só minhas fotos e pertences pessoais de volta. Pedido feito, pedido aceito. Há algumas semanas atrás a polícia local me ligou informando que tinham achado minha carteira! Eu fui buscá-la, muito feliz com a notícia. O policial me entregou um envelope grande e gordo e eu não entendia por quê. Só fui entender quando o abri: lá dentro encontrei minha carteira aberta, com 4 centavos de euro dentro, junto de alguns pertences pessoais, além de vários documentos espalhados dentro do envelope. Disseram que minha carteira foi achada num jardim, e como tinha chovido nos dias anteriores e a carteira tinha ficado aberta, recuperei tudo, mas grande parte não podia mais ser usada, pois a chuva destruiu fotos, papéis, etc. Ainda assim, recuperei algumas fotos que estavam plastificadas, além de outras coisinhas memoráveis e de valor inestimável para mim. Ainda assim repito: temos que ter muito cuidado com os pedidos que fazemos!